1001 chances.

Sua capacidade de sonhar grande.

A melhor época do ano havia chegado, tornando as ruas de Konoha agitadas, lotadas de risadas e conversas. Ninjas de diversos países, que cursavam os últimos três anos da Escola Ninja, reuniam-se na Vila da Folha para competir em um torneio planejado durante meses.

O Torneio Ninja era a competição mais importante para um jovem representar seu país e mostrar o que sabe fazer. Todos que participavam almejavam o troféu acima de qualquer coisa, ele trazia renome para a família do vencedor, regalias. Seria famoso, com um espaço especial para trabalhar ao lado dos grandes Ninjas. 

Qualquer um que fosse inteligente o suficiente daria seu sangue e alma para ganhar. Fariam qualquer coisa. 

— Como vai sua preparação para o torneio? — Seu irmão mais velho a questionou em meio ao jantar, quebrando o silêncio que sempre dominava o ambiente.

— Vai bem. — Ela respondeu direto ao ponto, não gostaria de prolongar a conversa. 

— Leve a sério, você sabe que isso é importante. — Levantou-se de onde estava, sentado na ponta da mesa. Pôs-se ao lado dela, de pé. — Não há espaços para erros. Você já é grande o suficiente para entender. — Ele disse com seu tom fechado. 

Ela não o respondeu, apenas deu mais uma garfada em sua comida. Havia escutado essas exatas frases diversas vezes, de pessoas diferentes e em ocasiões diferentes. Era perfeitamente cansativo. Respirou fundo, recuperando o ar que havia soltado assim que Tobirama estabeleceu seu corpo rígido ao lado dela. De certa forma, ela temia o irmão mais velho. Era aterrorizante pensar em decepcioná-lo. 

Hanami comeu calmamente. Há meses não havia paz em sua mente, era sempre conturbada, estava sempre trabalhando, pensando, criando planos. Seu corpo sentia-se particularmente exausto com os treinos quase mortais que ela recebia rotineiramente. Sua família levava o Torneio a sério mais que qualquer outra, e era sua vez de ser torturada pelo legado dos Senjus. Ela devia continuá-lo. Não havia espaços para erros, ela já era grande o suficiente para entender. 

— Por que sua família parece ser tão obcecada com isso? — Aisa a perguntou, balançando seus pés soltos na água do riacho. 

— Eles não só parecem como são. — Buscou uma pedra pelo chão apenas para arremessá-la e velar quicar sobre a água algumas vezes. 

— Também não os tiro tanto a razão, quer dizer  — Ela ajeitou a postura, deixando-a reta. — Seus dois irmãos foram vencedores incríveis. Talvez sua mãe só queira que você esteja na mesma prateleira que eles e não seja uma qualquer, uma esquecida. — Ela deu de ombros. 

— Eu não estou dizendo que eles estão errados. — Lançou outra pedra. — Eu quero ganhar, eu treinei para isso o ano inteiro. — Sentou-se ao lado da Haruno, jogando seu rosto para trás, deixando o sol lhe encontrar. — Eu vou ganhar. — Disse com firmeza, convicção. 

— Eu gostaria de ter a certeza que você tem, ou ao menos pensar igual. 

— É fácil quando se é eu. — Ela sorriu ao dizer, olhando para sua amiga. Uma risada não contida saiu de seus lábios, puxando um riso de Aisa. 

Não eram todos os países que tinham o privilégio de disputar o Torneio Ninja, apenas os três melhores durante as classificações levariam seus representantes para competir. Hanami foi uma das escolhidas para formar o time para a classificação, podendo ver de perto um pouco de como seria o Torneio Ninja daquele ano. Algo parecido com o inferno. Era constantemente colocada para chegar aos limites de seu corpo e não reconhecê-los, ela continuava, não importava o quão difícil fosse. As classificatórias eram como um chá da tarde comparadas a verdadeira competição.