A Luz No Escuro- Mike e Vanessa

Distâncias e Proximidades

O dia começou como qualquer outro na casa de Mike. Depois de deixar Abby na escola, ele e Vanessa decidiram ficar em casa. O clima estava agradável, e uma manhã tranquila parecia uma boa ideia.

- Eu tava pensando em dar uma caminhada - sugeriu Vanessa, mexendo em uma velha revista que estava na mesa. - Tá um dia tão bonito.

Mike olhou pela janela, pensativo. Ele não era muito fã de caminhadas, mas, de alguma forma, a ideia parecia mais interessante com Vanessa ao seu lado. Fazia algumas semanas que ela estava ficando com eles, e, nesse tempo, tinham criado uma rotina meio informal juntos.

- Pode ser. Caminhar não vai matar ninguém - ele respondeu, tentando soar casual.

Os dois saíram de casa, andando lado a lado pelas ruas tranquilas. O silêncio entre eles era confortável, uma sensação que Mike não costumava ter com muitas pessoas. Ele se pegava observando Vanessa com mais frequência, reparando nos pequenos detalhes - como o cabelo dela balançava com a brisa leve, o jeito descontraído de andar.

Quando chegaram a um parque próximo, Vanessa parou para olhar o lago.

- Eu sempre gostei de lugares assim - disse ela, com os olhos fixos na água calma. - Era onde eu fugia quando queria esquecer as coisas.

Mike assentiu, ficando ao lado dela. Ele queria dizer algo reconfortante, mas as palavras não vinham. Apenas sua presença parecia suficiente naquele momento.

- Eu não teria conseguido passar por tudo isso sem você e a Abby - Vanessa confessou, virando-se para ele com um sorriso sincero. - Vocês são minha nova família agora, sabe?

- Acho que a gente que deve te agradecer - Mike respondeu, tentando manter o tom sério enquanto desviava o olhar. - Não sei o que seria de nós se... você não tivesse feito o que fez.

Vanessa abaixou os olhos, ainda lidando com o peso do passado. Mike queria dizer algo mais, mas decidiu que, talvez, o silêncio entre eles fosse mais forte que as palavras. Ficaram ali, lado a lado, ouvindo o som suave da água.

De volta para casa, Vanessa sugeriu algo diferente.

- Quer assistir um filme? Faz tempo que a gente não faz isso.

Nos dias que se seguiram desde que Vanessa começou a morar com eles, assistir filmes se tornou uma espécie de tradição. Eles sempre escolhiam algo de ação, o tipo de filme que os dois gostavam. Aquilo já fazia parte da rotina, e a sensação de familiaridade entre eles crescia dia após dia.

- Você escolhe - disse Mike, sentando-se no sofá ao lado dela.

Vanessa escolheu um filme de ação, como de costume. Mike tentou focar na tela, mas, de vez em quando, seus olhos se voltavam para ela. O jeito que Vanessa ria em certas cenas, como parecia confortável ao seu lado... Pequenas coisas que ele não costumava notar antes agora chamavam sua atenção.

Quando o filme terminou, Vanessa se espreguiçou no sofá e sorriu.

- Foi bom, né? A gente precisava relaxar um pouco.

- Com certeza - respondeu Mike, tentando disfarçar qualquer emoção diferente.

Logo depois, Abby entrou correndo pela porta. Ela largou a mochila no chão e, ao ver os dois juntos no sofá, não perdeu a oportunidade de provocar.

- Ah, lá vai o casalzinho de novo! - brincou Abby, rindo. - Cuidado, Mike, vocês vão acabar namorando!

Vanessa riu da brincadeira, mas Mike passou a mão no rosto, claramente desconfortável.

- Abby, para com isso - murmurou ele, tentando disfarçar o embaraço.

- Ah, relaxa, é só uma brincadeira! - Abby disse antes de correr para o quarto.

Vanessa ainda ria suavemente, mas ao notar o rosto vermelho de Mike, tentou amenizar a situação.

- Não liga pra ela, Mike. A Abby só gosta de nos zoar.

- Eu sei, mas às vezes ela exagera... - respondeu ele, um pouco mais calmo, mas ainda incomodado.

Vanessa sorriu, e Mike percebeu como aquele sorriso trazia uma estranha tranquilidade. Era confuso, e ele não queria pensar muito sobre isso. Pelo menos, não por enquanto.

A tarde continuou tranquila, e, com o passar do tempo, tanto as provocações de Abby quanto os sentimentos sutis de Mike pareciam fazer parte do cotidiano. Aos poucos, algo crescia entre eles, mesmo que nenhum dos dois estivesse disposto a admitir.