prólogo

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— Yuji!

Olhos estreitos e curiosos escaneiam o quarto ao entrar. A outra garotinha está esparramada no chão, agora entusiasmada. Ela se coloca de pé, as mãozinhas ajustando os óculos de maneira desajeitada sobre o nariz.

— Você cresceu de novo? — pergunta Minjeong, a cabeça inclinando-se para o lado ao analisar Jimin da cabeça aos pés.

— Não sei. — A mais alta dá de ombros. — Não foi você que diminuiu?

As sobrancelhas de Minjeong se unem por trás da franja. Dando um passo à frente, ela se sustenta na ponta dos pés para desferir um peteleco na testa de Jimin.

— Ai! — Jimin reclama, quase num choramingo. Imediatamente massageia a cabeça com as duas mãos. — Por que você fez isso?

Não há resposta. Minjeong sempre teve essa mania de não responder algumas coisas, mesmo que tenha ouvido claramente, e que também tenha o que falar.

As mãozinhas da mais baixa acomodam o rosto de Jimin e ela se ergue novamente para deixar um beijo onde há poucos segundos acertou com o dedo.

— Vai parar de doer agora.

O aperto nas bochechas de Jimin faz com que seus lábios fiquem projetados em um biquinho de peixe, o que faz Minjeong soltar uma risada. Jimin não entende o motivo, mas sorri mesmo assim.

— Eu vim mostrar meu brinquedo novo — declara Minjeong, afastando-se um pouco.

Jimin tenta espiar se Minjeong está carregando algo, mas suas mãos e bolsos parecem estar vazios:

— Cadê?

O rosto da mais baixa se contorce em confusão por um instante e então ela esconde as mãos dentro dos bolsos.

— Eu esqueci em casa.

— Ah. — O silêncio se faz presente por um momento. — O que era?

— Um Homem-Aranha. Ele é desse tamanho assim... — Minjeong gesticula com as mãos diante do rosto de Jimin. — Maior que a sua cabeça. É maneiro, Yuji. Eu vou tentar subir no telhado junto com ele e pular na árvore!

— Não é perigoso? — pergunta Jimin, franzindo a testa. Quando Minjeong compartilha suas ideias mirabolantes, elas quase sempre soam estranhas e arriscadas; fazem Jimin se sentir um tanto nervosa, porque só de imaginar Minjeong se machucando, uma sensação ruim causa um aperto em seu estômago.

Ela já viu Minjeong se meter em encrencas e se machucar muitas vezes, mas nunca conseguiu se acostumar. Por mais que ela seja maior, é uma fracote. E, também, por mais que Minjeong seja mais ágil, corajosa e durona, Jimin gostaria de poder protegê-la. Assim como a gravidade dos planetas maiores protegem os pequenos ao redor deles de serem atingidos por asteroides e outras coisas que vagam pelo universo — foi o que ela aprendeu através de seu novo livro sobre astronomia.

— Não, eu não vou cair — responde Minjeong, o queixo levantado com confiança.

Por mais que Jimin não acredite, apenas concorda com a cabeça. Ela gostaria de poder ter uma novidade legal para contar também, mas seu dia foi quieto e entediante como de costume: após a escola, tomou banho e almoçou. Então, deitou em sua cama e leu por um tempo. E, após fazer suas tarefas de casa, foi ler de novo. A única coisa fora da curva foi quando Wonbin, seu irmão mais velho, desordenou todos seus livros na estante de propósito, o que a deixou nervosa e chateada por algumas horas.

— Yuji.

Minjeong puxa sutilmente a manga da blusa folgada de Jimin para chamar sua atenção, não largando mesmo após ter os olhos dela em si.

relação orbital (jiminjeong)Onde histórias criam vida. Descubra agora