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Berkshire, Inglaterra;
10 de setembro de 2010.

─ Você viu o desenho? ─ William questionou repentinamente para Jamie, após permanecer em silêncio desde quando havia adentrado o carro. ─ Perdão? ─ Jamie questionou parecendo um pouco surpreso e olhou para William com um olhar confuso.

─ Aquilo que aquela mulher estava segurando, era um desenho, não era? ─ Ele explicou com a esperança de que Jamie soubesse mais do que ele. ─ Aquela paciente com distúrbios mentais? Eu não sei... não vi direito. Acredito que era apenas um caderno. ─ Jamie respondeu tranquilamente.

─ Como você não viu direito? ─ William franziu. Não era aquela resposta que ele esperava e desejava ouvir. ─ Eu sou apenas seu secretário privado, acredito que problemas como esses são da conta do escudeiro. ─ Jamie deu os ombros, ainda demonstrando tranquilidade. Ele trabalhava com William tempo suficiente para não ter que pensar antes de dar respostas à ele, o que William gostava, mas naquele momento, o deixou impaciente.

─ Você acha que ele viu alguma coisa? ─ Ele questionou, e o olhar de Jamie voltou a parecer confuso. ─ O escudeiro, Jamie. ─ William completou e respirou fundo.

─ Ah, eu não sei. Acredito que não. Quem estava mais próximo da mulher era você. ─ Jamie deu os ombros novamente. William não se importava que sua equipe respondesse formalmente à ele quando eles estavam sozinhos, e talvez era essa certa proximidade que fizesse as coisas funcionarem perfeitamente bem. ─ Eu pensei que você fosse fofoqueiro. ─ William murmurou e olhou para a janela.

─ Bem, eu diria que sou mais curioso. ─ Jamie disse calmamente. ─ E onde está essa curiosidade toda quando precisamos dela? ─ William retrucou e voltou o seu olhar para o secretário.

─ Era apenas um desenho. ─ Jamie disse.
─ Então você viu o desenho. ─ William afirmou.
─ Talvez. ─ Jamie respondeu.
─ Eu poderia te demitir por esconder coisas ao meu respeito de mim mesmo. ─ William retrucou.
─ Mas você não vai. ─ Jamie afirmou.
─ Talvez. ─ William respondeu, e acrescentou:

─ Mas o que era aquele maldito desenho afinal? ─ Ele murmurou dessa vez. ─ Eu realmente não vi direito. Era um menino, estava apenas o rosto dele ali. ─ Jamie contou, e então os pensamentos de William voltaram para o momento em que ele se deparou com aquela mulher e aquele desenho.

─ Por que isso importa tanto? Se eu posso perguntar. Você nunca foi muito fã de artes até então. ─ Jamie questionou e então William respirou fundo. ─ Eu não sei. Acho que tudo foi muito inesperado... ─ William disse honestamente.

Aquela mulher parecia jovem, talvez ela era até mesmo mais jovem do que ele. Ela tinha toda uma vida pela frente, e já havia passado uma década ali, no mesmo lugar, presa em um quarto minúsculo.

O fato de ela desenhar com frequência mostrava que ela ainda tentava se expressar, apesar das alucinações e dos distúrbios. Ela ainda era uma pessoa, ainda era um ser humano, assim como todos os outros pacientes.

Entretanto, ela o conhecia. Sabia o nome dele.

William não era especialista naquele assunto, mas duvidava que as alucinações a tivessem feito saber o nome dele, e todos ali se referiam à ele apenas como "Sua Alteza", mas ela não.

─ É mesmo intrigante. ─ Jamie comentou baixinho, e por um momento, William pensou que ele estivesse lendo a sua mente. ─ O que? ─ Ele questionou franzindo, apenas para ter certeza.

─ Aquele desenho... e ela saber seu nome. Eles têm televisão ali? ─ Jamie perguntou, e então William pensou por um momento. ─ Não. Eu acho que não. ─ Ele respondeu.

Love amid Chaos.Onde histórias criam vida. Descubra agora