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Hospital Psiquiátrico Broadmoor,
Berkshire, Inglaterra;
11 de setembro de 2010.

Escutar o nome dele sair dos lábios de Catherine teve um efeito diferente. Não era incomum que pessoas desconhecidas soubessem o nome dele, mas o fato de Catherine ter passado dez anos ali e ainda saber quem ele era era algo que ainda o deixava surpreso.

William permaneceu em silêncio por um momento, e então, pôde sentir o olhar de Jamie nas costas dele, porém a atenção de William permaneceu em Catherine.

─ Isso... William, esse é o meu nome. ─ Ele disse baixo, e então, o olhar de Catherine retornou para o vazio, e a mesma voltou a ficar imóvel. ─ Você sabe algo sobre mim? ─ William acrescentou, desejando que ela pudesse lhe dar uma resposta novamente, ao menos uma palavra sequer.

Porém, o cômodo foi mais uma vez preenchido por um longo e torturante silêncio.

William respirou fundo e continuou a observando, e então, ele enfim notou que agora o olhar de Catherine não estava no chão, mas sim no caderno jogado no canto do quarto.

─ Eu posso ver? ─ William hesitou, porém questionou com o tom de voz baixo. Em seguida, seus batimentos cardíacos aceleraram quando o olhar de Catherine se encontrou com o dele. Era um olhar vazio, porém profundo, e William sabia que aquele olhar dizia muito.

Naquela altura, ele não esperava que ela dissesse algo complexo, nem mesmo um "sim, você pode". Todavia, o mesmo hesitou novamente ao se levantar, se aproximando com cautela do caderno antes de pegá-lo do chão, ajeitando as folhas amassadas.

─ Não estrague as folhas, elas já estão sufocadas... ─ As palavras saíram suavemente dos lábios de Catherine, mas estavam acompanhadas de apatia e profundidade. Aquilo surpreendeu William, e assim que ele olhou para ela novamente, encontrou mais uma vez o olhar dela nele. Catherine não havia mudado de posição, suas pernas ainda estavam sobre a cadeira e seus braços ainda estavam abraçando o seu próprio corpo, entretanto, o rosto dela havia se erguido um pouco mais ao olhar para William.

─ Eu não tenho a intenção de estragá-las... você quer ele de volta? ─ Ele sequer olhou para o que havia naquele caderno. Naquele momento, o desenho misterioso sequer importava mais. William não faria nada contra a vontade de Catherine, e se aproximou dela sem hesitação dessa vez, porém com cautela.

Catherine não disse nada novamente, deixando com que o silêncio tomasse conta do ambiente mais uma vez. William estendeu o caderno na direção dela, que por um momento, permaneceu imóvel.

Por meio de um movimento repentino, Catherine estendeu a mão trêmula e pegou o caderno, o colocando contra si e o abraçando enquanto abraçava o seu próprio corpo novamente.

─ Eu não vou te machucar... eu prometo. ─ William estava um pouco confuso, mas queria deixar claro que ele não estava ali para fazer qualquer coisa que pudesse a magoar ou a machucar. Com lentidão e hesitação, o olhar de Catherine se fixou na mão de William, que por sua vez, se manteve imóvel.

─ Você é real... ─ Catherine sussurrou assim que a sua mão fria se encontrou com a de William, encostando receosamente apenas nos dedos dele. O mesmo não se moveu ou afastou sua mão, apenas a observou por mais alguns instantes. ─ Você pensou que eu não fosse? ─ Ele sussurrou, um nó se formando em sua garganta enquanto ainda observava Catherine, não desviando o olhar. William não tinha ideia de como aliviar a dor que via, e tudo o que ele sabia é que ninguém merecia estar em tal situação.

─ Às vezes... o que é real parece um sonho. E os sonhos... parecem a única verdade. ─  Catherine sorriu de maneira quase imperceptível, seus lábios apenas dando uma leve esticada, enquanto seus olhos permaneceram vazios. William apertou levemente os dedos dela, sem saber como responder, mas querendo oferecer alguma conexão, por mínima que fosse. Ele queria mostrar que estava ali para a ajudar, independentemente da situação.

Love amid Chaos.Onde histórias criam vida. Descubra agora