Capítulo 6

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Regulus Black estava muito confuso.

Num momento, ele estava em uma caverna sepulcral com seu irritante elfo doméstico tentando fazer sua parte para impedir um sádico hipócrita de se tornar Ministro da Magia. E então ele havia sido morto por uma horda de inferi. Ou pelo menos, era isso que ele supunha que aconteceu no momento entre o dito assassinato e desaparecer da existência.

Mas aparentemente ele ainda não tinha sido morto. E, pelo que conseguia juntar do que ouvia e sentia no ambiente ao seu redor, ele basicamente viajou no tempo, ou pelo menos para outro universo onde seu irmão mais velho estava velho e vivendo na casa de sua infância. Então havia um Malfoy ríspido e pontiagudo que não era Lucius e... droga.

Jamie. Não Jamie. Filho do Jamie? Tinha que ser. Argh, e ele o beijou. Alguém que não era Jamie. Oh Merlin. Regulus sentia falta de James Potter como sentiria falta do próprio coração se este fosse arrancado de seu peito de repente. Já fazia tempo demais desde o último encontro deles antes de Regulus encontrar o medalhão da Sonserina, e mesmo que para ele não tivesse passado tempo algum desde então, de alguma forma ele ainda sentia dezenove anos de saudade de Jamie o esmagando.

Ele ainda não tinha certeza do que aconteceu com seu amado companheiro, mas ele supôs que, como pelo menos cinquenta por cento dos malditos Marotos estavam ali sem ele (ele ainda não tinha percebido o cheiro do beta lamuriento de Pettigrew, então parecia provável que ele também não estivesse lá)... bem. Regulus não estava otimista, mas ele fazia o seu melhor para não pensar sobre isso. Ele tinha certeza de que seu coração desfaleceria se contemplasse a conclusão mais lógica desse pensamento. E ele não ousava verificar o vínculo. Regulus não sabia se poderia suportar.

Talvez o idiota adorável estivesse apenas em alguma espécie de aventura heróica relacionada à guerra e voltaria a tempo para o chá. Era possível esperar. Mas a esperança não era tão útil no caso de Regulus, não era? Mesmo quando ele se esforçava para tentar ajudar a fazer as coisas certas, tudo ainda acabava indo por água abaixo.

Regulus sabia que estava deitado em seu quarto de infância e, quando verificou pela última vez, seu coração ainda estava lá, batendo, contra todas as probabilidades. O restante de seus órgãos parecia estar intacto também. Embora continuasse a alternar entre a consciência e a inconsciência, os efeitos do veneno do Lorde das Trevas pareciam estar diminuindo, o que era um alívio. Ele estava bem certo de que, se os malditos inferi não o tivessem pego, aquela maldita poção teria sido o fim dele com certeza.

De vez em quando, alguém vinha e lhe dava poções curativas e restauradoras ou o ajudava a beber um pouco de água, mas ele estava rapidamente ficando cansado desse interminável estado de espera. Ele não tinha passado tempo suficiente no purgatório já? Tudo bem, talvez ele não estivesse consciente do tempo passando até recentemente, mas era uma questão de princípio!

"Papai, você acha que ele está bem o suficiente para acordar? Eu realmente quero falar com ele." Regulus teria revirado os olhos se não estivesse totalmente imóvel e incapaz até de abri-los. Se tivesse um siclo para cada vez que pegou Lupin transando com o irmão dele, ele seria um bruxo muito rico... uh, ainda mais rico. Ele supôs que algumas coisas nunca mudavam.

"Vamos ver, Siri." Regulus ouviu Lupin murmurar as palavras para alguns feitiços diagnósticos e tentou acessar qualquer vestígio de paciência que lhe restava após dias preso em seu próprio corpo. "Oh, ele está acordado, na verdade. Só tenho que conjurar o contra-feitiço para o petrificus."

Assim que a maldição foi removida, suas pálpebras finas não eram mais proteção suficiente; a luz brilhante da janela atingiu sua cabeça e ricocheteou, causando estragos e fazendo Regulus gemer, imediatamente levando as mãos ao rosto para protegê-lo. "Desculpe, desculpe Reggie." Uma cortina foi puxada e então ele sentiu a cama afundar e o cheiro floral familiar de Sirius lhe faz cócegas no nariz. "Siri," ele crocitou, testando as cordas vocais doloridas.

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