1/3 A lista e sua primeira missão

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Julie

Estava sentada à mesa da cozinha, na frente dos meus pais, tentando explicar tudo sobre a lista que Karen havia deixado e pedir permissão para começar a cumprir sua primeira missão. O ambiente estava pesado, cheio de incertezas, e eu sabia que não seria fácil convencê-los.

— Uma viagem de carro, você e aquele menino, sozinhos? — meu pai perguntou, surpreso e com um olhar desconfiado.

O primeiro item da lista de Karen era claro: pegar o carro e fazer uma viagem para o interior, passando quinze dias hospedada na fazenda dos avós dela. Eu sabia que essa missão seria um teste, tanto para mim quanto para Andrew.

— A tia Fabiana vai junto — tentei argumentar.

Minha mãe, que até então havia permanecido em silêncio, se mostrou igualmente preocupada.

— Mesmo assim, Julie... você vai ficar lá por 15 dias, só você, ele, os velhinhos e a Fabiana — disse minha mãe, com uma voz cheia de apreensão.

Eu entendia a preocupação deles. Andrew tinha 19 anos e eu, 17. Além disso, a ideia de nós dois viajando juntos, sozinhos na maior parte do tempo, certamente não ajudava a acalmar os ânimos.

— Não vejo problema nisso, mãe — respondi, tentando manter a calma.

— Julie, ele é maior de idade e você ainda é uma menor. Vocês dois, juntos, por aí, tentando cumprir essa lista... isso não vai dar certo — meu pai rebateu, com firmeza.

Respirei fundo, sabendo que precisaria ser sincera. Sabia que meus pais estavam com medo, mas essa missão não era sobre aventura ou irresponsabilidade. Era sobre honra, sobre cumprir o último desejo da minha melhor amiga, a pessoa que esteve ao meu lado em todos os momentos difíceis da minha vida.

— Pai, eu já estou quase fazendo 18 anos, e sempre fui responsável. Vocês sabem disso. Além do mais... eu perdi minha alma gêmea. Minha parceira, minha melhor amiga, minha irmã. E por mais doloroso que isso seja, essa lista me dá uma chance de fazer algo por ela, de mantê-la viva nas nossas memórias. Então, por favor, me deixem fazer isso por ela — implorei, com a voz embargada, mas firme.

O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Minha mãe olhou para o meu pai, ambos trocando olhares como se estivessem discutindo em silêncio. Depois de alguns minutos, que pareceram uma eternidade, eles finalmente cederam. Mas não sem impor suas condições.

— Tudo bem, Julie — disse minha mãe, suspirando. — Mas você vai seguir algumas regras. Nada de sair sozinha à noite, mantenha contato constante conosco, e respeite os horários e limites. E mais importante, mantenha sua cabeça no lugar.

Meu pai, ainda hesitante, acrescentou:

— Eu vou confiar em você, mas isso significa que qualquer deslize e você volta na hora. Entendeu?

Assenti, aliviada por terem me permitido seguir com a viagem, mesmo que sob certas condições. Esse era o primeiro passo para honrar a memória de Karen, e eu faria de tudo para que fosse perfeito. A lista, para mim, não era apenas uma sequência de tarefas; era um caminho para encontrar cura e significado em meio à dor.

Enquanto subia para o meu quarto, coração batendo acelerado, já me preparava mentalmente para o que estava por vir. A viagem para a fazenda dos avós de Karen era apenas o começo de uma jornada que eu sabia que mudaria a minha vida e a de Andrew para sempre.

Andrew

Minha mochila estava encostada na porta, pronta, assim como eu. O quarto parecia mais vazio do que o normal, mas talvez fosse só o nervosismo. Olhei ao redor uma última vez antes de pegar o bilhete que havia deixado para a minha mãe, bem em cima da mesa de jantar.

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⏰ Última atualização: Oct 09 ⏰

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