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Um pouco sobre Eduardo Beaumont e seu café terrivelmente ruim.

...

NA ENTRAVA DA SUITE tinha uma cômoda encostada na parede com um abajur e um vaso de rosas, do outro lado dois grandes quadros com fotos suas, creio que seja o seu lançamento como modelo. Andei mais um pouco e dei de cara com um um sofá ENORME vermelho vinho, um tapete que cobria a sala inteira também dessa mesma cor e encostada na parede em frente ao sofá se encontrava uma televisão em um grande painel branco totalmente chique.

— Você espera um minuto para eu vestir uma roupa mais descente? — Ele perguntou coçando a nuca.

— Ah, claro. — Eu sorri meio vergonhosa, ele então disse "Fique a vontade a escolher o lugar melhor para a entrevista, já volto."

Então analisei o local e perto da porta do quarto tinha uma mesa para dois com uma toalha de crochê e uma duas xícaras e no centro uma jarra de chá. Tirei meu blaser e pendurei no cabideiro que tinha do outro lado da porta do quarto, me sentei a mesa, e esperei o astro do cinema voltar.

— Gosta de chá? — Ele surgiu do nada, levei um susto interno.

— Prefiro café. — Respondi, pareceu grosseiro então adicionei: "Mas gosto sim de chá." E sorri tentando ser simpática.

Pensa no emprego, pensa no emprego.

— É seu dia de sorte pois fiz café hoje antes de ir até a piscina. — Ele sorriu sacana, daquela forma sedutora que todos esses artistas sorriem. E depois foi buscar o café na pequena cozinha que tinha perto da sala, só conseguia pensar o quanto esse "quarto de hotel" era gigante. Vida de artista é mole hein! Quando eu me hospedo em hotéis é só um quarto com um banheiro, mas aqui é literalmente uma casa de solteiro.

— Espero que você não tenha problema com açúcar, eu coloquei no café... — Ele disse sendo atencioso e servindo o café na xícara para mim.

— Problema eu teria se não tivesse açúcar! — Brinquei e ele riu. Tomei um gole do café e definitivamente essa não é a especialidade dele, que café ruim. Torci para que ele não perguntasse o que achei do gosto, não quero ter que mentir, não gosto de mentir, por mais que eu esteja controlando minhas caretas a cada gole que dou nisso.

— Bom, vamos começar? — Ele disse se sentando na minha frente. Dei o último gole segurando a careta que queria se formar em meu rosto, dei um sorriso para disfarçar e acenei com a cabeça.

Ele começou a me contar como começou sua carreira, teatro da escola, teatros maiores, testes para pequenos personagens em filmes até se tornar o fenômeno do cinema que é hoje. Como foi para sua família aceitar sair de Toronto e se mudar para Los Angeles e agora terem uma vida totalmente diferente e muito mais aberta ao público.
A conversa fluía tão bem que até me esqueci que estava dando uma entrevista, e acho que ele também esqueceu que estava sendo entrevistado. O mais interessante é que agora ele quer entrar para música também, e que é um ótimo compositor, (palavras dele) já que não pude ver suas composições mas logo ele mostraria ao mundo, e contou que isso começou agora que está se preparando para um musical. E se passaram minutos, uma hora, duas horas até que nos demos conta do tempo.

— Caramba, nem percebi o tempo passando! Preciso estar na Schneider daqui alguns minutos! — Eu disse totalmente desesperada. Ele só conseguia rir, o que me irritou um pouco.

— Calma, eu te levo. — Disse com aquele tom de voz meio rouco, parecia que todos os artistas falavam assim como se fosse um curso antes de se tornar famoso.

— Mas e o motorista que me trouxe? — Perguntei imaginando se o moço ainda estaria me esperando na frente do hotel.

— Acho difícil ele estar aqui depois de tantas horas, tomei muito seu tempo. Perdão.

— Acho que essa fala deveria ser minha não? O senhor agenda cheia aqui é você. — Brinquei e ele sorriu.

— Espero ter mudado um pouquinho sua opinião sobre os artistas. — Ele disse seriamente.

Sobre você, talvez. — Falei enquanto pegava meu blaser pendurado e vestia novamente.

— Vou levar isso como um elogio. — Ele pegou as chaves de sua BMW em cima da mesa. — Pronta? — assenti com a cabeça.

Rapidamente chegamos no lindo carro de Eduardo Beaumont, só fico imaginando o quanto Ella vai surtar quando souber disso.
Ela meio que se tornou fã dele depois do filme que assistimos e ele era o protagonista.

— Pensando no que? — Ele perguntou olhando pra mim e depois focou na estrada novamente com uma mão apenas no volante e a outra em seus cabelos.

— Eu assisti seu filme, com a minha amiga da faculdade...

— Faculdade? Quantos anos você tem?

— 19. Terceiro semestre de jornalismo.

— E já está com esse emprego?! — Ele disse bem surpreso.

— Pois é. — Sorri meio sem graça já que não queria dizer que meu contrato provavelmente iria depender dessa matéria sobre ele.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, até que ele suspirou, limpou os lábios e indagou com total interesse.

— E por que escolheu esse curso?

— Bom, desde nova eu sempre gostei de participar de tudo que envolvia escrita na escola, já ganhei prêmios e fiz parte do jornal...— Ele me olhava com tanto interesse em saber da minha história que minhas bochechas ficaram rosadas. — Escrever faz parte da minha vida desde quando me conheço por gente, fazer isso continuar presente aqui é excepcional.

— Esse curso foi feito pra você então. — Ele sorriu me encarando, mas depois balançou a cabeça e se deu conta que estava dirigindo. — E quais são as disciplinas?

— Algumas das principais são: Teoria do Jornalismo, Fotojornalismo, Redação, Jornalística, Telejornalismo, Jornalismo Digital e Cibercultura, Produção Audiovisual, Ética e Legislação Jornalística, Fundamentos das Ciências Sociais, História da Mídia e Jornalismo de Dados e Algoritmos...

— Sua favorita?

— Redação e Fotojornalismo.

— Não vai me dizer que tem uma câmera aí com você! — Ele brincou, eu ri e abaixei a cabeça dando a entender que eu tinha sim. — Me sinto na obrigação de permitir que você tire uma foto minha de lembrança. — Brincou se gabando.

— Ah claro, alteza... — Brinquei revidando, enquanto tirava a câmera da bolsa. Apontei para ele e tirei a foto. — Vai estar na capa da revista agora.

— Maldade! Isso é injusto! — Ele me fuzilou brincando e eu ri, nem percebi que estávamos muito perto de chegar até que ele estacionou o carro. — Chegamos. — Enquanto eu guardava minha câmera na bolsa ele desceu do carro e abriu minha porta para mim. O encarei por alguns segundos pensando nisso. — O que foi?

— Nada. — Disse meio nervosa. — Só estava repassando na minha cabeça e vendo se não esqueci nada.

— Se esqueceu eu mando alguém entregar aqui, não se preocupe.

— Obrigada. — Sorri. — Admito que entrevistar você foi uma surpresa. — Estiquei as mãos para um cumprimento.

— Por mais entrevistadoras como você. — Ele retribuiu meu cumprimento.

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⏰ Última atualização: Nov 15 ⏰

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