Paris estava esquisitamente calma.
O clima estava úmido e agradável. Provavelmente naquela noite choveria, uma chuva tranquila, daquelas em que você pode dormir ouvindo o som das gotas gordas caindo no telhado. Os carros que passavam na rua faziam barulhos suaves das rodas raspando no asfalto.
Marinette andava de um lado para o outro com a pequena coisa loira em seus braços, que resmungava como um velho rabugento enquanto a mãe dava leves batidinhas nas pequenas costas. Emma era leve como uma pena, e emanava um calor bom, que fazia com que Marinette não quisesse soltá-la nunca.
Mas agora, a morena estava preocupada, olhando para o relógio a todo momento e mordendo os lábios com força. A mulher levantou a cabeça e soltou uma lufada de ar forte, voltando seus olhos para a grande janela que dava para a sacada do quarto do casal.
— Cadê você, gatinho? — disse para si mesma, com um tom ansioso. — Já passa das onze e você não chega.
Emma respondeu com um grunhido e um sorriso para a mãe.
— Não é, amor? — murmurou, encostando o nariz no de sua bebê. — Cadê o gatinho da mamãe?!
Marinette levantou a cabeça quando ouviu a porta sendo aberta por uma figura de roupa preta, que sorriu charmoso para a Dupain-Cheng parada no meio do quarto.
— Boa noite, Milady — a voz arrastada e rouca fez um arrepio percorrer a espinha da mulher, e o coração dela bateu de ansiedade. Estava morta de saudades do seu gatinho, mas não diria isso a ele. Pelo menos, não agora. — Está sozinha esta noite?
— Humm, na verdade... — Sorriu, achando graça do gato preto. — Estava esperando meu marido, mas, se ele não chegar, eu penso no seu caso.
O loiro passou as garras da luva pelos cabelos compridos, prendendo as mechas com um elástico vermelho que estava em seu pulso, e fez um biquinho irritado para a mulher.
— Não achei graça — resmungou, chegando cada vez mais perto, dando pequenos passos até Marinette. — Quer dizer que, quando o gato sai, a joaninha faz a festa?
— Bem que eu queria fazer uma festa, mas a única que gosta de ficar acordada até tarde é essa coisinha aqui — Marinette disse, pegando na pequena mãozinha da filha. — A Tikki desistiu há uma hora, quando a Emma tentou colocá-la na boca.
A Kwami se encontrava deitada no travesseiro da cama de casal, dormindo profundamente um sono merecido, depois de entreter Emma por algumas horas enquanto sua portadora dormia.
— Coitadinhas — Chat Noir falou com escárnio. — Eu quase indo para a vala lutando em Nova York, e você lutando contra o sono, mon amour.
O loiro pegou a bebê dos braços de Marinette e a aninhou junto a si.
— Da próxima vez, eu vou no seu lugar, loirinho — Marinette aproximou-se dos dois e roçou seus lábios lentamente nos do herói. — Não pense que você vai escapar da próxima vez.
— Eu nunca fugiria de vocês, Milady — o sorriso do loiro aumentava a cada brincadeira da morena — ainda mais no nosso aniversário de casamento.
— Ah, era hoje? — Fingiu espanto, levando as costas da mão à testa. — Eu nem me lembrava.
Ele passou o braço esquerdo pela cintura dela, fazendo com que a distância entre eles fosse apenas o pequeno corpo de Emma.
— Mas eu lembro! Saí correndo de Nova York para chegar até aqui a tempo de te pegar acordada, amor — ele se abaixou até que seus lábios estivessem próximos aos dela, fazendo com que a ansiedade de possuir os lábios dele fosse ainda mais necessária. — Estou há três dias sem ver minha mulher e minha filha, e ainda mais hoje, que é nosso dia especial. Eu preciso do seu corpo tanto quanto eu preciso respirar. Qualquer movimento seu já me deixa maluco, acredite.
Os olhos verdes brilhavam como duas esmeraldas ao encararem a morena; havia malícia e um desejo desesperado pela mulher à sua frente. O corpo todo ardia por ela, gritava por ela. Ele queria ela.
Marinette sorriu, respondendo às súplicas do marido.
— Nós ainda temos tempo de brincar a noite toda, você só precisa fazer a nossa pequena Emma dormir, Adrien — as mãos dela viajaram pelo traje preto, traçando o caminho desde o tórax até a nuca dele — enquanto a mamãe aqui vai tomar um banho — sussurrou, trazendo-o cada vez mais para perto de sua boca rosada.
Ela sentiu a respiração dele falhar, divertindo-se com o desespero carnal do mais alto. Ela também estava louca por ele, mas, claro, tiraria proveito da situação. Antes de tudo, adorava brincar com o coração do gatinho. Ela tirou as mãos de cima do cônjuge para ter menos risco de ceder a ele.
Mari beijou a bochecha macia de Emma e deu as costas a Chat Noir, andando lentamente até a saída do quarto, tendo certeza de que, ao caminhar, rebolaria lentamente para atordoar o homem de preto que segurava a pequena bebê loira em seus braços.
— Eu vou com você — Adrien foi andando atrás da mulher, meio atordoado.
— Só quando a Emma dormir, gatinho.
Adrien ficou de boca aberta, babando pela esposa que acabara de sair do recinto. O pai levantou a filha, segurando-a pelo corpinho rechonchudo e quentinho, encarando os olhos azuis que ela herdara da mãe.
— Você bem que podia dormir para ajudar o papai, né?
Emma só riu, tentando, sem sucesso, pegar o sino no colarinho de Chat Noir. O coração de Adrien derreteu apenas com o sorriso daquela coisinha fofa. Emma era claramente muito mais perigosa, e muito mais capaz de manipular o pai do que Marinette Dupain-Cheng jamais seria.
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Ma Petite Emma
FanfictionEm uma noite parisiense estranhamente calma; Marinette espera seu gato preto voltar de uma missão em NY, enquanto tenta fazer Emma dormir.