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*° ☆ °*

Poucas semanas se passaram e Hansol e eu estávamos saindo todos os dias. Nós simplesmente não conseguíamos cansar um do outro. Nós descíamos para a praia com Mingyu, ou íamos ao nosso Montauk completamente sozinhos. Algumas noites ficávamos acordados até o sol nascer, só conversando. Eu pude conhecer seus pais e sua irmãzinha, Sofia, e eventualmente ele conheceu meus pais e minhas irmãs também.

Este momento foi e ainda é um dos mais preciosos para mim. Lembro você novamente, leitor, que você não está ciente do momento em que estou escrevendo isso, e ainda não vou te contar. Mas em uma noite, no começo de agosto, eu e Hansol tivemos uma conversa que até hoje ainda ecoa na minha mente.

Eram por volta de umas seis ou sete da noite e estávamos deitados na cama dele. Nossos olhos estavam fechados, mas não estávamos dormindo. Quando você fica realmente próximo de alguém, você chega a um ponto onde palavras não são necessárias. Ficar em silêncio um com o outro se torna uma das melhores atividades.

De repente, Hansol se vira para mim.

— Seungkwan? — ele sussurra. Abro meus olhos e me viro para ele também.

— O quê? — pergunto com um sorriso.

— Isso vai parecer meio estranho, mas só me escute, ok?

— Ok — eu respondo.

— Se um dia eu deixar de existir, não sei, talvez se eu morresse ou desaparecesse completamente. Mas seja qual for o motivo, se esse dia chegar, Seungkwan, quero que você se lembre de mim como um horário do dia.

— Como assim? — indago.

— Eu quero que você me veja à noite. Quero que você me veja enquanto o sol se põe e o céu estiver em chamas. Quero que o meio-dia seja o meu oi, e o horizonte seja a minha despedida. Quero que você pense em mim ao anoitecer. Quero ser a última coisa que você vê antes de escurecer. Eu quero que você sempre se lembre de mim. Você vai se lembrar que eu existi e que fiquei ao seu lado, tipo agora?

Lágrimas começam a descer pelo meu rosto.

— Por que você diz isso? — murmuro através das minhas fungadas. Ele levanta a mão para enxugar as lágrimas do meu rosto.

— Não sei — ele diz. — Eu só penso nisso às vezes.

— Eu não conseguiria imaginar você não existindo, Hansol — choramingo.

— Você viveu uma vida antes de mim, Seungkwan, e com certeza vai viver uma depois.

— Eu nunca vou querer viver uma vida sem você. Nunca — digo.

Hansol segura meus quadris e me puxa para mais perto, até nossos narizes se tocarem.

— Então vamos torcer para que esse dia não chegue nunca — ele sussurra.

Ele beija a ponta do meu nariz, e eu descanso minha cabeça onde seu ombro encontra sua clavícula. Eu consigo escutar seu coração através de seu peito, e o ritmo é calmo. A respiração dele sopra o cabelo na minha cabeça. Nossos braços estão intrincadamente entrelaçados enquanto nos deitamos em uma das últimas noites do verão.

Às vezes é cruel como a vida nos pressiona, deixando momentos como esses no passado. Nós como humanos temos um falso senso de controle, mas o tempo domina tudo. Eu nunca vou ter quinze anos e deitar nos braços dele de novo igual agora. Esse momento era único, mas ao mesmo tempo, era para sempre.

Eu sempre vou ver a luz dourada em sua pele enquanto ele me abraça e ouvir como o seu coração bate só com uma conversa honesta.

Eu queria, pelo menos uma vez, poder parar o tempo e viver um momento pelo tempo que eu quisesse. Mas acho que, se esse fosse o caso, eu ainda teria quinze anos, e continuaria sendo agosto para sempre.

E Hansol. Hansol. Ele seria para sempre um retrato da adolescência do que o amor poderia ser. Um retrato que está pendurado no quarto de hóspedes da minha casa; o único item que poderia preencher um quarto por conta própria.

De repente, sinto a mão de Hansol se movendo do meio das minhas costas até a parte inferior delas. Meu rosto fica vermelho instantaneamente. Olho para ele, o sol iluminando seus olhos castanhos e fazendo-os brilharem como diamantes. Ele suavemente segura meu queixo e me puxa até seus lábios. Não estamos nos beijando, mas nossas bocas estão nas atmosferas uma da outra.

— Você é tão lindo, Seungkwan — Hansol sussurra contra os meus lábios.

De repente, ele põe a minha perna direita sobre ele até que eu esteja envolvendo o seu corpo. As mãos dele estão nos meus quadris, e as minhas estão no peito dele. De súbito, ele me puxa para um beijo apaixonado, nossas bocas e narizes colidindo com vontade. O tempo todo, suas mãos estão subindo e descendo pelos lados do meu corpo. Minhas mãos estão enroladas na bagunça de seu cabelo enquanto eu me afundo nesse momento.

Logo, somos minimizados para uma avalanche de suor, gemidos e amassos. Eu nunca tinha sentido nada assim antes, uma certa primordialidade misturada com todo o amor no meu coração; uma existência em algum lugar entre humano e animal.

Eu me afasto do nosso beijo infinito por um segundo e, de brincadeira, coloco minha mão em volta da garganta de Hansol. Ele olha para mim com uma fome insaciável e sorri com o avanço repentino.

Deus, ele é tão gostoso, penso. Ele me olha de cima a baixo e, por um instante, sou eu quem está no controle. Eu honestamente não sei o que estou fazendo de verdade, mas, no entanto, eu faço o papel como se isso fosse tudo o que eu sou. Ele aperta meus quadris e me vira, e de repente perco a vantagem.

Quase estremecendo, ele se inclina em meros centímetros de distância do meu pescoço.

— É isso que você quer? — ele grunhe.

— Sim — sussurro com uma respiração abafada.

O que eu esperava acontecer a seguir era imensurável. Eu esperava ser deflorado no quarto desse garoto e seduzido à submissão.

Em vez disso, Hansol se inclina e gentilmente deixa um beijo suave em meu pescoço, seguido por outro em minha testa, enquanto embala meu corpo em seus braços.

— Você é tão lindo, Seungkwan — ele repete.

Uma única lágrima força seu caminho para fora do meu olho.

Nada poderia ter me preparado para a sua ternura no meu estado mais vulnerável. Eu ainda era jovem e ingênuo, e teria feito qualquer coisa para agradá-lo naquela noite. Mas em vez disso, com um olhar quase benigno em seus olhos, Hansol me deitou contra ele e cobriu nós dois com o lençol fino que estava ao pé de sua cama.

Ele me segurou tão perto, que quase tive certeza que naquele momento nos tornaríamos um só.

Ele poderia ter me apertado até eu explodir, como se estivesse espremendo uma laranja. Naquela hora, tive uma sensação de amor que nunca foi recriada desde então. A forma mais verdadeira de amor é aquela que não é falada, mas sentida. Esse amor será o único a se estender por eras. O tipo de amor que ainda existirá quando não existirmos mais, e a terra for pó.

Um dia, nem eu, nem Hansol vamos existir. Na verdade, a prova de que vivemos e respiramos nesta terra quase deixará de existir inteiramente. Mas em algum lugar, entre as partículas e a poeira espacial, estará a silhueta minha e dele enquanto deitamos aqui nesta cama em algum momento, em algum lugar.

*° ☆ °*

Omg chorando horrores

Falta só mais um capítulo para acabar :(

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Remember Me As A Time Of Day | verkwanOnde histórias criam vida. Descubra agora