O mundo bruxo tem um herói, uma pessoa que todos amam e admiram porque ele foi o responsável por destruir o bruxo das trevas que ninguém diz o nome porque tem medo, e estava matando todo mundo com sua guerra idiota. E o mais engraçado de tudo é que esse herói era apenas um bebê quando tudo aconteceu.
O nome dele é Harry Potter, os pais dele eram bruxos poderosos que lutavam contra esse bruxo horrível das trevas, mas aí, esse vilão invadiu a casa deles pra matar todo mundo. Ele conseguiu eliminar os pais, mas quando foi matar Harry, o feitiço dele deu errado e ele morreu. Quer dizer, eu acho que ele morreu, meus pais e Bill acham que ele só sumiu por uns tempos, e que vai voltar a qualquer momento. Eu prefiro acreditar que não, e que Harry Potter vai crescer, vai virar um bruxo lindo e poderoso, vai dar fim aos bruxos malvados e depois vai se casar comigo.
Sei que é estranho uma pessoa gostar de alguém que nem conhece direito, mas eu sou assim mesmo, gosto do Harry e sonho com o dia em que vou encontrar ele em Hogwarts, vou dizer que o amo, e ele vai responder que também me ama e que quer namorar comigo. E eu sei que isso tá muito perto de acontecer, porque Harry Potter tem a idade do Ron, e eles vão pra Hogwarts no mesmo ano.
Ninguém sabe direito como é a cara do Harry, porque só temos fotos de quando ele era bebê, e como a maioria das que eu vi eram em preto e branco, não tenho como saber a cor do cabelo e do olho. Mas sei que os pais dele eram brancos, que o pai usava óculos e era bonito, que a mãe era ruiva, tinha olho verde e era bonita também, e que seria muito engraçado se Harry Potter fosse ruivo que nem eu e minha família.
Bom, independentemente da cor do cabelo ou do olho dele, todo mundo só vai poder ver Harry Potter quando ele estiver em Hogwarts, e só saberemos que é ele porque ele tem uma cicatriz de raio na testa. Não sei como ele vai fazer com essa cicatriz, se ele fosse como Charlie, iria querer mostrar com orgulho, mas eu a esconderia com uma franja ou um chapéu. Nem é tanto por vaidade, mas sim pra evitar que fiquem pegando nela e comentando sobre o que Você-Sabe-Quem fez e a morte dos pais, isso deve ser muito desagradável.
Não sei como Harry iria fazer pra comprar seus materiais, já que ele cresceu na casa dos tios trouxas, mas tenho certeza de que ele deveria estar na Estação King's Cross antes das onze horas da manhã do dia 1º de setembro. E foi por isso que eu enchi o saco da minha mãe pra ela me levar junto com Percy, Fred, George e Ron.
- Ah, mãe, deixa! Eu quero ir, quero ver o trem de novo!
Eu nem precisava ter insistido tanto, ela me deixaria ir de qualquer maneira, porque não gosta de me deixar sozinha em casa.
- Está bem, Ginny, mas se comporte!
Eu fui e me comportei direitinho. Não impliquei com Ron por ele estar com uma mancha preta enorme na cara, nem zombei da mamãe por ela ter confundido Fred e George pela milésima vez, nem participei da pegadinha que os gêmeos tentaram aprontar com Percy, escondendo o distintivo dele. E olha que ele merecia, porque Percy ficou ainda mais irritante depois que virou monitor, e o fato de ele ter ganhado roupas novas e uma coruja só dele nos irritou ainda mais, porém, só não fizemos nada porque a mamãe chegou de repente, e Fred e George tiveram que abortar a pegadinha. Até fui gentil com o garoto estranho de cabelos pretos e de óculos que apareceu pedindo informação! Pena que eu descobri muito tarde que aquele garoto era simplesmente Harry Potter, o herói com quem eu sempre sonhei.
Olhando de longe, Harry Potter parecia ser só um garoto comum. Ele não parecia ter tanto dinheiro quanto a gente, pois usava roupas velhas, que pareciam ser de segunda mão que nem as nossas, mas eram ainda piores, porque eram muito folgadas, parecia que eram de um cara grande e gordo. Ele tinha cabelo tigelinha, mas os fios pareciam ser duros e espetados, porque nem com o vento eles mudavam de lugar. O cabelo dele era bem escuro, que nem os uniformes de Hogwarts dos meninos, e os óculos eram redondos, parecidos com os que o pai dele usava nas fotos, e remendados com fita adesiva. Mas o grande charme dele eram os olhos, que eram amendoados e tinham uma tonalidade linda de verde, pareciam duas esmeraldas brilhantes. Ah, e o rosto. O rosto dele era muito perfeitinho, o nariz era um pouco arrebitado, a boca era pequena, a pele dele era lisa, não tinha uma mancha ou sarda, e o sorriso dele era lindo também, os dentes eram perfeitos e alinhados.
Harry Potter parecia ser tímido e nervoso, acho que ele ficou assim por ser a primeira vez dele também. Eu vi que Harry ficou nos espionando enquanto Percy, Fred e George atravessavam o muro da plataforma nove e três quartos, mas ele ainda tinha dúvidas, por isso veio até nós pra tirar dúvidas.
Ainda bem que ele esperou Percy, Fred e George irem embora, porque se ele tivesse perguntado na frente desses três, teria sobrado. Percy teria arrodeado bastante e passado horas falando um monte de coisa que só ia confundir o Harry, e Fred e George teriam ensinado errado a ele, ou aprontado alguma coisa pro coitado. Harry aproximou seu carrinho quando Ron estava chegando pra atravessar, e a minha mãe foi toda fofa com ele.
- É simples, querido, você vai com seu carrinho na direção do muro. Pode correr se estiver nervoso. O importante é que você não pare, nem tenha medo de bater. Pode ir antes do Ron, se preferir.
Ele tava com medo, eu sei que os trouxas não têm costume de atravessar muros, e que a maioria dos muros machuca quando você corre na direção deles com um carrinho cheio de malas, foi por isso que eu tentei dar força, dizendo:
- Boa sorte.
Só soube que tinha falado com Harry Potter quando ele já tava dentro do trem, perto de embarcar. Fred e George que me contaram, eles disseram que ajudaram Harry a guardar suas malas dentro de um vagão.
- Ah, mãe, eu quero entrar, quero ver ele mais de perto!
- Não, Ginny, você já o viu, e ele não é bicho de zoológico pra gente ficar olhando. Mas Fred, como você sabe que é ele?
- Eu perguntei, e vi a cicatriz, mãe, tá bem no meio da testa dele, e parece um raio.
Aí o sem noção do Fred disse que queria perguntar ao Harry se ele se lembrava de Você-Sabe-Quem, mamãe deu uma bronca, e o trem deu o último apito.
- Vão, depressa! – mandou minha mãe, e aí eu tive noção de que eles iriam ficar fora de casa por meses.
Não sei o que me deu pra chorar daquele jeito, acho que foi a fumaça do trem, porque eu não sou de chorar por besteira. Sim, meus irmãos iriam me deixar sozinha, eu ficaria com a casa inteira só pra mim pelo resto do ano, enquanto eles se divertiriam com Harry Potter em Hogwarts, mas e daí? Não era motivo pra eu sair correndo atrás do trem feito uma maluca, sem saber se chorava ou dava risada das presepadas de Fred e George.
- Não chore, maninha, vamos te mandar um monte de cartas!
- Vamos mandar uma tampa de vaso pra você!
Espero que Harry Potter não tenha visto isso, euficaria morta de vergonha.
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Ginny Weasley e o menino que sobreviveu
HumorMeu nome é Ginny Weasley, sou a única garota no meio de seis brucutus que chamo de irmãos, tenho uns poderes maneiros, mas ainda não tenho idade pra ir a Hogwarts, por isso, só fico assistindo meus irmãos embarcarem no trem enquanto morro de inveja...