Vivendo de cartas e de imaginação

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Como prometido, meus irmãos me mandaram muitas cartas. O primeiro a me escrever foi Percy, pra falar de como ele estava feliz por ser monitor, de como os professores gostavam dele por ser nerd e puxa-saco, que ele tinha visto Harry Potter, que ele era muito parecido com os pais, especialmente com o Sr. Potter, e que ele era grifinório assim como Ron.

Fred e George me escreveram logo depois. Eles contaram sobre a tarântula que Lee Jordan, um amigo deles, contrabandeou pra escola, e contaram mais sobre Harry Potter. Que ele era muito pequeno e magricela, mas educado, que a cicatriz dele era enorme e tinha mesmo o formato de um raio, e que eles estavam felizes de ter Harry e Ron na Grifinória, porque teriam mais companhia para suas brincadeiras.

E Ron foi o último a me escrever. Eu já sabia de muita coisa que ele tinha falado na carta, por causa dos meus irmãos, mas gostei quando Ron me informou que tinha ficado bem amigo de Harry Potter, que os dois viajaram no mesmo vagão, compartilharam dormitório e que Harry era muito legal. Que Harry o salvou de comer mais um daqueles horríveis sanduíches de carne enlatada da mamãe, que Harry tinha começado a colecionar cartões de sapos de chocolate, que Harry não sabia nada de quadribol, mas que pareceu ter gostado das explicações dele, que Harry o defendeu de Draco Malfoy, um garoto chato e metido à besta que zombou dele por ser um Weasley, e que Perebas, o rato que era de Percy e foi repassado a Ron, os salvou de um ataque que esse Malfoy e uns amigos grandalhões dele queriam fazer ainda no trem.

Ron só tinha uma reclamação. Quer dizer, duas. Ou melhor, três. A primeira é que o feitiço que George o ensinou para mudar o rato de cor não funcionava. A segunda é que ele tinha aula com o chato insuportável professor Snape, e que ele resolveu implicar com Harry. E a terceira é que uma garota chatinha e mandona chamada Hermione Granger foi para a Grifinória também, e que ela o tirava do sério. Não sei porque, mas quando li essa parte, senti simpatia por essa tal de Granger.

Ainda bem que na carta seguinte, Ron se mostrou mais simpático a ela. Disse que foi meio bobo de julgar a Granger antes da hora, que na verdade, ela era legal, e que graças à inteligência dela, ele e Harry escaparam de uma fria envolvendo trasgos, um cão de três cabeças e uma porta que eles não deveriam ter aberto. Mas que a sua opinião sobre Draco Malfoy e sua turminha de garotos grandes e maus continuava a mesma, porque Malfoy roubou o lembrol de um garoto da Grifinória chamado Neville Longbottom, e tentou colocar Harry em confusão durante a primeira aula de voo, mas milagrosamente, Harry conseguiu pegar o lembrol de volta e ainda foi chamado pra ser apanhador do time da Grifinória!

Foi legal, mas quando li a carta de George, entendi melhor a situação. Ele me disse que o capitão Oliver Wood tinha feito três baterias de testes com os colegas da Grifinória, e que não havia nenhum comparável ao Charlie, por isso estava perdendo as esperanças e considerando a possibilidade de convencer McGonagall a deixá-lo testar com os novatos. Até que a própria professora o procurou para apresentar Harry Potter, que ao que tudo indicava, era um apanhador tão bom quanto Charlie.

E depois, os quatro me escreveram de novo pra me contar da primeira partida do Harry e da forma espetacular que ele pegou o pomo e derrotou a Sonserina. Percy, que ficou só na plateia, narrou o jogo do ponto de vista dos torcedores que ficaram tensos ao ver Harry com dificuldades na vassoura, mas felizes depois que ele capturou o pomo com a boca. Fred se concentrou na descrição da vassoura, uma Nimbus 2000 que Harry ganhou da própria professora McGonagall, e na habilidade de Harry com ela, que era fantástica, talvez até melhor do que o próprio Charlie. George disse que Harry se encaixou muito bem com o time, que ele era legal de trabalhar, que as maiores dificuldades foram manter a presença dele em segredo até o dia da partida, e mantê-lo seguro dentro do campo. E Ron me contou os bastidores, disse que um professor tentou derrubar Harry da vassoura – provavelmente o chato do Snape – mas que ele e Hermione conseguiram dar um jeito no cara, com a menina se esgueirando até o camarote dos professores e colocando fogo nas vestes do Snape. Assim, a azaração acabou e Harry pôde pegar o pomo em paz.

Ginny  Weasley e o menino que sobreviveuOnde histórias criam vida. Descubra agora