Capítulo 2.

14 4 14
                                    


— Você malhava o peitoral?— Três dias depois de eu começar a ir na casa dele, é a primeira coisa que pergunto a ele. Parabéns, Finn Lawson, por ser um sem-noção.

— Quê?— ele avaliou o próprio busto, o cenho franzido.— Como assim?

Abri a boca para falar, mas engoli as palavras. Eu estava aqui justamente por que ele havia sido abusado e sofria muito com isso. E estava quase brincando com o fato de ele aparentar ter um peitoral musculoso, pois ele marcava, nem que de leve, em todas as blusas que vi ele usar durante esses três dias.

— Nada.— Desviei o olhar, sentando na minha poltrona de sempre. De canto de olho vi ele se sentir meio incomodado tentando entender o que insinuei sobre seu peito.

Seu cabelo parecia mais fino do que antes, se é que é possível, e ele aparentava estar levemente mais magro.

Ele pegou um dos livros escolares no criado mudo de madeira e  jogou-o na beira da cama. Me levantei da poltrona e a direção até lá, me sentando em cima de um tapete felpudo no chão, perto da quina da cama.

— Você não gostou?

— Eu já terminei.

— De resolver?

— Sim.— Ele disse, piscando aqueles belos olhos azul-céu.

Além de ter essa beleza angelical e etérea, ele ainda era um gênio superdotado. Havia respondido um livro inteiro de questões que eu demorei um ano para fazer em três dias.

— Ah, sua família me pediram para te dizer que Laden Pollard vai voltar de viagem mais cedo, na semana que vem, pois ficou com saudade de cuidar de você e está se sentindo mal em saber que você ficou... triste longe dele.— Devo ter enlouquecido, pois por um instante pareceu que ele se encolheu com a notícia, que era uma coisa boa para ele.— Então, eu suponho que semana que vem eu não venha aqui mais.

Ele deu um sorriso, que mais parecia forçado e sem graça do que alegre.

— Por que não? Não é só por que ele vai voltar de viagem que ele vai vir me ver. Você pode continuar vindo aqui. Na verdade, eu até prefiro.

— Fica calmo, é óbvio que ele vai vir te ver, ele está vindo só por sua causa!

Ele olhou para o seu colo, brincando com os próprios dedos, parecendo estar pensando.

— Você vai parar mesmo de vir?— ele parecia incrivelmente triste com isso, embora eu o conhecesse a apenas três dias.

— Não... só enquanto ele estiver aqui, quando ele for embora eu vou voltar para você não ter que ficar sozinho, entende?

Ele começou a falar, mas foi interrompido por uma batida na porta, que foi aberta.

— Surpresa!

Eu não costumava sentir atração por homens, mas tinha que assumir que o homem que havia acabado de entrar no quarto era um puto gostoso.

Sua voz era profunda, grossa e atraente como nunca havia visto— ou ouvido, sinceramente não sei— uma voz ser. Ele era alto e coberto de músculos— que pareciam ter sido esculpidos de tão definidos— marcados mesmo pelas várias roupas que usava: Um sobretudo de couro escuro com uma camisa preta de botões por baixo, combinada com uma calça de alfaiataria e cinto também de couro negro, com sapatos sociais brilhantes.

Seu rosto, de alguma forma, conseguia ser mais belo do que o corpo— embora ainda não tivesse visto o corpo por inteiro, somente supondo que certas partes bem escondidas deveriam ser tão grandes e belas quando o resto—.

Sua face tinha o maxilar marcado, as maçãs do rosto definidas e um nariz grego esculpido, combinados com uma boca fina e olhos verde-floresta marcantes e inesquecíveis. Ele também tinha um cabelo preto do tom mais escuro que já havia visto na vida, com alguns fios rebeldes caindo sobre os olhos, embora achasse que era algo proposital. Se a masculinidade pura fosse uma pessoa, certamente seria ele.

Quem liga pro destino?Onde histórias criam vida. Descubra agora