Prólogo.

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Casamento.

Eu estava jogando em uma sofá aleatório da sala da Ala sul, mexendo no celular, até que minha mãe simplesmente arrancou ele da minha mão, me fazendo me levantar instantaneamente.

— Mãe! Fala sério.— Falei, em protesto.

— Andrew Anlston, sua irmã vai casar daqui a apenas seis horas e você nem tomou banho...

— Eu tomei!— protestei, tentando tomar o celular da mão dela. Ela beliscou meu braço. Nem precisava olhá-lo para saber que a marca permaneceria por muito tempo.

— Não me interrompe.— Ela brigou. — Você não penteou o cabelo e não se vestiu, sendo que em pouco tempo teremos que ir pro cerimonial.

— Mas eu já estou pronto!— tentei protestar outra vez, mas ela apenas me avaliou com desdém— a camisa preta de banda surrada e desbotada, os coturnos engraxados e a calça cargo verde coberta de correntes.

— Você não vai assim.

— Mãe, por que não?

— Você está parecendo um morador de rua. É capaz de te barrarem na entrada.

Me segurei para não falar "que mentira!" pois sabia que ela ia me dar um tapa por isso. Ela odiava ser acusada de mentira.

Ela me puxou pelo braço, entrando no elevador junto comigo.

— Você ia ficar muito mais lindo com o terno que compramos para você. E os coturnos podem ficar. Mas penteia o cabelo. — Ela apertou o botão para o último andar, enviando mensagens de áudio para minha irmã, dizendo que já estávamos indo.

— E as correntes?

— Elas não vão poder ficar.— Disse enquanto ainda mandava e recebia mensagens, olhando para o celular.

— Por favor!

— Não.

— Mas eu carrego um kit anti-estupro!— minha mãe olhou para mim, e seus olhos refletiram tudo o que ela sentia: doía ver que por causa da minha classe social, eu tinha que sempre carregar um kit anti-estupro—que já havia sido usado na prática algumas vezes—,mesmo que eu mal saísse de casa e só visse guardas-costa e seguranças. Quase chorei, por também saber disso.

— A gente vai ficar com você o tempo inteiro, está bem?

Ela me abraçou, me aninhando até o elevador— mais lento do que o normal— chegar.

Então ela começou a me arrastar, até chegar na sala onde minhas irmãs estavam se vestindo. Adalyn ajudava Amelie a colocar o seu vestido de noiva, que me fez arregalar os olhos e recuar de tão lindo que era. Ela parecia uma princesa saída dos filmes.

Pisquei, quando minha mãe me puxou, me sentando em um banquinho e penteando meu cabelo.

Quando Adalyn terminou de fechar o zíper do vestido de Amelie, feito cetim com uma saia enorme e super volumosa, com toda a extensão do vestido coberta de borboletas feitas de diamantes Swarovski, e mangas bufantes transparentes, cobertas de corações de diamante branco, ela se virou para mim, e sua expressão foi de encanto a revolta em poucos segundos.

— Mãe, por que você deixou ele ir igual um sem-teto e não deixou eu ir com a roupa que eu queria?— ela praticamente gritou, e minha mãe achou simplesmente normal. As duas, assim como Amelie e meu pai eram sigmas, e apesar de todas as previsões pra eu nascer um enigma— coisa que só ocorreu na minha família há pouco mais de um século— nasci um ômega, provavelmente por ter jogado pedra no destino. Meus pais me trancavam em casa, e não me deixavam sair para estudar ou fazer compras ou qualquer outra coisa—somente acompanhado deles e de mais um trilhão de guardas, e em ocasiões extremamente especiais, como essa—. Isso porque eu ainda não havia tido o primeiro cio.

Quem liga pro destino?Onde histórias criam vida. Descubra agora