Capítulo 1.

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Seis meses depois.

Olhei para o teto, pensando no que escrever como resposta.

Simplesmente Andrew Anlston, co-herdeiro das empresas de cosméticos e ciências multimilionárias Anlston, havia me mandado um e-mail— quem ainda conversa por e-mails hoje em dia?— solicitando que eu fosse seu tutor de aulas de reforço.

Óbvio que de início eu pensei que fosse um golpe. Um garoto da minha idade, —que é tão protegido que nem página na web é permitido de ter e é quase que uma lenda urbana mundial— com tanto dinheiro na conta que eu mal posso imaginar, e provavelmente uma beleza inimaginável, se for tão bonito quanto o resto da família.

E ele queria que eu, que mal era popular na escola, queria que desse aulas particulares? Não tinha muito mais o que fazer no dia marcado para início, hoje— sempre tive o hábito de procastinar o máximo que pude— e me ofereceram uma quantia absurda para isso. Com pagamento adiantado. Se eu fosse sequestrado e sei lá o que acontecesse comigo, pelo menos minha família ia ficar rica por algum tempo.

Depois de horas pensando em uma resposta, surpreendi um total de zero pessoas e dei a resposta mais genérica possível: "Claro, para mim seria uma honra aceitar uma proposta como essa. Não pude responder antes pois estava envolvido com negócios de família."

Como se negócios de família pudessem durar mais de 72 horas, pensei assim que enviei a resposta, tão ruim que até as mais genéricas e artificiais possível que o chatgpt havia criado estavam melhores.

Ele respondeu na hora, aumentando minha suspeita de sequestro.

Ótimo. Se mandar sua localização, um motorista irá buscá-lo em sua residência e levá-lo até a minha.
Se estiver com medo de um sequestro, digite 1 que eu enviarei 2 mil dólares agora, para te subornar.

Olhei duas vezes para ver se ele havia mesmo mandado "para te subornar". Na terceira, a mensagem foi editada, e ele mudou "para você". Fiz o óbvio, e digitei 1, logo em seguida enviando a minha localização. Eu já estava pronto, acho.

Vestia uma calça cargo verde-musgo, com tênis all star imundos e uma blusa preta de uma banda que mal conhecia e só usava pelo estilo.

Em menos de meia-hora, uma limosine enorme estava na porta da minha casa.

Uau, se eu for sequestrado, vai valer muito a pena.

Peguei a mochila também verde-musgo com alguns livros escolares e canetas.

Em menos de uma hora, chegamos a uma mansão incrível, em tons de branco e creme, com jardins enormes e verdes, mais bem cuidados do que eu. Tudo lá era tão lindo e bem cuidado. Parecia que até o céu se adequava àquela mansão, em um tom de azul que eu só havia visto em pinturas.

Sempre pensei que mansões old money fossem bregas e monótonas, mas essa ia contra todas as regras já impostas, sendo tão tecnológica como rústica. Nunca havia visto outra mansão na vida, mas essa devia ser a mais linda do mundo.

Ele parou em uma das muitas portas, e assim que eu saí do carro um homem alto, careca e forte usando óculos escuros me parou, estendendo uma espécie de contrato.

Eu dei uma breve lida, e vendo que não me submetia a nada ruim ou a um sequestro, assinei.

Fui logo guiado pelo mesmo homem, tão silencioso que mais parecia um robô, até um carrinho de golfe branco. Ele sinalizou que eu subisse, e eu o fiz, vendo mais um pouco dos jardins belos enquanto ele dirigia, parando à alguns metros de uma piscina olímpica gigantesca, onde alguns jovens nadavam e jogavam vôlei, animados.

Quem liga pro destino?Onde histórias criam vida. Descubra agora