11. Vɪsɪᴛᴀ

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Me olhando no espelho, eu me sentia estranha, era como se algo faltasse em mim.

A casa ao lado, ela nunca morou naquela casa, aquela casa está vazia a meses, exceto por hoje.

Alice, por que dói tanto? Ela nunca se quer existiu, aquela doce garota.

Escutando a campainha tocar, suspirei de forma pesada, tudo o que eu menos queria agora, é uma visita.

Observando meu amigo Jefferson atender a porta,  eu apenas escutava uma voz baixa e doce soar.

Tão suave e melódica quanto o da minha Alice, o que me fez sorrir de imediato e correr até a porta.

— Alice!

— Acordou bela adormecida, essa é Alicia, a enfermeira que cuidou esses últimos dois meses de você — Sorrindo pequeno, eu observava a jovem garota a minha frente.

Confesso que é uma bela garota, ela me fazia lembrar minha querida Alice, cabelos volumosos, compridos e ondulados, tão loira quanto.

Olhos lindamente azuis cintilantes, pequena, e vestia um lindo vestido azul, sendo a cor favorita dela.

— Entra, não fique parada do lado de fora —  Puxando ela para dentro de casa, sorri junto com ela.

— Eu já vou indo, preciso trabalhar, te vejo mais tarde amiga.

— Tchau, um bom serviço, te amo amigo — Me despedindo do mesmo, fechei a porta e me virei na direção da garota.

— Então, minha vizinha, cuidou de mim enquanto eu estive no hospital, mais alguma coisa que eu deva saber?

— Você fica muito fofa "dormindo" — Ela faz aspas, e não tenho como não sorrir.

— Gostaria de beber alguma coisa? Um suco, um café, uma água...

— Eu aceito chá — Parando no meio do caminho, olhei em sua direção, ela tinha um sorriso pequeno em seus lábios.

O que me fez viajar em meus pensamentos, lembrando de Alice, porque elas eram tão parecidas em algumas características.

— Eu não tenho chá aqui em casa, sinto muito!

— Tudo bem, pode ser apenas água então — Mordendo o interior de minha bochecha, eu me sentia na obrigação de ter chá para ela em casa.

— Eu vou comprar chá.

— Não, nada disso, você precisa ficar em casa, tudo bem que voltou faz quase um mês, mas ainda sim, é arriscado sair sozinha — Diz a jovem garota parando em minha frente.

Alicia:

Parada em frente a Miranda, ela tinha um olhar profundo, como se conseguisse me ler.

Sentindo minhas bochechas esquentar, desviei meu olhar dos seus, o que fez meu coração ficar um pouco acelerado.

— Seus olhos são lindos, a forma como brilham —Mordendo meu lábio inferior, voltei minha atenção para ela.

— Obrigada! — Tendo sua mão tocar minha face de forma carinhosa, minha primeira reação foi fechar meus olhos.

— Você parece tanto com ela, seus cabelos dourados, seus olhos, seu jeito doce e delicado, é como se ela estivesse aqui, sua voz, tudo me faz lembrar dela.

— Ela quem?

— Alice! — Vendo algumas lágrimas rolarem por seu rosto, mordi o interior de minha bochecha.

Desviando meu olhar, me afastei um pouco dela, eu ainda estava tentando entender tudo isso.

Afinal, eu contei sobre minha vida a ela, e ela moldou tudo como se tivesse acontecido com ela.

Não sei até que ponto na verdade ela moldou como sendo a vida dela, mas, em certas partes, ela parece bem envolvida.

— Por que ela continua em minhas memórias? Memórias essas que nunca existiram de verdade.

— Eu contava essas histórias para você, eu sei, foi errado da minha parte, não sei o quanto você imaginou, mas, pelo menos boa parte do que você lembra, é  sobre minha vida ou eu lia o livro de "Alice no País das Maravilhas".

Digo sem olhar dentro de seus olhos, eu só queria me enfiar em uma toca e me esconder.

— Então, é por isso que sua voz é tão familiar quanto a de Alice? E por que não me lembro do nome Alicia, e olha pra mim, por favor!

Tendo seus dedos tocarem minha face, não deixei de olhar em seus olhos.

Sendo puxada para o sofá, ela tinha um sorriso doce em seus lábios.

— Ainda não sei, mais é fato que isso alterou suas memórias, de alguma forma, e eu sinto muito por isso.

— Eu adorei cada momento vivido em minhas memórias, então não se culpe por elas — Sorrindo ainda, ela me olhava de uma forma tão doce.

— E qual sua memória favorita?

Questionei um tanto quanto animada, afinal, não é todo dia que alguém diz isso.

— Minha memória favorita, é o chá das cinco, Alice sempre estava com scones e chá, e claro, Bartolomeu, Coelho esse que eu nunca tive, porém sinto falta dele também.

Mordendo o interior de minhas bochechas, desviei meu olhar por alguns segundos, até ela trazer meu olhar de forma rápida para ela.

— Alguns de seus traços, são parecidos com minha Alice, estar com você nesse momento, é bom.

Me aproximando de Miranda, nossos rostos ficaram a milésimos de frações de segundos de distância.

Porém ela logo se afastou, o que me deixou com as bochechas vermelhas.

— Eu preciso ir pra casa, qualquer coisa sabe aonde me procurar.

Sem esperar por uma resposta da mesma, sai de sua casa o mais rápido possível. Eu estava com meu coração na mão, quase cometi um grande erro.

Pelo menos ela soube se afastar, porque se não, eu com certeza teria beijado ela.

— Alicia, que tal amanhã tomar um chá comigo? Prometo que terei chá dessa vez.

𝐌𝐲 𝐌𝐨𝐦𝐦𝐲 | {MOMMY X BABYGIRL}Onde histórias criam vida. Descubra agora