Mal educada

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FERMIN

Como podem acontecer tantas coisas em uma única noite? Era uma ótima pergunta. Ou talvez.. de qual buraco esse ser humano que não sabe respirar em silêncio, surgiu?

Enfim.. não estava acreditando nos acontecimentos, mas não podia fazer nada para mudá-los, então respirei fundo segurando meu celular. Minhas mãos estavam geladas, já que a noite estava fria.

Meus dedos congelaram, mas consegui digitar para minha namorada.

Ela certamente estava nervosa, preocupada já que eu havia desaparecido. Afinal, eu corri após conseguir escapar daquela multidão. Mas tudo aquilo para quê? Para ter que aturar essa menina folgada, totalmente estranha e desequilibrada e ainda por cima que respira alto.

_ Tem como respirar mais baixo? - Perguntei enquanto digitava em meu celular.

_ Se está incomodado, é só sair do carro.

_ Custa ser educada? - Perguntei me virando em sua direção. Ela era tão mal educada.

_ Custa parar de ser um idiota? Olha as coisas que você me pede. - Respondeu balançando a cabeça em negação.

_ Tipo o que? Eu só estou pedindo que abaixe o tom da respiração.

_ Você é idiota ou se faz? Fique você sabendo que só estou assim, porque você saiu correndo atrás de mim como se fosse um ladrão. - Respondeu revoltada, mas eu não tinha culpa se ela entendeu errado.

_ Pela milésima vez, eu não corri atrás de você.

_ Deixa para lá, não adianta ficar explicando para gente burra. - Quem ela estava chamando de burro?

_ Garota não me estressa. Faça um favor para mim e para esse coitado no volante, desça e peça outro Uber.

_ Que folgado. Eu entrei primeiro no carro. Eu não tenho culpa se você tem seguidoras.

_ De qual caverna você saiu? - Não era possível que ela não soubesse quem eu era. Será que ela está me enxergando? Tanto faz, não quero saber.

_ Quer saber.. moço vira na quinta quadra, por favor. - Pediu dando um toquinho nos ombros do motorista, mas eu já estava atrasado.

_ Quem vai pagar a viagem? - O motorista perguntou e antes de responder, a intrometida falou primeiro.

_ Ele. - Que folgada.

_ Eu nada. Você não disse que eu era o intrometido? Você que pague a viagem. - Nada mais justo.

_ Eu pago a minha e você paga a sua. Aliás eu já paguei metade, já que você entrou depois, você que pague o restante.

_ Por que na quinta rua? - Perguntei por curiosidade e se estava enxergando bem, pude jurar que vi ela revirar os olhos.

_ Porque lá tem um beco e vou te vender algumas drogas. - Que? No mesmo instante, me afastei olhando para ela.

_ Pode seguir reto. - Falei para o motorista e então ela riu se inclinando para frente.

_ Relaxa playboy, eu não uso essas coisas.

_ Custo a acreditar. - Não sei não, ela falou bem sério sobre as drogas. Pensando bem, ela parecia sim uma pessoa que usa essas coisas.

_ Vira na próxima. - Pediu e decidi agir.

_ Não, pare aqui que ela vai andando.

_ Vai me deixar andar sozinha por ai? Você não tem coração? - Perguntou e segurei a risada.

Te siento en mi corazon - Fermín LópezOnde histórias criam vida. Descubra agora