capítulo 3.

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NARRADOR'S POV

O coração de Agatha acelera, a mulher segura a aliança entre os dedos a olhando como se seu cérebro não conseguisse processar o significado disso.

Tudo pareceria uma grande piada caso a mulher sentada na cama aguardando alguma reação de sua parte não estivesse usando uma exatamente igual. Se um casamento neste momento parece loucura, então um casamento com Rio é completa insanidade.

Muitas coisas começam a fazer sentido e muitas outras se tornam ainda mais confusas para a mais velha, por um lado, Rio é a pessoa que vem cuidando dela todos estes dias desde que acordou, mas por outro, é a pessoa que quase não fala com ela e a afasta ou evita sempre que pode.

- Nossa. - é tudo que consegue falar.

A mais nova a olha com cautela, vendo em sua expressão o quanto Harkness está perdida, e não conseguindo impedir o pensamento de que ela havia as colocado neste barco.

A mulher mal piscava, era informação demais ser casada com alguém, e se sentia pior ainda por olhar para uma pessoa que mal se lembra ou conhece e ter certeza absoluta que esta pessoa a ama mais do que ela consiga ter ciência. Mas não corresponde, não por não querer, mas por não conseguir.

- É... nossa. - repete a fala como se tentasse descontrair a situação, mas nenhuma das duas parecia conseguir ignorar a tensão e importância deste momento.

Vidal deve admitir que era uma reação melhor do que ela havia imaginado que seria um dia atrás, mas muito pior do que sua mente havia permitido-a pensar  desde aquela manhã, quando Agatha declarou firmemente que ela deveria dormir na cama. Começa a questionar o pensamento da mulher e de primeira conclui que não faria sentido achar que ela era dona do outro quarto, mas então se lembra que não havia falado absolutamente nada sobre Nicholas.

- Eu vou dormir no sofá. - consegue ouvir a voz da mulher como um sussurro, com a aliança ainda entre os dedos e um olhar perdido.

- O quê? Não! - Vidal levanta da cama em um pulo.

- Não acho justo que você durma pela terceira noite seguida no sofá, esta cama também é sua. - fala sem conseguir encarar a outra mulher.

- Você está se recuperando, não vou te deixar dormir no sofá. Não precisa se sacrificar só porque não quer deitar comigo. - sabia que a dor na própria voz era perceptível e agradecia por não ter os olhos de Agatha nos seus, por não precisar ver a surpresa e falta de amor neles.

- Eu... - tenta dizer algo mas mas nada parecia ser capaz de melhorar a situação. - Eu quero realmente me lembrar. - segura as mãos da outra e finalmente a olha.

- E eu queria que esse acidente nunca tivesse acontecido. - sua voz falha e seus ficam olhos vermelhos, segurando as lágrimas que queriam escorrer. - Mas as coisas não são como a gente quer, não é? - os papéis estavam invertidos, desta vez é Rio que se recusa a olhar para Agatha. - Eu vou deitar.

Harkness pensa em segurar seu pulso e impedí-la de descer, mas o que diria? Sabia que não poderia dar a mulher o que ela queria, sabia que não poderia ser a esposa que a outra mulher sentia falta, que dizer que elas poderiam sim deitar juntas seria deixar criar expectativas que ela não sentia que poderia alcançar.

Então, deixa Rio ir.

Mesmo separadas, nenhuma das duas consegue dormir. Agatha repassa todas as interações de ambas que se lembra, a admiração e saudades no olhar da mulher, todas as vezes que cozinhou algo que nem ela mesma sabia mais que gostava, a naturalidade em elogiá-la, seu braço que não desgrudou nem por um segundo durante horas....

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