Motel - Beauany Fanfic (Concluída)

Capítulo 10

A noite havia se instalado profundamente no motel, envolvida por um silêncio inquietante. A luz fraca do abajur lançava sombras longas no pequeno quarto de Any, enquanto o vento sacudia levemente a janela fechada. Josh estava sentado na beirada da cama, os ombros tensos e as mãos firmemente entrelaçadas sobre os joelhos. Any estava em pé perto da porta, os braços cruzados, observando-o com o rosto sério.

— Eu não posso simplesmente sair, Any - a voz de Josh cortou o silêncio, rouca, cheia de convicção. - Sair não é uma opção. Não pra mim.

Ela ficou em silêncio por um momento, absorvendo suas palavras, mas sua expressão endureceu.

— E o que você espera que eu faça, Josh? - Any perguntou, tentando manter a calma. - Ficar sentada, assistindo você se afundar mais e mais nesse mundo? Vendo de perto o que isso faz com você? Com a gente?

Ele levantou a cabeça para encará-la, seus olhos azuis cheios de uma determinação que Any conhecia bem. Havia um peso naquela expressão, uma dureza que a lembrava do quão profundamente ele estava enraizado na máfia. Ele não era apenas parte daquele mundo. Ele era aquele mundo.

— Você tem que entender que isso... - Josh gesticulou para si mesmo, para tudo ao redor. - Isso é quem eu sou. Sempre foi. Eu sei que você odeia isso, e eu entendo por que. Mas, se isso vai funcionar, você precisa aceitar. Eu não vou deixar esse mundo. Não posso e não quero.

Any balançou a cabeça, frustrada.

— Então, o que estamos fazendo aqui? - Ela deu um passo à frente, encarando-o com os olhos cheios de perguntas. - Você quer que eu fique do seu lado enquanto você continua nesse caminho, fingindo que tudo vai ficar bem?

— Eu não vou deixar você se machucar nisso - Josh disse, interrompendo-a. Sua voz estava firme, mas havia algo quase suplicante nela. - Eu vou fazer o que for preciso para te proteger. Sempre. Mas eu não posso deixar a máfia. Esse é o único jeito que eu sei viver. E se você... se você quiser ficar ao meu lado, eu vou garantir que nada te toque. Nunca.

Aquelas palavras pairaram no ar por um momento, enquanto Any o encarava, o coração batendo acelerado. Ela sabia que ele acreditava no que estava dizendo, que, para Josh, manter-se nesse caminho era uma questão de sobrevivência, talvez até de identidade. Mas ela também sabia que o mundo dele não perdoava, e que ninguém, nem mesmo Josh, tinha o controle completo que ele achava que tinha.

— Você acha que pode controlar tudo, Josh - Any disse, a voz mais baixa agora, cheia de emoção contida. - Mas e quando não puder? Quando isso fugir do seu controle e você não conseguir me proteger? O que vai acontecer então?

Josh se levantou da cama, aproximando-se dela. Havia uma intensidade em seus olhos, um fogo que queimava por dentro. Ele parou a poucos centímetros de distância, o olhar fixo no dela.

— Eu sempre vou proteger você, Any. - Ele falou devagar, cada palavra carregada de uma certeza que a fez estremecer. - Eu jurei isso a mim mesmo. Vou fazer o que for preciso. Mas sair... isso não vai acontecer.

Ela sentiu o peso daquelas palavras. Não havia espaço para negociação ali. Josh não estava pedindo sua compreensão, ele estava afirmando sua realidade. Aquilo não era uma escolha para ele, era uma necessidade, uma parte indissociável de quem ele era.

— E se o preço for perder você? - Any perguntou, a voz quebrando levemente, quase como um sussurro.

Josh hesitou. Ele passou a mão pelo cabelo, respirando fundo, lutando com as emoções que ele tentava sempre esconder.

— Eu não quero te perder - ele admitiu, sua voz agora mais suave, quase vulnerável. - Mas eu também não posso ser outra pessoa, Any. Esse sou eu. E eu preciso que você entenda isso. Se nós vamos ter alguma chance de fazer isso dar certo, tem que ser assim.

Ela ficou em silêncio, tentando processar as palavras dele. O quarto parecia ainda menor agora, sufocante com o peso daquela decisão que ele havia colocado em suas mãos. Any sabia que amava Josh, mas também sabia que a vida ao lado dele seria perigosa. Ele estava oferecendo uma parte de si que ela talvez nunca pudesse mudar. O desafio agora era decidir se ela poderia viver com isso.

Depois de um longo momento, ela respirou fundo, tentando encontrar a força dentro de si.

— Eu só... - Any começou, a voz trêmula, mas firme. - Eu não sei se posso viver assim, Josh. Sempre com medo, sempre esperando o pior. Isso não é o que eu imaginei pra mim. Não quero ter o mesmo fim que meus pais

Josh assentiu lentamente, mas a dor em seus olhos era evidente.

— Eu sei que estou te pedindo muito, Any - ele disse. - E eu sei que isso não é o que você sonhou. Mas eu vou lutar todos os dias para que você não precise carregar esse peso. Eu só... não posso sair desse mundo.

O silêncio entre eles se estendeu por um momento. Finalmente, Any soltou o ar devagar, os olhos marejados, mas mantendo-se firme.

— Eu preciso pensar - ela disse, dando um passo para trás, criando distância entre eles. - Preciso de um tempo para entender o que eu posso suportar.

Josh olhou para ela, uma mistura de compreensão e dor atravessando seu rosto. Ele não disse nada, apenas assentiu, sabendo que aquela conversa não tinha uma resolução fácil.

Enquanto Any se afastava para o outro lado do quarto, Josh ficou parado ali, em pensamentos. Ele sabia que, de certa forma, já havia feito sua escolha. Agora, tudo dependia de Any.