Motel - Beauany Fanfic (Concluída)

Capítulo 4

Josh estava acordado havia horas, seu olhar fixo no céu através da janela. A mente dele, tumultuada por memórias e preocupações, não conseguia encontrar descanso. Ele tinha sido esperto ao se esconder ali, mas a ansiedade pulsava em seu peito como um tambor, lembrando-o de tudo que havia abandonado. E o que mais lhe preocupava, havia trazido o perigo para a única pessoa que ele verdadeiramente se importava.

Com um suspiro pesado, ele se levantou e decidiu que precisava de ar. Ele saiu fechando a porta do quarto e olhou em volta vendo os carros passando na estrada e começou a andar sem olhar para onde ia. Ao chegar à recepção, Josh hesitou. Ele não queria parecer um desesperado, mas a presença dela era o único conforto que conseguia imaginar.

Any estava lá, atrás do balcão, com os cabelos amarrados em um coque bagunçado e uma camiseta que parecia muito maior do que ela. O rosto dela iluminou-se ao vê-lo, mas havia uma barreira invisível entre eles. O passado que compartilhavam parecia tão próximo e tão distante ao mesmo tempo. Desde a conversa ontem, os dois vem tentando deixar o passado onde ele deveria estar, no passado

— Não esperava te ver por aqui - disse Any, forçando um sorriso. Seus olhos brilhavam como estrelas, mas havia uma sombra de tristeza neles. - Josh se aproximou, hesitante.

— Eu precisava de um... um tempo. Pensar.

— Pensar? Sobre o quê? - ela perguntou, cruzando os braços, uma defesa automática. Será que ele estava pensando em ir embora de novo? Era o que se passava na sua mente. Ele sorriu, um sorriso triste que não alcançou os olhos.

— Sobre como a vida pode ser estranha. E sobre nós. Não consegui dormir - Any respirou fundo, sua expressão suavizando-se.

— Nós éramos tão jovens. Lembra das travessuras que fazíamos na escola? Como quando jogamos ovos na janela do professor de matemática? - Any soltou com a intensão de relaxar a mente do homem a sua frente. Josh riu, a lembrança trazendo um calor nostálgico.

— Ele ficou tão bravo que nem conseguimos ter a aula no dia seguinte. Tinha que ser a melhor semana da nossa vida!

— E as vezes que fugimos para o parque à noite, só para olhar as estrelas? - disse Any, seus olhos perdidos em um passado mais simples. - Achávamos que estávamos invadindo o mundo.

— É, e tínhamos a certeza de que ninguém poderia nos pegar. - A risada de Josh morreu em seu peito. - Agora... agora tudo é tão diferente.

Ela olhou para ele, a expressão suavizando-se mais.

— Você não precisa carregar esse peso sozinho, sabe? O que aconteceu entre nós... éramos jovens.

— Eu sei, mas a gente nunca consegue esquecer. - Ele hesitou, buscando as palavras certas. - Você sempre foi a única que me entendeu. E agora, eu... eu não quero que você me veja assim.

Any deu um passo à frente, desafiando a distância entre eles. Ela abriu a portinha e ele entrou fechando a portinha e se sentando ao lado dela

— Eu não estou aqui para te julgar. Na verdade, eu só quero que você encontre um jeito de ser feliz. Foi o que eu sempre quis, talvez por ser idiota

— Feliz? — Ele riu sem humor. — O que é isso, Any? A vida que eu levei... eu não sei se existe um caminho feliz, sem você, a vida é tão triste e olha que o que mais tem são putas atras de mafiosos – ele brincou vendo e ela tocou levemente o braço dele, e Josh sentiu um calor percorrer seu corpo.

— Às vezes, a gente precisa apenas de um recomeço. Lembra da nossa música? Aquela que ouvíamos sempre no carro? - Josh assentiu, um nó se formando na garganta.

— "Apenas um Dia". - Ele sorriu lembrando da música

— Isso mesmo. Talvez seja hora de fazer aquele dia acontecer de novo. Mesmo que seja apenas para nós. "Se eu tivesse apenas um dia para viver. Se eu tivesse apenas um dia para sonhar. Se eu tivesse apenas um dia. Eu apenas viveria"

A garota cantarolou e os olhos dele brilharam. Ele nunca havia pensado dessa forma. Um dia só para eles, sem passado, sem dor. Mas a realidade o puxava de volta.

— E se a polícia aparecer? E se eu acabar colocando você em perigo?

— Então nós correremos, como fazíamos antigamente. Não precisamos ser os mesmos de antes, mas podemos ser nós - Any sorriu, e aquele sorriso iluminou a escuridão que o cercava.

Josh sentiu seu coração acelerar. Por um instante, a ideia de fuga não parecia assustadora. Era um convite. Ele não sabia onde isso poderia levá-los, mas um recomeço parecia uma promessa de esperança.

— Vamos fazer isso - disse ele, e a determinação em sua voz fez Any sorrir ainda mais - Um dia só. Sem passado.

Ela assentiu, e, naquele momento, os dois decidiram que, independentemente do que o futuro reservasse, teriam essa noite. Uma chance de redescobrir um ao outro, longe das sombras que ameaçavam envolvê-los. Josh sorriu, e, por um instante, ele se sentiu livre.