00 ꒰ THE FIRST STEP TOWARDS A NEW BEGINNING

56 7 0
                                    


⋆·˚ ༘ * ꒰ 00

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

⋆·˚ ༘ * ꒰ 00. o primeiro passo para o recomeço

        O motor do carro rugia como uma fera antiga e cansada, mas fiel

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

        O motor do carro rugia como uma fera antiga e cansada, mas fiel. Era um Citroën DS, de linhas elegantes e uma beleza nostálgica, seus faróis redondos cortando o crepúsculo com a mesma melancolia que pairava no peito de Elodie Laurent. O interior, de couro desbotado e rachaduras sutis, exalava o cheiro de histórias velhas, como se ele próprio tivesse visto mais do que deveria, guardando segredos em seus bancos, tão cansados quanto a jovem mulher que agora segurava firmemente o volante.

        O vento dançava entre seus cabelos, finos fios dourados que se espalhavam pela face pálida e abatida, como se o ar tentasse acariciá-la, suavizando as marcas invisíveis de sua alma. As mãos de Elodie tremiam levemente, ainda sentindo o eco distante de memórias dolorosas. Cada quilômetro que deixava para trás parecia arrancar de seus ombros um pedaço da opressão que a sufocava há tanto tempo. Ela estava fugindo. Não apenas de um lugar, mas de si mesma ━ ou, pelo menos, da versão de si que havia sido moldada pelo controle de um homem abusivo e pela toxicidade de uma família que nunca a quis completamente.

        O rádio, de botões desgastados e chiados ocasionais, emitia uma melodia suave, mas carregada de tristeza. A voz da cantora francesa Françoise Hardy soava melancólica, ecoando dentro do carro como uma lembrança distante de casa ━ uma casa que nunca foi verdadeiramente dela. O francês rolava em suas memórias como um sussurro amargo, e Elodie apertou mais o volante, tentando afastar o pensamento da cidade que havia deixado para trás. Paris, com suas ruas antigas e charmosas, nunca fora o refúgio que prometia. As luzes que brilhavam à noite escondiam sombras profundas ━ e Elodie conhecia todas elas.

        A estrada à frente era longa e sinuosa, cercada por árvores densas que pareciam acenar enquanto o carro passava, como testemunhas silenciosas de sua fuga. E, enquanto o Citroën avançava pela rodovia, o coração de Elodie oscilava entre o medo do desconhecido e a sensação urgente de liberdade.

        Seattle Grey, o hospital que agora era seu destino, representava uma nova vida, uma oportunidade de ser alguém além da mulher que sua família tentou transformar. Ela não era mais a garota que engolia os insultos de um pai ausente ou a indiferença cruel de uma mãe amarga. Ela não seria mais o alvo da ira de um homem que a amava com uma possessividade destrutiva. Não. Elodie Laurent, com seu corpo magro e marcado por traumas que ninguém conseguia ver, estava determinada a se reconstruir ━ peça por peça, cicatriz por cicatriz.

        A música se elevou no momento em que ela passou por um túnel, o eco dentro da estrutura reverberando em suas costelas. Ali, no escuro por um breve instante, ela se permitiu fechar os olhos, respirando fundo, deixando que o peso do passado se afastasse com o ritmo de cada nota. Quando a luz do outro lado surgiu, inundando o carro novamente, Elodie abriu os olhos. Naquele instante, ela decidiu que o nome Laurent não mais significaria dor ou submissão. Ela seria livre, ainda que precisasse aprender como.

        As ruas se desenrolavam à frente, e cada nova cidade que ela cruzava parecia um lembrete do quanto ainda tinha a explorar. A vastidão do mundo a aguardava com promessas silenciosas. Seattle, com suas colinas escuras e brumas eternas, seria o começo de sua reescrita.

        Ao longe, as primeiras gotas de chuva começaram a bater no para-brisa, pequenas e delicadas, como se o céu estivesse oferecendo uma nova página em branco. Elodie, com o rosto inclinado para cima por um instante, sorriu, sentindo o toque da mudança chegar, suave como o vento em seus cabelos. Ela estava indo para onde ninguém a conhecia, onde poderia finalmente ser quem quisesse, sem as correntes de um passado que a esmagava. No fundo, a jovem sabia que essa jornada não era apenas uma fuga, mas o início da criação de uma nova versão de si mesma. Mais forte. Mais resiliente. Mais viva.

        Com um suspiro profundo, ela acelerou o carro um pouco mais, ansiosa para deixar tudo para trás. A antiga Elodie já não estava mais ali, e Seattle esperava – uma cidade de chuva, uma cidade de renascimento.

 A antiga Elodie já não estava mais ali, e Seattle esperava – uma cidade de chuva, uma cidade de renascimento

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
LIFELINE, grey's anatomyOnde histórias criam vida. Descubra agora