Receita do Pré-imperfeito part.1

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Sentou-se no trono da nobreza, com sua manta vermelha neon, saboreou de doces favoritos, como macarons, chocolates ao leite e mousse de morango. A coroa de tão grande dificultava sua visão para seu povo, ouviu a voz do nobre, mas não podia olhar com clareza ou escutar direito o mesmo, pois estava muito longe da grande escadaria.

- Fale mais alto camponês ou deseja morrer por desobediência?

"Acorde" o jovem recitou em um sussurro.

- O que? Você está surdo? Fala alto.- Angélica jogou um dos macarons, na expectativa de acertar algo.

Então o cheiro da perfumada lavanda barata de hotel inundou seus pensamentos, se infiltrando entre os seus sonhos, ao perceber o intruso odor, imediatamente abriu os olhos e toda a sua nobreza se foi, restando apenas seu bafo de uma cerveja amargurada e um cabelo estufado com saudades de um banho. A má iluminação era pensada para trazer um aspecto romântico, mas com suas memórias arrastadas e sumidas, esse clima facilmente pode mudar para algo de terror.

Angélica não está preocupada, para ela, tanto faz se ela fica com alguém ou não, porém ela não poderia deixar de achar graça no cenário apocalíptico que está vendo. Mais do que isso, ela estava pensando, quem iria pagar pelo quarto de hotel? A garota dos cabelos castanhos claros encaracolados se levanta da cama macia como nuvem e procura rapidamente por suas roupas, e sem querer sair do hotel sem usufruir dele, a moça decide entrar na maravilhosa banheira, que mais parecia hidromassagem. Era como uma rainha usando de seus bens, com enorme alegria no olhar.
Na saída do hotel, que era um luxo em seu lobby, ela descobriu que a pessoa, seja quem for, pagou o quarto. Sendo assim, mais uma vitória para ela.

Andando pela rua, chegou na cafeteria do irmão, que estava muito bem, diferente dela. Entrou sem se importar com o fato de estar com a mesma roupa dois dias seguidos, sentou em uma das cadeiras do balcão e deitou sua cabeça para descansar.

- Meu deus, é melhor você sair, ou vão achar que eu matei alguém. Onde você estava?

- Ué, eu não falei para você onde eu ia ontem de noite?

- Falar...é uma palavra forte... Foi mais algo como...

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Dante ainda estava esperando para Moreno tomar a bebida e assim revelar o seu rosto, quando os dois foram interrompidos pela imagem da irmã do mais baixo. Isso o fez soltar um suspiro de desagrado, enquanto o outro suspiro aliviado, esperando poder ser chamado para ir embora daquela situação. Angélica estava cambaleando de um lado para o outro, tinha um óculos de coração que não era dela, provavelmente roubou. Seu batom estava borrado, pois ela tentou passar ele no banheiro após vomitar horrores pelo chão de todos os cantos.

- Aí More, euvosairporainaoseique horasvoltomas não queropreocuparvoce, beijos irmão.- Ela sai correndo, com um sorriso no rosto, como se tivesse feito algo certo em tentar avisar o outro. Provavelmente nem ela sabia o que tinha dito.

- O que?- Ele olhou confuso para Dana, que estava segurando um riso.

- Não pergunte para mim, não. Eu não tenho nada haver com isso.- ele finalmente soltou a risada que estava segurando.

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- Ah...faz sentido agora... Mais ai, você ao menos viu com quem eu saí?- Agora estava do outro lado do balcão furtando café, como se ninguém estivesse vendo.

- Não vi nada. Logo após isso, eu pedi uma carona, não achei que fosse necessário ir atrás de você, então fui para casa.- Ele estava vendo o furto mal planejado, sacudindo a cabeça em desaprovação.- Aí, você não tem trabalho hoje?

- Bem, tanto faz, eu posso dar um migué e dizer que fiquei doente. Ninguém daquele muquifo mequetrefe vai ligar... Ou talvez liguem, já que eu sou uma musa perfeita e inspiradora para eles.

- Você tem que parar de fazer isso. Além disso, você ainda tem que colocar o seu chefe no lugar dele. Então não é bom para o plano você começar faltando no trabalho.

- Agora que você disse...me deu menos vontade ainda. É muito para fazer e eu estou com preguiça. Mas se esse é o melhor e mais fácil a fazer...- A garota vira todo o café, se arrependendo no final, pois estava muito quente e sem açúcar. Deu um tapinha em si mesma, para acordar e se espreguiçou.

Sem perder tempo, foi para sua casa, andou rapidamente para se arrumar e inventar a melhor desculpa que podia para o seu atraso. Sua casa era grande e espaçosa, bem colorida e vivida, com muitas plantas ao redor. Isso dava um gás para ela continuar a ir todo dia para o trabalho, saber que ela poderá voltar para esse lugar depois e deitar no seu confortável sofá. Foi nesse momento que ela percebeu que não estava com as chaves do seu carro, ou que nem sequer ela veio para casa de carro, e sim a pé. Mas ela não deu importância, foi para o seu trabalho de ônibus, não tinha mais tempo para isso, só depois que o seu dia terminasse...se é que ele vai terminar.

"Tudo que eu vou focar agora é em destronar aquele maldito diabo. E eu vou purificar aquele lugar e levar todos os seus capangas para o inferno junto com o seu reinado." Ela põe os fones de ouvido, escutando as músicas no alto, para ter certeza que ninguém irá te interromper, ou é mais uma tentativa de explodir os seus tímpanos, para não ser obrigado a ir na reunião de hoje e escutar o seu CEO.

Tudo ocorreu como sempre, a reunião foi mais uma bronca e um show de sermão. Entretanto, algo estranho aconteceu, nenhuma das críticas dirigidas, iam diretamente para gerente Angélica e a sua equipe de administração. Na verdade, ele não olhou para ela nenhuma vez sequer. E quando precisou entregar uma papelada para ela visualizar, o seu secretário foi quem entregou pessoalmente.
A garota não quis saber mais afundo, para ela, o CEO finalmente reconheceu que ela é excepcional, magnífica, tudo que ninguém mais naquela empresa seria. Mentalmente, ela estava comemorando por uma vitória, se achando princesa da sedução que finalmente conseguiu calar o monstro com o seu perfeito charme.

"Eu purifiquei essa pobre alma, contaminada com sangue de demônios, agora os céus podem dormir em paz. Tudo por minha causa."

- Senhorita Rebouças, você e a sua parte vão ficar mais que o seu tempo no projeto, preciso de vocês ainda, e eu não quero que você discuta comigo desta vez. Não está no seu poder mudar isso.- Finalmente olhou para ela, com soberba e autoridade, que antes não existia.

- Cala a boca Diabo!- Ao perceber que falou alto, se escondeu atrás do papel que lhe foi entregue.

"Esquece tudo, esse cara tá de sacanagem comigo. Nada nesse mundo vai mudar a alma desse merda. Ele continua o mesmo! Idiota, deixa eu cantar minha vitória! Mais importante...como eu vou voltar para casa tão tarde?" Fuzilou o Tyler, que estava suado ao sentir o olhar, talvez fosse o desconforto de ter alguém perto e fazendo uma cara tão feia como aquela.

"O que é isso? Será que ela está com dor? Parece estar sofrendo. Mas mais importante, porque minha orelha está queimando? E porque eu sinto que a causa disso é ela?" Estava ansiosamente esperando tudo acabar para fugir da sua possível morte que transbordava da garota ao seu lado.

"Porque esses dois estão se olhando assim? Será que vai ter mais um show de briga desses dois? Eu quero ir embora." O resto das pessoas estavam nem um pouco interessadas no que irá acontecer a seguir. Mas não queriam se intrometer nesse clima de tensão.
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 Mas não queriam se intrometer nesse clima de tensão

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