CAPÍTULO 7

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DIA 7 - CARTA N°7:

"Às vezes meu corpo tem picos de cansaço, picos esses que clinicamente são chamados por coma, já eu, eu as chamo de pré-morte.

Eu sei que não deveria estar escrevendo isso na minha carta, mas acabei de acordar do coma e me sinto cansada por viver isso. Cansada de saber que a qualquer momento meu corpo irá ceder e não será mais um episódio de pré-morte. Eu morrerei de verdade.

Omma, me desculpa por deixa-la só por três dias. Foi desesperador? O que sentiu? Eu a escutava de longe, mas tudo que eu via era um quarto branco sem graça. É para isso aonde irei? Para o nada?

Tenho que dizer que eu não gostei. Não gostei da ideia de ir para o nada. Vida pós a morte não existe realmente? Porque temos chance de viver uma vez e somos sorteados para viver o pouco dela? Que graça tem?

Que graça tem ter vivido todos esses anos e não ter sido algo além de nada?

Com amor, Eun-bin e borboleta prisioneira."

...

KIM EUN-BIN

De todos os exames que já fiz o que eu mais odeio fazer com certeza é ressonância.

A maquina gigantesca que faz até os surdos escutarem.

Foi através dela que eu descobri a borboleta prisioneira, que eu descobri que meus dias de vida estavam contados e que seriamos a companheira uma da outra.

Esse é quase como um exame de rotina normal, mas a diferença que é pra ver a evolução do tumor em meu cérebro. Então, toda vez que eu entro dentro dessa maquina barulhenta, eu fecho os meus olhos e apenas espero o exame de quase duas horas acabar.

- Eun-bin?! Acabou. – Escuto a voz da enfermeira de longe e eu tiro os tampões inúteis dos meus ouvidos. – Levanta devagar.

Faço o que a mesma pede e sinto uma leve tontura.

- Se sente tonta? – Ela pergunta e eu apenas balanço a cabeça que sim. – Ok, fique um pouco sentada aqui e quando passar, nós iremos para o quarto.

Mantenho meus olhos no chão branco e gelado, esperando a leve tontura passar para eu poder voltar ao quarto.

Eu me sinto cansada, mesmo depois de passar três dias em coma.

A sensação de estar em coma? É como provar um pouco da morte, mas você está em uma sala branca e ninguém além de você está lá. Você consegue ouvir perfeitamente as pessoas conversando comigo, mas elas não me escutam as respondendo.

Durante o coma, eu escuto todas as vezes que minha mãe sentar ao meu lado, pegar minha mão e começar a orar até estar em prantos, implorando para Deus que eu acorde e que eu possa aproveitar o tempo que me restou.

Perdi três dias de vida.

Três cartas.

- Melhorou? – A enfermeira volta a falar e eu murmuro sim. – Desça com cuidado.

Com ela me ajudando, eu desço do aparelho e me sento na cadeira de rodas especifica para a máquina não puxa-la por conta do magnetismo.

O caminho para o meu quarto é em completo silencio e quando chego, minha mãe estava me esperando e como sempre com um sorriso grande no rosto, agradecendo a enfermeira por me trazer e me acolhendo em seus braços.

- Como foi o exame? – Ela pergunta enquanto me ajuda a sentar no sofá que tinha ali.

- Rápido. – Respondo aproveitando o carinho em meu cabelo que está começando a crescer.

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⏰ Última atualização: Nov 04 ⏰

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