Quando as portas da clínica se fecharam atrás de mim, senti meu mundo desmoronar. Isso não era reabilitação; era meu apocalipse pessoal, disfarçado de salvação.
London POV - Bem vindo ao Inferno
"Abandone toda esperança aquele que por aqui entrar".
- London? - A voz da enfermeira ecoa em minha mente, seu sorriso falso uma máscara de compaixão. - Você entende por que está aqui? - ela pergunta, seus olhos vazios de empatia.
Encaro-a, meu olhar baixando involuntariamente. "Entendo que estou aqui porque minhas escolhas me trouxeram a este ponto," penso, um nó se formando em minha garganta. A realidade do abuso de substâncias que me conduziu a esta clínica pesa sobre mim, uma mistura de vergonha e relutante aceitação tomando conta do meu ser.
O ambiente asséptico e frio me envolve como uma cortina sombria, cada respiração é uma batalha contra a tempestade que ruge em minha mente. Sentada na cadeira de plástico duro, observo minha mãe no balcão, suas lágrimas silenciosas traçando rios de dor em seu rosto enquanto ela assina os papéis que selam meu destino. Meu pai, com olhos vermelhos e um sorriso sinistro, me encara com uma mistura de satisfação e antecipação. Ele passou a noite em festas, consumindo as mesmas substâncias que me trouxeram aqui.
A enfermeira Irene, seu nome gravado no crachá que brilha sob as luzes fluorescentes, senta-se ao meu lado. Seu olhar é uma mistura de compaixão profissional e curiosidade velada. Ignoro sua presença, mergulhando mais fundo em meus pensamentos.
Fecho os olhos, tentando bloquear o mundo exterior, mas as imagens invadem minha mente: o som estridente de pneus cantando no asfalto, risadas embriagadas ecoando na noite, luzes piscando numa festa que parecia interminável, e então... um vazio ensurdecedor. A culpa e a incerteza pesam sobre mim como uma âncora, enquanto luto para juntar os cacos do que me trouxe até aqui.
Abro os olhos, meu olhar encontrando o de Irene por um breve momento. Ela oferece um sorriso reconfortante, mas eu o ignoro, voltando minha atenção para minhas mãos trêmulas. "É hora de enfrentar as consequências, London. Não há mais para onde fugir."
Escuto passos e ergo o olhar das minhas mãos trêmulas, soltando um suspiro profundo. Minha mãe se aproxima, seus braços me envolvendo num abraço que, pela primeira vez, sinto como um porto seguro. Lágrimas quentes escorrem pelo meu rosto enquanto sussurro:
- Mãe, eu sinto muito. Muito mesmo.
Ela se afasta ligeiramente, seus olhos marejados encontrando os meus.
- Oh, querida. É para o seu bem. Melhor agora, no começo. - Seus dedos percorrem meu rosto, enxugando minhas lágrimas. Cada toque agora é um lembrete do amor que sempre esteve ali, mesmo quando eu não conseguia enxergar.
- Eu quero mudar, mãe. - As palavras saem entrecortadas, mas sinceras. - Eu percebi... percebi o quanto machuquei vocês, o quanto me machuquei. - Minha voz falha, e eu respiro fundo antes de continuar. - Eu quero ser uma pessoa melhor. Não só por vocês, mas por mim também.
Minha mãe me puxa para outro abraço, mais apertado desta vez. Sinto seu corpo tremer com soluços silenciosos. - Estamos aqui para você, London. Sempre estivemos.
Meu pai se aproxima, seu rosto uma mistura de preocupação e alívio. Ele coloca a mão em meu ombro, o toque gentil desta vez.
Ele me olha com indiferença, seus olhos duros como pedras.
- Já não era sem tempo, London. Espero que desta vez você realmente mude. - Sua voz é cortante, sem um traço de compaixão. - Esta decisão... bem, vamos ver se você consegue manter.
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I Have Questions (Trans version MTF)
Fanfiction⚠️Lauren Transexual MTF ⚠️ Em um mundo de contrastes, duas jovens buscam a própria identidade. London, uma mulher trans marcada por traumas e vícios, luta para se encontrar após uma traumática experiência. Camila, aprisionada em uma fé que alimenta...