O céu permanecia sombrio, denso com as nuvens que pareciam refletir a confusão e o medo que cresciam em meu peito. Voltar à mansão de Victor De Luca pela segunda vez não deveria ser tão assustador quanto da primeira. Mas, de alguma forma, era. Talvez agora, com a breve e perturbadora interação que tive com ele, eu soubesse mais sobre o tipo de poder que ele exercia. Agora, eu entendia o controle que ele tinha sobre tudo ao seu redor — sobre os homens, o ambiente e até sobre mim, de certa forma.
As luzes da mansão, suaves e frias, brilhavam ao longe conforme o táxi avançava lentamente pela entrada. Minhas mãos estavam suadas, agarradas com força na alça da bolsa. Cada árvore que passava parecia mais sinistra, cada sombra mais profunda. O que eu estava prestes a ver? O que realmente acontecia dentro daqueles muros de opulência e poder? Eu não sabia. Mas, de alguma forma, parte de mim queria descobrir.
O carro finalmente parou, e o motorista, um homem de meia-idade com um olhar cansado, virou-se para mim.
— Chegamos, senhorita.
Respirei fundo, sentindo o coração acelerar. Paguei a corrida e saí do táxi, ajustando o casaco enquanto o vento frio de Nova York cortava minha pele. O ar parecia ainda mais gelado, e a sensação de estar sendo observada estava mais intensa do que nunca. Havia algo diferente nesta visita. Algo no ar que eu não conseguia identificar. Era como se a mansão tivesse vida própria, vigiando todos que ousavam entrar.
Conforme me aproximava dos enormes portões de ferro, pude ver os guardas novamente. Eles estavam por toda parte, de pé como sombras silenciosas e imponentes, com os olhares fixos em mim. Eu sabia que estavam armados, e a ideia de que essas armas poderiam ser usadas a qualquer momento fez com que um calafrio percorresse minha espinha.
— Senhorita Collins. — A voz grave e direta veio de um dos guardas que se aproximou de mim. Seus olhos estavam ocultos por óculos escuros, mesmo à noite, e sua expressão era severa.
Eu assenti, tentando manter a compostura. A última coisa que queria era parecer intimidada, mas a verdade é que eu estava. Victor De Luca tinha o tipo de poder que transformava o ar ao seu redor, deixando-o denso, quase impossível de respirar. E esses homens eram uma extensão desse poder, cumprindo ordens sem questionar.
— O senhor De Luca está esperando por você. — O guarda fez um gesto breve com a mão, indicando que eu o seguisse.
Eu caminhei atrás dele, os saltos das minhas botas fazendo eco pelo caminho de pedras. A mansão, iluminada em tons frios de azul e cinza, parecia uma fortaleza. Imponente, misteriosa, e com segredos demais escondidos em suas paredes.
Enquanto nos aproximávamos da entrada principal, notei algo que não tinha visto da primeira vez. À esquerda, dois dos guardas estavam puxando um homem de aparência desgastada, o terno amarrotado e o rosto suado. Ele murmurava algo, baixinho, mas sua expressão deixava claro que estava em pânico. O olhar dele se cruzou brevemente com o meu, e por um segundo, pude ver o medo absoluto que dominava seus olhos.
Minhas pernas pararam por um instante, mas o guarda à minha frente não parecia notar. Continuei andando, forçando meus pés a avançarem, mas a cena à minha esquerda parecia prender minha atenção. Os dois guardas arrastavam o homem para dentro da mansão, diretamente para o escritório de Victor. Algo em mim sabia que aquilo não era bom.
Meu estômago revirou. Eu sabia que Victor tinha um lado perigoso. Sabia que ele não perdoava erros. Mas ver isso se desenrolar diante de mim era diferente. Era real. O homem parecia frágil, apavorado, e a maneira como os guardas o empurravam não deixava dúvidas de que ele não era um convidado. Ele era um problema a ser resolvido.
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Nas Garras do Poder
RomanceEle é o magnata da máfia mais temido de Nova York, mas para a sociedade, ele é apenas um playboy irresistível. Ela, uma designer que nunca quis se envolver com esse mundo. Victor De Luca controla tudo e todos com mãos de ferro, movendo-se nas sombra...