Capítulo 1 - Amnésia

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A luz de uma lanterna procurou ver se os olhos esverdeados de um belo jovem rapaz de pele clara e de cabelos pretos curtos e levemente enrolados tinham alguma reação estranha. Mas pela fisionomia tranquila do médico, o examinado estava bem.

- E então, Doutor? – Perguntou seriamente um homem que vestia um terno muito bem cuidado, de barba bem aparada, praticamente desenhada, mas com um ar másculo e imponente, que estava presente no consultório, de braços cruzados próximo ao médico. Era um homem muito bonito de cabelos louros escuros, com alguns poucos grisalhos, de aproximadamente quarenta anos, olhos castanhos intensos, e que tinha um corpo bem cuidado em torno de um metro e oitenta e cinco de altura.

- Ele aparentemente está bem, Hudson. Não há nenhum sinal de gravidade na tomografia ou em qualquer outro exame. Respondeu o médico. Realmente, não é possível identificar ainda a razão da amnésia, mas acho que um período de repouso e a ingestão de muitos líquidos serão o suficiente para que ele se recupere.

O jovem examinado olhou para os rostos dos homens que conversavam na sala de consulta. Estava assustado. Todos eram estranhos pra ele. Por um momento, quis perguntar o que fariam com ele.

- Venha, rapaz. Então, vamos para casa. – Disse o homem de terno, em uma simpatia um tanto contida, que não parecia muito natural, pegando no ombro do jovem, que vestia jeans, sapatênis e um cardigã. Era nítido que aquelas roupas haviam sido emprestadas ou dadas, não combinavam muito com a idade dele.

Os dois, o jovem e o homem engravatado, seguiram em direção à saída do pequeno hospital particular. O jovem observava as características bem cuidadas do prédio e tentava lembrar-se como fora parar ali há vinte e quatro horas antes, quando acordou de um suposto acidente, segundo fora informado pelo médico, mas do qual o próprio jovem não se lembrava.

Ele se olhou nas paredes de vidro da recepção. E não sabia dizer para si mesmo quem era.

Ao sair para rua, sentiu a temperatura do ar mais fria. Arrepiou-se um pouco. Eles seguiram em direção a um grande e bonito carro preto. Na porta do carro, havia uma mulher elegantemente vestida, de salto, aparentemente os aguardando. Usava um belo casaco de cor creme que contrastava com seus longos cabelos pretos.

- Consegue lembrar seu nome, querido? – Perguntou a mulher ao jovem. Ela era linda de corpo e rosto.

- Não, senhora. – Disse o rapaz encabulado.

- Senhora? – ela riu. Não precisa me chamar de senhora, meu anjo.

O rapaz esboçou um sorriso pela tentativa da mulher em ser simpática ao ter respondido com um sorriso para tentar deixá-lo à vontade.

- Ninguém achou meu nome em nenhum lugar? – perguntou o rapaz, entrando no carro, pela parte de trás, assim que o homem de terno abriu a porta para ele.

- Não. – respondeu o homem seriamente, mas educadamente, entrando no carro. - Nenhum documento, foto, nada. Voltamos à estrada onde te achamos caído no acostamento, procuramos por vários metros perto de onde você estava caído, nada...

- Estranho... – disse o rapaz, tristemente.

- A vida tem dessas coisas estranhas... – Se intrometeu a mulher. – O mais importante é que você está vivo. Logo estará melhor.

Eles entraram no carro e seguiram caminho.

Por algum tempo, todos ficaram em silêncio.

Enquanto o homem de terno dirigia, a mulher, que não parecia ter muito mais do que trinta anos, disse, olhando em seu espelho, conferindo sua maquiagem:

O Dono da Casa (Romance Gay - desgustação)Where stories live. Discover now