Amor Entre Passos

Capítulo II: Reinventar, Recomeçar

Assim que entrei na mansão, fui recebida por um cheiro de tinta fresca e móveis novos. A decoração era moderna, mas ao mesmo tempo tinha um toque de elegância clássica, algo que minha mãe adorava. O hall de entrada era vasto, com um lustre imponente pendurado no teto alto. As paredes eram adornadas com quadros de paisagens que pareciam convidativas, mas eu não conseguia me sentir em casa.

- Vamos explorar! - sugeri para minha mãe, tentando quebrar o gelo da situação. Ela parecia absorta em seus pensamentos sobre a nova casa, então decidi que seria melhor agir sozinha. Passei por um corredor largo e encontrei uma sala de estar repleta de janelas que deixavam a luz do sol entrar em abundância. O espaço era perfeito para receber amigos, mas a solidão começou a apertar meu coração. Decidi subir as escadas e explorar os quartos. Cada porta que abri revelou um espaço meticulosamente decorado, mas nenhum deles parecia refletir quem eu realmente era.

Fui até o último andar e encontrei uma porta entreaberta. Ao empurrá-la com cuidado, descobri um estúdio com grandes janelas voltadas para o horizonte. Ali, pude ver a cidade se estendendo sob mim, como um mapa vivo. Mas foi um detalhe específico que chamou minha atenção: havia uma varanda ao lado, perfeita para sentar e observar o mundo lá fora. Era ali que eu queria passar meu tempo.

Enquanto admirava a vista, percebi uma sombra se aproximando. Era meu pai, James, que aparentemente havia chegado em casa sem eu perceber.

- Você encontrou seu lugar? - perguntou ele com um sorriso cansado no rosto.

- Eu estou tentando - respondi hesitante. Ele se aproximou da janela e olhou para a cidade também.

- Townsville é cheia de oportunidades. Você vai adorar aqui assim que se acostumar.

Mas eu não estava tão certa disso. A pressão de ser a filha perfeita dos Jones pesava sobre meus ombros. Decidi que precisava de um plano: eu ia fazer amigos novos, explorar a cidade e descobrir quem eu realmente era fora das expectativas da minha família.

Nos dias seguintes, enquanto meu pai estava ocupado com reuniões e minha mãe mergulhada em eventos sociais, comecei a usar as redes sociais para me conectar com pessoas na escola local. A ideia de ser apenas Sophia e não "a filha dos Jones" me atraía como nunca antes.

Então, numa tarde ensolarada enquanto caminhava pelo parque próximo à mansão, encontrei um grupo de jovens jogando frisbee. Hesitei por um momento, mas me sentei em um banco sob uma das diversas árvores no local, me pus a observá-los de longe. A energia do grupo era contagiante; no meio da diversão e das risadas, comecei a perceber algo. Então, esta é a verdadeira liberdade?

Na manhã seguinte, a expectativa me invadiu enquanto me arrumava para o primeiro dia de aula no colégio. Escolhi uma roupa que refletia meu estilo, algo mais descontraído, longe do que minha mãe consideraria "apropriado". Queria que as pessoas me vissem como eu realmente era, mas mesmo assim não conseguia me livrar da sensação de que estava errada.

Ao olhar no espelho, sentia que nada refletia quem eu realmente era. Quando cheguei ao colégio, o ambiente parecia um mar de rostos desconhecidos e risadas que ecoavam por todos os lados. O barulho dos sapatos e saltos se misturava à conversa animada dos estudantes, e eu me senti como uma gota d'água em um oceano. O frio na barriga era intenso, e eu hesitei por um momento na entrada da sala de aula.

Assim que a professora começou a nos apresentar, meu coração disparou. Quando chegou minha vez, palavras se perderam na minha garganta e eu mal consegui dizer meu nome. Um turbilhão de inseguranças me invadiu, mas decidi ser gentil e sorrir para aqueles ao meu redor. Após as apresentações, a professora organizou atividades em grupo. Eu temia que ninguém quisesse me incluir, mas com um sorriso tímido, me aproximei de um grupo onde algumas meninas conversavam animadamente.