Capítulo 5

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Zayos Latosakis

Segunda-feira, desci a escadaria de dois em dois degraus, ansioso para sair de casa e descobrir se o meu plano tinha dado certo e a equipe que trabalhou na festa sábado já estava recontratada, mas o meu pai deslizou de lado como um fantasma diante do primeiro degrau, me dirigindo seu olhar severo.

— Tire esse lixo e vista um terno. Vamos para a empresa hoje, preciso que assine alguns documentos.

Levantei os braços e olhei para a minha roupa. Tinha até tentado me arrumar um pouco, mas nada que não fossem ternos italianos caros tinha valor para o meu pai.

— Bom dia para você também.

— Não há nenhum bom dia para quem é seu pai.

Arqueei a sobrancelha.

— Sou seu filho, e ainda assim consigo ser feliz.

— Claro, tem todo o dinheiro do mundo à sua disposição. Mas agora chega de brincar, Zayos, vinte e três anos foi tempo o suficiente para as suas palhaçadas. Preciso de alguém que tome conta das coisas aqui na Grécia, e esta pessoa será você — explicou, mudando de expressão em seguida, com seu ar cético. — Ou vai fazer como o seu irmão, fugir e ser pobre em algum canto do mundo que não chega aos pés da Grécia.

— Zykos não é pobre e você sabe disso.

Sua risada gelava os meus ossos sempre, mas a que deu foi especial.

— Tem tanto que nem sabe o que é ser rico, Zayos. Bem, chega de perder tempo. Vou te esperar no carro em cinco minutos.

— Claro.

Passei pela lateral dele, ainda descalço. Entrei na cozinha, beijei as funcionárias no rosto, roubei nacos de bolo e pão, dançando entre elas, dona Agnes me ofereceu um copo de suco de laranja. Bebi um gole e devolvi a ela. Só tinha dois minutos.

— Obrigado. — Segurei seus ombros e beijei sua testa, vendo como sorria, satisfeita.

Era só isso, ser bom, feliz, dar amor. Será que meu pai nunca iria entender? Sabendo a resposta, avancei até a sala tentando não fazer barulho. Peguei um par de sandálias de couro e nem calcei, jogando a minha bolsa lateral à tiracolo e saindo pela porta lateral para que o homem não me visse.

A minha moto estava a alguns metros, e montei nela, me preparando para ver a sua cara quando o motor roncasse. Ergui o olhar e o encontrei dentro do carro, no assento traseiro, com a mão no queixo, pensativo e irritado à minha espera. Liguei a moto e acelerei, sem sair do lugar, sorrindo quando meu pai procurou o barulho e me encontrou.

Coloquei as sandálias entre as minhas pernas, acenei e encaixei o capacete na cabeça enquanto o via emitir xingamentos que eu não podia ouvir, por causa do motor e do vidro fechado do seu carro. Passei por ele, que abriu a porta e saiu, gritando o meu nome:

— Zayos, volte aqui, seu moleque!

Meu punho dobrou no guidom enquanto eu ria e fazia poeira para pintar seu terno escuro de areia da Grécia. Desci a colina, serpenteando o morro, vendo o cenário mais lindo que o meu país tinha, sentindo a brisa do mar, e quando cheguei lá embaixo, acelerei, sentindo meus cabelos batendo a favor do vento.

A faculdade não era longe, e quando cheguei, parei a moto perto dos carros dos meus amigos e me juntei a eles, descendo e calçando meus sapatos. Diferente de todos, que vestiam camisas sociais e tinham carros milionários, além de cursar algo relacionado a gestão, direito ou política, eu estava matriculado no curso de Ciências, para desespero do meu pai.

— E aí, Zayos, soube que anda precisando de dinheiro e está trabalhando de garçom — zombou Stefan, estendendo a mão para um cumprimento, que respondi, batendo na palma dele.

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⏰ Última atualização: 5 days ago ⏰

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O Bebê Secreto do GregoOnde histórias criam vida. Descubra agora