────୨ৎ──── Part.1 ━ 18+
O padre Charlie Mayhew era um homem doente.
Não de carne, mas de espírito. Ele podia sentir a doença apodrecendo nos cantos silenciosos de seu coração, um anseio pecaminoso que havia criado raízes ali, se contorcendo em seus pensamentos como hera rastejante.
Era uma doença que, ele acreditava, o tornava uma paródia grotesca do homem santo que ele deveria ser. Pois como ele poderia se chamar de justo, devoto, quando cada sussurro de oração parecia manchado pela maneira como seus olhos seguiam você, irmã ____?
Você era uma visão de pureza, uma personificação do tipo de devoção gentil que o padre Charlie invejava e desejava ao mesmo tempo.
Ele a observava de longe, sempre tomando cuidado para não desviar o olhar, com medo do que você poderia ver se olhasse muito profundamente. Quão obediente você era, varrendo o corredor da igreja com um foco que o fazia esquecer a poeira e ver apenas o movimento gracioso de suas mãos.
O sol, filtrado através de vitrais, parecia procurá-lo, lançando cores em seu hábito como se para marcá-lo como alguém muito além de seu alcance, quase sagrado em suas tarefas mundanas.
Era de manhã, quando ele ouvia o suave som de sua risada no pátio enquanto você alimentava os pombos, que ele sentia a mais profunda picada de sua miséria.
O mundo parecia mais simples naqueles momentos, sua risada ecoando nas paredes de pedra, o calor do sol da manhã pintando o céu em suaves tons de rosa e laranja. Ele se perguntava se você sabia como sua gentileza atraía até os animais para você, suas cabeças mergulhando em suas palmas como se estivessem recebendo a comunhão.
Havia uma quietude em você, uma gentileza em cada gesto.
O pior de tudo era durante seus serviços. O padre Charlie já tinha visto você de joelhos antes, mãos postas em oração fervorosa, seus lábios se movendo suavemente enquanto você sussurrava sua devoção a Deus.
Ele ficava no fundo da capela, observando com uma mistura de admiração e algo muito mais sombrio. Ele disse a si mesmo que era admiração, mas a verdade apodrecia sob aquela fachada.
Era desejo, uma fome que doía nas bordas de sua alma.
Uma tempestade rugia do lado de fora do convento uma noite, ventos batendo nas paredes da igreja com uma fúria que refletia a tempestade crescendo em seu peito. As nuvens estavam inchadas, escuras como seus pensamentos, e trovões rolavam pelo céu com uma violência que abalava até mesmo a fé que ele tanto prezava.
Você tinha chegado aos seus aposentos na calada da noite, sua batida mal audível sobre o vento uivante. Ele estava se preparando para dormir, recém-saído do chuveiro, vestindo apenas sua cueca quando ouviu você na porta.
O rangido da madeira velha pareceu ecoar para sempre quando ele a abriu, e lá estava você, olhos arregalados, parecendo tão impossivelmente frágil na luz fraca de velas do corredor. Sua modesta camisola agarrava-se ao seu corpo, o tecido fino se movendo na corrente de ar que entrava furtivamente do corredor.
A respiração de Charlie ficou presa na garganta ao ver você, a inocência encarnada, buscando refúgio com ele.
Ele hesitou por apenas um momento antes de permitir que você entrasse, rapidamente se envolvendo em um robe de seda que pendia frouxamente em seus ombros, mal amarrado. Ele sabia que não deveria deixar você entrar, mas havia algo na maneira como você olhou para ele — tão confiante, tão devotada — que o fez abandonar todo pensamento racional.
Você veio pedindo para rezar com ele, sua voz suave tremendo enquanto falava. A tempestade lá fora parecia um reflexo da turbulência dentro dele enquanto ele deixava você passar pela soleira, fechando a porta atrás de você.
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𝙄𝙈𝘼𝙂𝙄𝙉𝙀𝙎, 𝐍𝐢𝐜𝐡𝐨𝐥𝐚𝐬 𝐀. 𝐂𝐡𝐚𝐯𝐞𝐳
Fanfiction❞ Livro de imagines traduzidos do Tumblr do Nicholas Alexander Chavez ❝ ୨ৎ 09.10.24 ୨ৎ