𝐎𝐍𝐄

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— EU VOU EMBORA DESSA PORCARIA DE CASA, NÃO AGUENTO MAIS ESSA DROGA DE VIDA! — Gritei, indo em direção ao meu quarto e logo pegando uma velha mochila, onde procurei colocar o máximo de roupa que conseguia

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— EU VOU EMBORA DESSA PORCARIA DE CASA, NÃO AGUENTO MAIS ESSA DROGA DE VIDA! — Gritei, indo em direção ao meu quarto e logo pegando uma velha mochila, onde procurei colocar o máximo de roupa que conseguia.

— ELENA, VOLTA AQUI. VOCÊ NÃO VAI A LUGAR NENHUM! — Meu pai gritou de volta, vindo atrás de mim.

— Ah, não vou, papai? — Falei com um ar de deboche. — E quem vai me obrigar a ficar?

Disse colocando a mochila nas costas, com toda a coragem do mundo junto à mim, pois meu pai era praticamente meu dobro, poderia me impedir com muita facilidade. Mas ele apenas ficou me encarando não acreditando que sua "menininha" havia se tornado tão inconsequente. — A questão é... — Continuei a falar. — Eu não fico nem mais um segundo de baixo do mesmo teto dessa vadia, que você trouxe para casa e ainda chama de mulher.

— Lena, querida... — Meu pai tentou se acalmar. — Você está sendo injusta com Beatrice, ela é como uma mãe para você. — Senti vontade de vomitar, e meu senti meu sangue esquentar como se eu fosse explodir a qualquer momento, mais do que eu já havia.

— NUNCA MAIS! — Gritei. Mas logo respirei fundo tentando voltar à um tom aceitável de voz. — Nunca mais mesmo, compare essa biscate com a minha mãe, aliás que Deus a tenha. — Falei, pois a minha mãe havia morrido quando eu tinha apenas dez anos e quando completei quatorze meu pai conheceu Beatrice, fazendo minha vida virar um inferno. — Minha mãe era uma mulher digna, não precisava se aproveitar de ninguém para se dar bem na vida. Eu cansei, pai! Cansei de ver você sendo feito de idiota. E também cansei dessa vadi... — Me contive. — Mulherzinha, tentando tomar o lugar da minha mãe e me tratando como um nada. Ela realmente conseguiu o que queria, eu vou embora. — Beatrice observava tudo, as vezes dava até para ver um sorriso vitorioso saindo de seus lábios, mas rapidamente ela voltava a se fazer de vitima. Eu odiava ver meu pai sendo feito de idiota, ela só queria seu dinheiro.

Ali eu não ficava mais, estava cansada disso tudo!

00:30h. Eu realmente não sabia para onde iria a essa hora, mas resolvi arriscar, meu pai tentou me impedir. Porém, ao mesmo tempo que ele era mais forte do que eu, eu era mais rápida. Na minha mochila, que agora pesava em minhas costas, enquanto eu andava pelas ruas um pouco mal iluminadas do meu bairro, haviam algumas peças de roupas, coisas para a higiene e um pouco de dinheiro da minha mesada. Eu estava quase me arrependendo, com medo e com frio, apenas eu e minha insegurança. Para onde eu iria? Droga.

Até que me veio a cabeça um apartamento que meu pai possuía, porém ficava um pouco longe, eu planejava pegar um táxi e pagar com o dinheiro que havia em minha mochila. Enquanto pensava comigo, passei por um grupo de garotos. Se eles não tivessem feito gracinhas, eu nem perceberia.

— Ei, garota. Isso é hora da princesinha estar na rua? — Continuei andando o mais rápido possível, mas podia ver que eles estavam me seguindo.

— Qual é, gatinha?! Vai mais devagar, rápido assim, só na cama. — Os garotos riram e até onde deu para ver haviam quatro, não pude ver muito, o medo me impedia de olhar para trás, em minha cabeça eu só conseguia pensar "continue andando".

— Olha, Cooper. Eu acho que ela está com pressa, hein?! — Um garoto com uma voz maravilhosamente rouca falou e logo começou a rir.

— Ei, delicia, não corre não. — Falou um dos garotos, não fazia ideia de quem se tratava. Eu estava morrendo de medo, confesso, mas ao mesmo tempo eu já estava me irritando com aqueles babacas e meus pés já estavam doendo de tanto andar rápido. Então, eu senti uma mão segurar meu braço com força.

— Qual a parte do "Ei, delicia, não corre não." você não entendeu? — Um dos garotos com lindos olhos castanhos falou. Ele tinha um olhar um tanto malicioso.

— Merda, qual o seu problema? Me larga seu idiota! — Falei tentando tirar suas mãos do meu braço direito. Pude observar todos se divertindo, exceto um garoto de cabelos castanhos, maxilar perfeito e olhos castanhos escuro, ele era realmente lindo e parecia estar entediado. Até que eu me dei por conta de quem ele realmente era e estremeci. Seu celular tocou, ele atendeu e foi saindo.

— Falou, gays. Tô largando. Ah e peguem leve com essa mini vadiazinha aí. — Ele riu e virou-se de costas com o intuito de ir ao seu destino. Me irritei com o fato de ele ter se referido daquele jeito à mim e resolvi me pronunciar. Com muita coragem, é claro.

— Do que você me chamou, seu resto de Johnny Bravo? — Perguntei levando minhas mãos à cintura, como se tivesse alguma moral com ele e totalmente enraivecida com todas as merdas que estavam acontecendo naquele dia. Mas antes me soltei das mãos do garoto de olho castanho e fui para o meio, a fim de falar umas verdades para aquele idiota. Eu sabia quem ele era e mesmo assim eu estava pouco me importando. Ele virou-se para mim, me olhando de cima a baixo com uma expressão seria e ao mesmo tempo sedutora, mas mantive a pose.

— Te chamei de mini vadiazinha. Por que? Algum problema? — Ele disse chegando mais perto, me encarando tentadoramente, ele tinha um olhar desafiador.

— Quem você acha que é pra me chamar assim? — Ele era o líder dos The Canadians, uma das maiores gangues da cidade, todos só ouviam falar neles, mas ninguém sabia quem realmente fazia parte. Eu sabia porque eu morava no mesmo bairro que eles, mas não na mesma rua e minha melhor amiga, Mia, já havia me falado deles, ela sabia tudo e entrou em choque quando descobriu que essa gangue de situava no nosso bairro.

E como ela descobriu que eram eles membros da gangue? Um dia, faz mais ou menos dois anos e pouco, esses garotos se mudaram para o nosso bairro e ela ficou curiosa para saber quem era o garoto de olhos cor de chocolate, o qual ela achara lindo, então uma vez ela seguiu ele para ver se descobria alguma coisa útil e ele sem querer deixou cair do bolso uma "Folha de Plátano" feita de metal, onde continha a seguinte informação: "Nicholas Chavez, líder – The Canadians". Diz ela que quase caiu dura. Eu cairia, no caso. Acontece, que depois que ela descobriu isso, ela viciou-se mais ainda nele... Nicholas Chavez.

— Prazer Chavez... Nicholas Chavez. — Ele disse, eu estremeci ao ouvir aquele nome, eu estava diante do maior cafajeste de Los Angeles e mesmo assim, ele era o sonho de todas as menininhas iludidas (como minha linda melhor amiga) e também por quebrar o coração delas (ainda bem que Mia nunca havia criado coragem para chegar perto dele, entendo porque).

— Eu sei quem você é. — Falei indiferente.

— Sabe? — Ele arqueou as sobrancelhas. — Como? — Droga, se eu dissesse que eu sabia que ele é um Canadian, acho que ele me mataria, pois que nem eu disse, ninguém sabe quem faz parte dos The Canadians, só sabem que existe essa gangue, mas não sabem quem são seus verdadeiros membros, eles fazem tudo perfeito, sem nenhum descobrimento por parte de ninguém. Apenas eu e Mia.

— Eu confundi você com outra pessoa. — Menti.

— Eu sou inconfundível. — Ele disse. — E você é ridícula.

— Você também não passa muito longe de ser ridículo. — Falei o olhando friamente nos olhos.

— Você deveria me temer.

— Só porque você é um Canadian? — Entreguei o jogo e vi a merda que eu havia feito. — Chavez olhou para os garotos incrédulo.

— Você sabe demais. — Ele disse dando meia volta. — Dudes, levem ela para o apartamento, amanhã eu vou ver o que eu faço. Se ela não morrer, vai servir como um bom bife. — Ele disse mordendo os lábios. — Se é que vocês me entendem.

— O que? Droga, me solta! Eu quero voltar para a casa. — Gritei, ao sentir o tal de Cooper e mais dois garotos me colocando para dentro de uma Range Rover preta, tentei me debater, mas o desespero era tanto que acabei desmaiando. Tudo se apagou.






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