Entre o amor e a vingança

Sangue

Nunca agradeci tanto por estar sentada, porque minhas pernas amoleceram e meu coração palpitou, causando-me uma tontura forte.

– Há algo que posso fazer para ajudá-lo?

Minha voz é apenas um risco naquele emaranhado de emoções turbulentas. Tenho a sensação de que mesmo que eu possa ajudar, Sierra nunca me dará as respostas. E em seguida ela confirma minhas suspeitas.

– Quando li sua mão, vi algo impressionante. E por isso, não posso te dizer nada, porém, se precisar de um ombro amigo, saiba que estarei aqui.

Ela abre um pequeno sorriso, um pouco gentil e um pouco piedoso. Não sei se devo aceitar seu sorriso como algo bom, Sierra parece feliz demais com aquela história.

O que ganhará com tudo isso para se animar tanto?

Levanto-me da poltrona macia, sentindo que preciso vê-lo e garantir que Adriel está bem.

– Onde ele está?

Ela aponta para o andar de cima, me fazendo encarar a escada sombria ao final do corredor.

– Você tem duas escolhas, Susan. Ou dá um fora nele antes que ele morra, ou é egoísta o suficiente para preferir que ele viva.

Engulo em seco, não querendo responder nada disso agora. Só preciso ver como Adriel está e depois eu penso no que pode ser feito para resolver isso, porque tem que haver uma solução.

Não consigo imaginar Adriel morrendo, mesmo sabendo que foi por isso que ele lutou tanto nos últimos anos. Depois de o conhecer melhor, consigo perceber que ele não é o monstro que pensei que fosse, e é extremamente atencioso comigo.

E não deveria ter um fim tão trágico.

Subo as escadas em passos rápidos, querendo sair dali logo. O ambiente apesar de confortável, é totalmente macabro. Alguns morcegos estão nas paredes, um ponto a destacar – mortos, morcegos mortos, algumas borboletas também compõem o corrimão da escada.

O corredor é escuro, só tendo uma vela como iluminação, causando tremores em minha pele. Encaro algumas portas e a primeira porta velha que abro é onde ele está, debruçado em cima de um balde, vomitando algo que me parece... Sangue.