Ninguém vê o elefante
Ele senta no fundo da sala
Com o olhar distante
Ele se desespera em ser feliz
Ao menos por um instante
Ninguém vê o elefante
E que seja assim
Que ninguém interfira
Em seu poder sobre a vida
Em sua liberdade inata
Em decidir sobre seu último instante
Ninguém vê o elefante
Ele decidiu desistir de si
Durante uma epifania sensata
Levemente macabra
Mistura de Poe e Kafka
Ninguém vê o elefante
Em sua lida mendicante
Em seu desespero claudicante
Ninguém vê a totalidade, o restante, o insignificante
Lá vai o elefante
Flutuar sobre a gravidade
Esguichar sangue
Talvez um método moderno
Talvez um método velho
Todos com o mesmo resultado
Enfim, o fim esperado
Por fim, a calma etérea de um domingo azulado
A única esperança se torna o fim
Após a grande violência contra si
A ruptura sem volta
A poda final daquela árvore já morta
Mas eu dizia
Que ninguém vê o elefante
Ninguém vê o elefante