Dance with the Devil | Yizhan

Capítulo 43 - Ditando as regras do jogo

O wendigo rosnou para ele, mas Yibo ainda segurava firme as correntes — a besta não morta não teria chance de comê-lo.

"Yibo!" Zizi gritou da rua, e O'Malley parecia querer invadir o consulado, mas o detetive não teria escolha a não ser ficar do lado de fora, restrito pelas leis humanas. O consulado estava fora dos limites. Tecnicamente, Xiao Zhan nem mesmo tinha permissão para entrar, já que os Clãs de Sangue vampírico eram entidades soberanas. Xiao Zhan não se importava muito com as regras mortais, especialmente quando se tratava de proteger aqueles que amava. Eles poderiam ter consequências, mas Yibo duvidava disso, pois não havia como Caius deixar Xiao Zhan se meter em problemas.

Scáth ainda segurava Ling, mas com Xiao Zhan lá fora e o apito com ele, Scáth seguiria apenas o último comando de seu mestre até que eles estivessem juntos de novo. Yibo não conseguia sobrepor a compulsão do feitiço sem destruí-lo, então deixou Scáth continuar a ser ameaçador. Para um cão infernal, ele era um bom garoto.

Os guardas se aproximaram lentamente, mas Yibo balançou um dedo para eles. "Vou sair. Vou levar o filhote do meu companheiro comigo. E há duas maneiras de eu sair." Eles trocaram olhares antes de olhar para a chefe, que ainda estava esmagada sob Scáth.

"Quais são as opções?" perguntou o da esquerda.

Yibo apontou para o wendigo. "A maneira horrível é eu libertar ele, apontá-lo na direção de vocês e deixar os corpos se acumularem. A maneira realmente boa é ninguém me dar problemas, Scáth sair assim que eu estiver do lado de fora, e eu não deixar o Sr. Feio aqui para brincar."

O wendigo rosnou para Yibo, pairando sobre ele. O guarda que falou engoliu em seco e disse: "Leve-o com você, por favor."

"Com certeza!" Yibo segurou as correntes, acenou jovialmente e se dirigiu para as portas.

Os policiais do lado de fora estavam gritando, e Zizi estava arrastando O'Malley para longe, enquanto Yibo concentrava poder em seus escudos, tanto na frente quanto atrás, apertando a esfera até que estivesse em um pequeno raio de cerca de um braço de comprimento. Estava quase sólido — qualquer coisa maior que uma poeira não conseguiria penetrar. Ele não queria ser atingido.

"O que é isso?"

"Atire nele!"

Os gritos ficaram ainda mais frenéticos quando Yibo pegou as correntes com ambas as mãos, virou-se e arrastou o wendigo para o ar livre. Ele gritou, a luz do sol queimando sua carne não morta, a luz consumindo sua própria natureza. Wendigos não estavam entre os mortos-vivos sencientes, como vampiros ou ressuscitados, nem quando estavam vivos. Estava mais pra um lich, ou quase isso — um morto-vivo malévolo que era voraz, insaciável e letal. Solto, atacaria qualquer coisa viva. E continuaria atacando até ser destruído ou amarrado a um mestre. Ele ainda não era um lich — para que fosse, Yibo precisaria completar o feitiço deixando-o matar alguém e comer sua essência. Neste momento, ele era apenas animado pela vontade e afinidade de Yibo.

"Fiquem longe!" Yibo gritou e puxou as correntes novamente. O wendigo tentou lutar contra ele, mas não conseguiu. Yibo não permitiria que ele matasse e se alimentasse, e o wendigo era um ser maligno, mesmo antes de sua morte. Em vida, eram humanos distorcidos, sem moral e irremediáveis que se tornaram serial killers e canibais. A magia negra os convertia na forma de wendigo, tornando-os mais depravados a cada assassinato. Eram, segundo lendas e histórias indígenas, notoriamente difíceis de matar, e era necessário magia xamanística para matar um wendigo vivo, como evidenciado pela lança cravada no peito deste.

Ele puxou até chegar ao meio da calçada, e o wendigo se debatendo, gritando e uivando, braços longos balançando, despedaçando a cobertura e derrubando as barras de suporte metálicas, um tecido vermelho se enredando em seus pés. O sol não era hostil ao wendigo como era para os mortos-vivos sencientes — a luz do sol estava alimentando a lança e os feitiços que ainda estavam intactos após séculos.