Capítulo 5 - O Cavaleiro.

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Naquele dia nem sai da caverna, ficava pensando na discussão que tive com Lyra. Ela não entendia que eu não podia simplesmente desafiar Abadom. Não era medo do que aconteceria comigo, mas sim se ele faria alguma coisa com ela.

Me perguntava se realmente por eu ser um dragão não deveria temer o mago. Não faria sentindo criar algo mais poderoso que ele. Me faria sumir apenas com um estalar de dedos se ele quisesse. E se isso acontecesse quem cuidaria de Lyra?

Andava de um lado para outro analisando melhor o plano que Lyra teve. Talvez tenha ficado horas assim. Então como um choque que percorreu minha mente tive uma ideia. Uma coisa ela tinha razão eu precisava parar de ser tão medroso. A final de contas eu era um dragão. Sai da caverna com o peito estufado, e a cabeça erguida. Estava na hora de por o plano em ação.

Sobrevoei o deserto logo após o pântano, olhava em todas as direções.

- Vamos lá... você não pode ter desistido. - Resmungava para mim mesmo.

Abri um sorriso quando avistei um cavaleiro de armadura prateada em um cavalo branco indo em direção ao pântano. Segui em sua direção. Ao me avistar ele não correu como das outras vezes. Ele desceu do cavalo e desembainhou sua espada e ficou em posição de defesa. Eu pousei a uma distância segura do cavaleiro.

- EU VOU DERROTAR VOCÊ, MOSTRO! - Esbravejou correndo em minha direção.

Ele deu um golpe com a espada, mas desviei com facilidade.

- Será que podemos conversar?

O Cavaleiro parou e arregalou os olhos para mim.

- Um dragão falante? Deve ser algum tipo de bruxaria para me distrair.

Ele avançou em minha direção, usei minha cauda para lhe dar uma rasteira. O cavaleiro caiu de costas no chão.

- Por favor quer me ouvir.

- Nunca seu mostro!

Ele se levantou com um pulo, e ficou a espada na ponta da minha cauda. Dei um urro de dor. Uma ira que eu desconhecia ferveu meu sangue. Peguei o cavaleiro como se fosse um bonequinho de pano. Ele tentava se soltar desesperadamente. Eu rosnava ferozmente o encarando de cara fechada.

- Não ... Por favor... Não me mate. - O cavaleiro dizia com uma voz tremula.

Essas palavras me fizeram voltar a meu objetivo principal. Sacudi a cabeça para me acalmar. Então soltei devagar o cavaleiro no chão. Ele olhava em volta sem entender o que tinha acontecido. Ele tirou seu elmo e disse.

- Posso saber oque pretende? Porque se estiver pensando em me guardar para o jantar, fique sabendo que tenho um gosto horrível. Você terá dor de barriga.

Revirei os olhos e disse:

- Eu não vou comer você.

O cavaleiro tinha olhos verdes, um queixo quadrado, seu cabelo era castanho e curto, mesmo assim algumas mexas bagunçadas caiam sobre a testa.

- Então o que quer?

- Preciso da sua ajuda nobre cavaleiro.

O queixo do homem caiu e ele disse:

- Minha ajuda? Para que?

- Só me escute, você sabe que tem uma princesa presa na torre certo! Preciso que a resgate.

- É o que estou tentando fazer a meses, mas você sempre me impede, e agora quer me ajudar?

- Eu tenho meus motivos. Entretanto eu não vou conseguir sem você, e você definitivamente não vai conseguir sem mim.

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