Paradoxo - Yoonkook e JiHope

Garoto Demoníaco

Mesmo que quisesse ficar olhando para aquele garoto divino a caminhar pelo campus de maneira tão graciosa, o destino sempre seria uma vadia, independente de com quem fosse ou onde estivesse – e este parecia caprichar ainda mais quando se tratava de Jung Hoseok. O sinal das aulas soou estridente e irritante aos ouvidos de Taehyung e Hoseok, assemelhando-se as badaladas do inferno anunciando que o tempo de liberdade havia acabado e estava na hora de brincar de Jogos Mortais com o corpo docente.

Explicando em palavras rápidas, o Kim lhe indicou o caminho que precisava tomar para alcançar a sala de literatura, justificando sua pressa com um resmungo sobre não poder se atrasar sequer um segundo, pois o professor de educação física era um sociopata.

Ok. Não pela primeira vez no dia, Hobi ficou sem entender nada, mas preferiu guardar suas dúvidas para si por 1) não conhecer o tal professor, e 2) o mais novo já ter corrido para longe mais rápido do que o papa-léguas jamais poderia. Ficar parado no meio do pátio não ia resolver nada e muito menos lhe traria qualquer luz de compreensão a mente, apenas lhe daria mais problemas para somar ao desastroso primeiro dia de aula e uma visita nada agradável a coordenação e a sala do orientador.

Como já estava com o livro dentro da bolsa, apenas seguiu as instruções do amigo e se dirigiu, ainda que um tanto confuso, até a aula.

Normalmente, literatura era uma das matérias da qual mais gostava, mas isso dependia muito do assunto que estava sendo estudado – gostava, particularmente, da literatura japonesa e da inglesa, mas não a dali – ou do professor que ministrava.

Ao entrar na sala, percebeu que era um dos últimos a chegar e que até o professor, que era, finalmente, alguém que parecia não possuir aquela mutação "Busanesca" e até parecia um doce de pessoa, já estava na sala.

Pegou uma carteira próxima a parede e ajeitando os óculos que não paravam de escorregar pelo seu nariz, sentou-se em um lugar que não ficasse muito na frente ou muito atrás, colocando a bolsa sobre a mesa. Reparando nos colegas, viu que a maioria era bonita e que muitos deles se encaixavam perfeitamente nos estereótipos dos grupinhos que Tae havia lhe apresentado pela manhã.

Havia uns três rapazes com dreads, uma garota que tinha dois copos de café sobre a mesa – inclusive, ela parecia prestes a ter uma convulsão, se já não estava tendo com todos aqueles tremores – um carinha com umas mexas e uns colares estranhos, além de umas roupas muito coloridas – se perguntava se boa parte da população dali sabia surfar. Havia também uns estudiosos que se encontravam na frente, concentrados como se o professor pudesse sussurrar o segredo do mundo a qualquer momento, e até eles eram bem arrumados e com a postura perfeita. Havia também uns bagunceiros logo atrás, ocupando o clichê espaço no fundo da sala. Alguns góticos no canto da sala, que pareciam discutir sobre Evanescence e outras bandas "trevosas"; e uns mauricinhos bem no meio, um meio bastante literal de fazer valer o ditado "ser o centro das atenções". Esses eram bonitos e bem arrumados, daquele tipo "capa de revista", quase como se fossem modelos contratados para um ensaio envolvendo a enfadonha vida de colegial e a Vogue fosse aparecer a qualquer momento para fotografá-los – e todos eles estavam exibindo a maldita mutação genética do pessoal dessa cidade.

De imediato, soube que não gostaria deles. Principalmente de um loiro bonito e forte, que falava e ria alto.

Havia, porém, um garoto impressionantemente branquelo – quase translúcido – que não parecia se encaixar em nenhum dos grupos, mesmo que parecesse estar em algo entre os estudiosos e os delinquentes. Ele estava sentado numa postura totalmente errada na cadeira, um dos pés jogados de forma displicente sobre a mesa, e tinha um olhar atento ao seu grosso exemplar de Saco de Ossos do Stephen King em mãos. Possuía um cabelo verde-menta, o que realçava ainda mais sua brancura surpreendente – algo que fez Hoseok cogitar se ele não era albino ou coisa do tipo; e lhe parecia tão alto quanto um duende. Ok, isso era de fato um exagero.