Nota do autor: Essa fic NÃO é um angst, NÃO esperem finais trágicos. Essa fic é um presente de aniversário e é um surto caótico da minha mente, o qual dedico carinhosamente à lilisa. Faz muito tempo que não escrevia nada de Genshin, e ainda estava penando o que ia fazer, se ia escrever de algum outro fandom, mas daí tive essa ideia e como sempre gostei de colocar os Haikaveh pra passarem raiva e vergonha nas minhas fics, optei por fazer com eles aqui.
Lilisa, vc sabe o quanto eu te admiro, e espero que vc acima de qqr pessoa goste deste humilde presente. Não sei quantos capítulos vai ter, provavelmente uns 4 ou 5, então tenha paciência comigo, ok? <3 Te amo.
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Era um cruzeiro de dez dias. Nada menos do que o merecido depois de tanto quebrar a cabeça em códigos e mais códigos.
Alhaitham, vinte e sete anos, programador — ou como seu melhor amigo Cyno gostava de dizer, "garoto de programa" —, solteiro, exausto, entrou no navio na manhã anterior com os amigos Nilou e Cyno, e o namorado deste, Tighnari. A ideia era ir sozinho, mas quando os amigos descobriram que ele estava indo para um cruzeiro, rapidamente deram um jeito de conseguir passagens para o mesmo navio, afinal um cruzeiro era um rolê e tanto, do tipo que nunca tinham feito antes.
O navio vinha de Fontaine, a coisa mais chique que Nilou já tinha visto, e ela estava louca para experimentar a ópera, dançar nas festas, brincar na piscina. Cyno estava ansioso para comprar uma porção de souvenirs para os amigos que não tinham vindo com eles, e Tighnari esperava que pudessem ver golfinhos e baleias durante o trajeto.
Alhaitham, entretanto, só queria algum sossego, o que já tinha ido por água abaixo quando aquela gente toda tinha decidido ir junto. Nem mesmo indo para o alto-mar tinha alguma paz. Não que desgostasse dos amigos, mas às vezes tudo o que queria era um tempo sozinho.
Por sorte, ao menos na cabine tinha alguma paz momentânea. O balanço suave das ondas, a luz difusa entrando pelas cortinas da cabine, seu livro em mãos e o silêncio, já que naquela hora do dia a maior parte das pessoas estava aproveitando a piscina do navio, ou nas festas infinitas que rolavam do outro lado da embarcação. O que interessava realmente ao programador naquela viagem não eram as festas, os locais paradisíacos onde o navio faria paradas, nem as piscinas e muito menos as pessoas. O que lhe interessava de verdade era o que aconteceria naquela noite e onde o navio estaria. O mar estava calmo, não havia nenhuma previsão de chuva para aquela noite, o que era perfeito. Estaria sobre um enorme espelho de água que era o mar a refletir o céu no momento exato em que uma chuva de meteoros ocorreria. Tinha levado sua luneta, preparado-se com antecedência para o evento celeste que ocorreria naquela noite. Da cidade seria difícil ver com as luzes todas, mas no meio do oceano, seria um verdadeiro espetáculo.
Quando o momento finalmente chegou, o céu estava limpo, tão bonito que só aquela visão já valeria a viagem inteira, e pensar que teria aquele céu sobre si por mais de uma semana, Alhaitham se sentia um tanto revigorado. Montou o tripé sobre a proa do navio, em um ponto onde poderia observar a passagem dos meteoros e preparou-se para o grande momento. As estrelas pareciam formar ondas no céu como seu reflexo sobre o mar, a lua estava muito bonita também, mas não estava na direção onde os meteoros passariam, então não podia ficar tempo demais olhando para ela se quisesse ver seu espetáculo pessoal na hora certa.
O céu se iluminou com a aproximação dos meteoros; Alhaitham aproximou seu olho da luneta, vendo com clareza as rochas se inflamando e deixando seu rastro após atravessarem a atmosfera, mas o efeito era breve, pois logo elas se dissiparam, desfazendo-se como um sonho fugaz e efêmero. O programador sorriu para si mesmo, grato por ter assistido aquilo no momento certo e dando um passo para trás, afastando-se brevemente da luneta para olhar a olho nu para o céu mais uma vez, mas agora um grito estranho chamou sua atenção.
— Cuidado!
CRASH!
Muita coisa se passou pela cabeça do programador naquela fração de segundos, mas nem uma delas sequer era condizente com a realidade daquele momento. Certamente ninguém em sã consciência esperaria que um ser humano adulto caísse do céu diretamente sobre si no meio do motherfocking oceano. E o que rolou em seguida foi ainda mais bizarro, se é que aquilo era possível.
Algo passou sobre eles num vôo rasante, havia uma sensação iminente de perigo, mas não tinha como dizer o que era aquilo. O homem que tinha caído sobre Alhaitham se moveu, puxando o corpo grande e forte do programador consigo, fazendo com que os dois rolassem para o degrau inferior da proa, caindo duramente no chão, mas conseguindo esconder seus corpos parcialmente na penumbra formada pela escada ao lado. Alhaitham ia xingar, mas seus olhos encontraram o carmim aflito dos olhos daquele rapaz loiro que lhe pedia silêncio com um gesto. O rosto dele exprimia um apavoro real, e talvez o programador até devesse estar tão apavorado quanto ele se soubesse o perigo que estava correndo, mas a confusão era sua única real e leal companheira dentre os sentimentos que podia ter naquele momento.
A coisa passou novamente, rondando o local. O vento criado por aquilo sacudiu os cabelos loiros do homem à sua frente e fez com que ele fechasse os olhos por um instante, com uma expressão de dor, antes de abri-los novamente e olhar para cima como se procurasse pelos inimigos alados que podiam estar em qualquer lugar. Ficaram bons minutos em silêncio, respirações ofegantes pelo susto e pavor, até que o loiro se atrevesse a falar algo.
— Acho que eles foram embora. — o rapaz falou, levantando-se com cuidado, observando os arredores antes de estender sua mão para o programador.
Alhaitham deu um tapa leve na mão do loiro e levantou-se sozinho, dispensando a ajuda com grosseria ao perceber sua luneta destroçada no chão.
— O que caralhos foi isso e quem é você? — perguntou sem conter a rudeza em sua voz.
— Me desculpa, ok? Eu não queria cair em cima de você também, seu grosso! Não era pra ter ninguém aqui a essa hora.
— Estava tentando se matar por acaso? De onde raios você pulou? E o que caralhos eram aquelas coisas? Da próxima vez, quando quiser morrer, se jogue no oceano, não em cima de pessoas. Morra sozinho!
— Eu não estava tentando morrer! Muito pelo contrário! Eu estava justamente tentando NÃO morrer, caso não tenha notado. Inclusive, de nada por ter salvado sua vida. Não precisa me agradecer, tá? Eu tô numa boa. — o loiro claramente não estava numa boa. Cruzou seus braços em frente ao peito e inflou as bochechas irritado.
— Me salvou do quê? O que era aquele troço?!
— E-eu não posso dizer! — o loiro sacudiu os braços com urgência, mas seu olhar aflito dizia que era sério. O ponto é: Alhaitham não se importava com o quanto aquilo era sério, não era problema dele.
— Se mata.
O programador subiu as escadas, ignorando o outro homem e qualquer expressão que ele pudesse fazer, recolhendo os cacos do que poucos instantes atrás era sua luneta, pensando se não devia ter comprado uma viagem para as montanhas nevadas, para efetivamente ficar um tempo sozinho, em vez de ter que lidar com gente louca em tudo que era lugar. Estava num hospício, não num navio.
— Cuidado!
Ele de novo. Estava cansado da voz dele, e não o conhecia nem há quinze minutos. Ia dizer algo, mas o homem se jogou sobre ele de novo.
Dessa vez, entretanto, foi diferente.
O que quer que fosse aquela coisa, tinha acertado.
Alhaitham viu as lágrimas no rosto bonito do loiro. Não tinha nem se dado conta antes, por causa do susto e da raiva, que ele era tão bonito assim de tão perto. Talvez fosse o escuro também.
E cada vez estava ficando mais escuro.
O loiro caiu sobre si. Seu estômago doía como nunca, queimava. O loiro tossiu, Alhaitham viu o sangue espesso escorrer do canto da boca dele. O filho da mãe tinha cuspido sangue na sua cara. Ia comentar sobre aquilo em tom de ódio em algum fórum mais tarde...
...Qual era mesmo o nome do fórum?
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Isso é normal, ou estamos sendo abduzidos? [Haikaveh]
FanfictionAlhaitham só queria férias tranquilas quando comprou sua passagem naquele cruzeiro, mas um encontro repentino com uma criatura de outro mundo faz com que seus planos mudem da água para o vinho.