Quem de nós vai abrir a janela do submarino?

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Alhaitham morreu. Ele tinha certeza de que tinha sido trespassado por alguma coisa. Certamente aquilo tinha atravessado alguns de seus órgãos importantes, bem como do loiro também. Os dois estavam mortos na proa do navio e alguém logo encontraria seus corpos frios e vazios lá. Imaginava o caos que seria. Capaz que o navio tivesse que voltar, mas, mesmo se voltasse, ainda seria uma longa viagem até a costa, e até lá o que eles fariam com os cadáveres?

Pi pi pi. Pi pi pi.

Alarme.

Pi pi pi. Pi pi pi.

Tinha despertador no pós vida? Mas que caralho.

Abriu os olhos lentamente, esticando o braço e logo alcançando um aparelho de celular que apitava incessantemente. Desligou o despertador e fechou os olhos, sentindo a leveza das ondas balançarem o navio. Tudo fazia sentido. Tinha sido uma porra de um sonho, só isso. Não lembrava de ter ido pro quarto depois da chuva de meteoros, mas certamente não estava morto.

Levantou-se preguiçosamente depois de mais uns minutos, arrastando os passos até o banheiro da cabine para banhar-se. Tirou as roupas sem nem pensar direito, enfiando-se sob a água morna, deixando-a molhar sua pele e fazer o sono e a confusão escorrerem pelo ralo. Sentia-se leve depois daquele pesadelo horroroso.

Saiu do banho enfiando-se em um roupão e parando para escovar os dentes. A necessaire sobre a pia lhe chamou a atenção: não era a sua, era chamativa. Uma bolsa bege com zíper vermelho decorado com uma pedra verde. Estranhou e abriu. Cremes faciais, uma escova de dentes, creme dental. Enxaguante. Não ia usar uma escova de dentes que não lhe pertencia, mas o enxaguante até dava. Serviu uma pequena dose para bochechar e então finalmente olhou para o espelho, cuspindo tudo de uma vez com o susto que tomou ao ver a figura completamente diferente.

Olho carmim, pele pálida, lábios rosados. Cílios longos, cabelos loiros bagunçados. O homem no espelho não era Alhaitham, mas sim o doido suicida do sonho na noite anterior. O homem estava à sua frente, copiando seus movimentos, era ele no espelho. Alhaitham devia estar sonhando outra vez, aquela merda não fazia sentido nenhum.

Afastou-se da superfície reflexiva. A respiração estava um pouco alterada, por mais que repetisse para si mesmo que aquilo não passava de um sonho estranho. Ouviu batidas na porta, não poucas, várias. Muitas batidas, cada vez mais desesperadas. Ignorou a si mesmo, bufando, e caminhou até a porta, abrindo-a para ver quem incomodava. Viu a si mesmo entrar rapidamente e fechar a porta, e encarou-se confuso. Quem era a pessoa em seu corpo?

— Merda! Como eu imaginava. Claro que a gente trocou de lugar, claro! — ele bufou parecendo irritadiço. Era engraçado ver seu próprio rosto fazendo tantas expressões num período tão curto de tempo.

— O que quer dizer com isso? Você é o cara de ontem? Quer me explicar o que está acontecendo aqui? — cruzou os braços, perguntando como se não tivesse mais nada para fazer naquele momento.

O outro suspirou e caminhou até a cama, sentando-se preguiçosamente e então brincando com uma mecha do cabelo cinza enquanto sua expressão se tornava um bico estranho. No corpo do loiro, Alhaitham arqueou uma sobrancelha.

— Eu não quero, mas acho que te devo alguma explicação. Digamos que eu descobri um segredo problemático do meu povo e fugi para não me envolver, só que fui descoberto e perseguido, e acabei trombando com você, e agora estamos em corpos trocados. Me desculpe.

Banana, balela, banana, balela. Que porra era aquela?

— E onde isso explica qualquer coisa até agora? — perguntou depois de alguns momentos de silêncio desconfortável.

— Ah, claro. — o homem em seu corpo suspirou e pendeu a cabeça para trás. — Esqueci a parte mais importante. Eu não sou humano, meus amigos também não.

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⏰ Última atualização: Oct 27 ⏰

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Isso é normal, ou estamos sendo abduzidos? [Haikaveh]Onde histórias criam vida. Descubra agora