Ato 1, Sequência 2: Elżbieta

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Ato 1: Causas

Sequência 2: Elżbieta

Cena 3: O Quarto (casa em Varsóvia, doze de junho de dois mil e vinte quatro, dezoito horas e vinte e três minutos)

O quarto é um lugar não muito amplo, é um pouco restrito se for considerada a mobília. Pouca luz, proveniente dos últimos momentos que o sol dará o ar de sua graça no dia, ilumina seu interior. De uma composição improvisada e com a decoração buscando compensar tal fato, o quarto exibe distinção do que é com o que tenta parecer ser. A mão desliza pelo corpo magro.

Uma seleção das melhores fotos, raramente individuais, é exibida em alguns lugares. Uma câmera, um headset, alguns cadernos e coturnos que não são suficientes para compensar a altura de 1,54 metro formam uma sutil bagunça por não estarem nos devidos locais. Uma estante serve de apoio para uma quantidade desnecessária de produtos de autocuidado, que foram sendo acumulados conforme a passagem de datas comemorativas. A mão tateia o resultado da excitação.

A cama, numa clara manifestação de um pedido específico, é um pouco generosa para um quarto notavelmente de uso individual. Não, não estão as paredes repletas de pôsteres e as estantes estranguladas por uma instalação malfeita enquanto suportam dezenas de livros. O quarto é simples, não admite muita expressão e sentimentos. A mão começa a se deixar levar.

Entretanto, o quarto é, neste momento, sede de uma situação mais interessante. Agora, aquela pouca luz que recebe brilha um pouco mais forte. A grande cama está confundível com uma nuvem imaginária. As paredes nem parecem ter tonalidade bege desbotada, quase reluzem aos olhos de quem ali está. A distância entre os limites de espaço também estão distorcidos para algo mais espaçoso. Um braço abraça o fofo travesseiro, o outro se mantém tenso. Deveria ter tirado as meias, também. O celular recebe 2 notificações. Já se passaram 2 minutos.

LUKASZ

(notificação de mensagem no celular, em polonês)

- "oii, tá aí?"

- "Elz, aparece quando der"

Fodam-se as notificações, pelo menos por agora. Depois receberão a devida atenção, dependendo do que se tratarem. O braço já fornece incômodo, mas recém tinha começado o serviço. Como seria ser notada, elogiada, sexualizada por aquele menino imaginário perfeito? Ok, o pensamento realmente ajuda no objetivo do momento. Já se passaram mais 3 minutos.

Tudo acelera. O tempo se estica. A respiração se torna pesada. A calcinha é uma barreira, mas nada que impeça. É até legal, masturbar-se assim. A última tentativa tinha sido interrompida por uma ligação de Anna, também referida, aqui, como mãe. Havia sido na noite anterior e com o intuito de avisar que ela e Andrzej, o pai, se atrasariam um pouco. Isso até poderia ajudar, se não fosse a interrupção.

Já não importa, é só compensar agora. Um pouco mais de intensidade contribuirá. Não estava frio ali dentro? O cobertor é movimentado e leva ao chão os óculos precipitadamente depositados sobre ele há poucos minutos. Seria muito legal sentir beijos no pescoço. Ou não? Talvez. Valeria o teste. As pernas dobradas se afastam um pouco mais. Já se passaram mais 4 minutos.

LUKASZ

(notificação de mensagem no celular, em polonês)

Ao Cair das MáscarasOnde histórias criam vida. Descubra agora