Ato 1, Sequência 4: Cadeia de Comando

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Ato 1: Causas

Sequência 4: Cadeia de Comando

Cena 9: O Carro (bar em Varsóvia, doze de junho de dois mil e vinte quatro, dezoito horas e quarenta e três minutos)

O movimento no bar aumenta. As paredes escuras contrastam com garrafas de conteúdo e rótulo coloridos, bem como com as geladeiras patrocinadas. Uma mulher cheia de si, experiente, muito bem arrumada, é algo como a atração da noite e canta sussurrante provavelmente porque sairia do tom caso contrário. Não que afete o gosto do público, longe disso: o vestido é suficientemente decotado.

Andrzej está ali há pouco tempo, mas já se encontra fora de si. Começa a olhar ao seu redor, sem ao menos saber o que procurar. Em troca de pouco, deu tudo o que tinha. Quando começou a ter problemas com a fiscalização, não viu opção senão reduzir o fornecimento dos insumos que Wictor solicitava. Da outra vez, foi temporário: Anna deu um jeito de subornar indiretamente os ex-companheiros do governo, sem que se revelasse. Contudo, dessa vez a produção já estava totalmente suspensa pela ausência total de matéria-prima. Não é mais questão para mera advertência.

Subitamente, um homem de roupa escura, com vários bolsos, falando ao telefone, esbarra em Andrzej, que estava sentado em frente ao balcão. Os dois se olham, um confuso e o outro atenciosamente. Um termina o que fazia falando mais algo e encerrando a ligação, o outro bebe mais um pouco. Não muito tempo depois, às 18:38, uma dupla não muito convidativa de homens passa, pega sem dificuldade o bêbado pelo braço e o levam para fora do bar. Sorriam e comentavam ao público alguma historinha boba como que estavam buscando um amigo após ele discutir com a esposa. 

Quando chegam na calçada, tentam falar com Andrzej, que responde indistintamente, sem sentido. Decidem continuar, esperando até que um charmoso carro preto pare para buscá-los. Embarcam, uns atrás e outro na frente, totalizando 4 pessoas no veículo. O bêbado começa a perguntar, reclamar e xingar, tendo uma considerável noção do que se tratava. Os homens de preto, com visual que praticamente entregava a condição de capangas, discutem entre si sobre aquele ser mesmo ou não um momento aceitável para uma reunião, visto a condição do homem ora fornecedor.

Não cabia a eles tal discussão. O Chefe era, sem dúvida, uma pessoa rígida que, se escolheu seguir as ações mesmo com Andrzej bêbado, não deveria ser questionado. O motorista, através de ultrapassagens acirradas, curvas bruscas e desrespeitando várias paradas obrigatórias, chega rapidamente ao que era, na verdade, apenas mais uma parada.


Cena 10:  A Visita (casa dos Szymanski, doze de junho de dois mil e vinte quatro, dezoito horas e cinquenta e oito minutos)

Anna checa quem tocou a campainha pelo olho mágico da porta. Não sabia quem era aquele homem, mas não levou tempo algum para que entendesse o que ele representava. Dá alguns passos para o lado e discretamente verifica através da cortina o carro estacionado na calçada. Não lhe era estranho, também. 

Percebe, ao fundo, o que mais queria ver, mas não agora, neste momento: vinha Elz, pedalando apressada. Sem pensar duas vezes, corre até a mesa. Pega papel, lápis, não caneta, anota o que considera necessário. Vai até uma escrivaninha, escolhe uma chave dentre uma dúzia , mais um objeto e coloca tudo dentro de um pequeno saco de tecido. Não demora mais do que 1 minuto para isso, quando, então, abre a porta e caminha em direção à garota, já parada na calçada sem saber como reagir, ignorando o homem misterioso (ou nem tanto). Ele reclama.

CAPANGA 1

(em polonês, bruscamente)

— "Ei, ei! Pode ir parando!"

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⏰ Última atualização: Oct 23 ⏰

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