Alívio

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Era madrugada, por volta das três da manhã, e os sons da chuva preenchiam a casa da família Black. Sirius, o filho mais velho, andava inquieto de um lado para o outro no quarto, terminando de arrumar suas coisas e tentando fazer o mínimo de barulho possível. A decisão de fugir fora tomada em cima da hora; ele estava farto da família e de seus ideais radicais, cansado dos maus-tratos de sua mãe e da indiferença de seu pai.

Com suas coisas prontas, Sirius as enfeitiçou para que flutuassem silenciosamente e saiu do quarto, seguindo rumo para o andar térreo da casa. Mas, para sua surpresa, encontrou seu irmão mais novo, Regulus, esperando no final da escada.

— Quando você ia me contar? - A voz de Regulus estava embargada, seus olhos vermelhos denunciavam que ele havia acabado de chorar.

Em suas mãos, Regulus segurava a carta que Sirius havia deixado no escritório do pai, onde explicava que estava partindo e que não pretendia voltar.

— Reggie... - O coração de Sirius apertou ao ver o estado do irmão.

— Você ia me deixar aqui? Ia me abandonar? - As lágrimas voltaram a escorrer pelo rosto delicado de Regulus.

Sirius não conseguiu resistir. Puxou o irmão para um abraço apertado, deixando-o chorar em seu ombro enquanto afagava seus cabelos.

-— Por favor, Sirius... não me deixe sozinho aqui...

Um nó se formou na garganta de Sirius. Ele não sabia o que dizer. Sentaram-se no penúltimo degrau da escada, e quando o choro de Regulus finalmente cedeu um pouco, ele se afastou, fitando o irmão mais velho com uma tristeza profunda no olhar.

— Fique... por favor... - Regulus pediu, ainda abalado.

Fazia anos que Sirius não via o irmão assim, tão vulnerável, tão sensível. Lembrava-se de quando Regulus era apenas um garotinho de seis anos, agarrado à sua blusa, chorando porque havia sido punido pela mãe.

— Venha comigo - Sirius ofereceu sem pensar duas vezes.

— O quê...?

— Os Potter não vão se importar. Euphemia é um doce, e Fleamont é um homem extremamente gentil. Eles vão te aceitar também. - Sirius agarrou as mãos do irmão, desesperado. O tempo estava passando.

— Eu... eu não poderia... a mamãe...

— Ela não te ama, Regulus! Ela só ama a ideia de você como o filho perfeito, obediente, cumprindo todas as expectativas dela. Ela não nos ama... - A voz de Sirius subiu um tom, mas ele rapidamente se controlou. Não podia correr o risco de acordar alguém.

— Os Potter nem me conhecem. James mal me tolera... você está louco? - Regulus parecia incrédulo com a oferta do irmão.

— Isso não importa. Eles confiam em mim. James vai aceitar, ele fará isso por mim. - A confiança de Sirius em seu melhor amigo era palpável.

— Eu... não sei... não sei se consigo... - As mãos de Regulus tremiam.

— Você é mais corajoso do que imagina, estrelinha. Você consegue, só precisa querer. - Sirius recorreu inconscientemente ao apelido de infância que costumava usar para o irmão.

De repente, Regulus se levantou e subiu as escadas sem dizer nada, como se sua partida fosse uma declaração silenciosa de que não iria. O coração de Sirius se partiu naquele instante.

Ele deixou as lágrimas caírem por um breve momento, sentindo a dor de ter que deixá-lo para trás. Mas logo se levantou, pegou suas coisas e caminhou até a porta. No entanto, ao girar a maçaneta, Sirius ouviu passos apressados que tentavam ser silenciosos atrás de si. Regulus havia voltado, carregando algumas bagagens, ainda vestindo seu pijama listrado de verde e calçando um all star preto de forma apressada.

Chasing the Light - JegulusOnde histórias criam vida. Descubra agora