Capítulo 4

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A gente se parece no jeito de agir
E o seu sorriso tímido me faz sorrir.

Amor de fim de noite — Orochi

Depois do jantar os polícias nos mandaram de volta para as celas

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Depois do jantar os polícias nos mandaram de volta para as celas. Eu não fui para a cela de Lie, já que aquilo com certeza foi ironia. Ela não podia estar falando sério.

— Você é quieto demais, meu Deus! — Exclamou Jason se pendurando para me olhar. — Parece que convivo com um morto, não escuto uma palavra, uma respiração, nada!

Eu revirei os olhos reprimindo meus lábios de se abrirem em um sorriso.

— Idiota. Vai voltar a ler o seu livro, vai. — Fiz sinal para ele que revirou os olhos.

— Por que você está tão pensativo? A pequena menti...

Lie! — Corrigi-o

Chato! A Lie, — Deu ênfase — mexeu mesmo com os seus pensamentos não foi? — Riu. — Foram só palavras, Ashtray.

— Jason cala a boca! Eu não quero te escutar. — Respondi.

Aquelas palavras, por mais que eu não quisesse era verdade. Uma verdade tão fodida, que nem eu estou acreditando.

A verdade é que estar perto de Lie, me causava sensações na quais nunca haveria sentido com nenhuma outra garota. E eu não sei que sentimentos são estes, eu não sei o que eles são e o porque eu sinto meus batimentos acelerarem assim que ela olha pra mim. Eu nunca precisei distinguir meus sentimentos. Até porque eu quase nunca tive eles.

Eu realmente queria saber o que sinto por aquela pequena mentirosa, insuportável.

Mas isso não importa agora. Eu não posso sentir nada, eu preciso afogar esses sentimentos num balde. E se eles não morrem, eu posso arranca-los com minhas próprias mãos. Se eu deixasse esses sentimentos estranhos vivos eu com certeza iria queima-lá e eu não posso deixa-la se queimar no meu inferno.

Eu bufei irritado com os meus pensamentos.

— Meu Deus primeiro som que você ecoa no quarto. — Escutei a voz insuportável de Jason.

— Jason, cala essa sua boca insuportável. Ou eu vou aí e grudo sua boca nesse seu livrinho idiota pra você nunca mais falar.— Ele deu uma risada alta mas ficou quieto.

Eu me levantei finalmente escutando um dos meus pensamentos. Abri a porta da cela e sai andando sem avisar nada para Jason.

Passei por algumas celas até encontrar a que eu queria. A da garota mais insuportável que já pisou na terra.

— Eu preciso de uma faca. — Murmurei entrando na cela da pequena mentira.

— Que susto, filho da puta! Bate antes de entrar caralho. — Ela quase pulou da cama que estava deitada.

— Estou falando sério, Lie! Preciso de uma faca. E eu pago o que você quiser. — Me apoiei nas grades da cela encostando as costas ali. A garota revirou os olhos.

— Não me chame assim!

— Mas é o seu nome.

— Eu não me importo! Você quer uma faca? Ela vai custar uma coisa... — Fez suspense.

— Eu estou sem paciência, Lie!

— Já falei para não me chamar assim, porra! — Murmurou sua voz transparecia um pouco de irritação. — Se eu te der a faca, você vai ter que ser meu modelo de desenhos quando eu quiser, sem reclamar. Me entendeu? — Assenti com a cabeça.

— É sério que quem compra com você paga essas coisinhas bestas?

— Calado. Ou eu mudo de ideia.

Ela desceu da cama de cima, puxou o colchão da cama de baixo um pouco mostrando a quantidade de armas escondidas ali. Tinha, pistolas, oito milímetros nove milímetros... de todos os tipos. Facas, adagas, canivetes. Puta que pariu isso aqui era um mundo. Além dos pacotes com maconha, cocaína, metanfetamina, entre outras drogas.

Ela passou os dedos por todas as faças escolhendo qual iria me entregar. Seus dedos pararam numa adaga preta, sua capa era preta com alguns detalhes. Ela puxou dali.

— Seus olhos parecem de criança quando ganham novos brinquedos — Riu. — Os brilhos nos olhos, são iguais.

— Vai se foder. — Gargalhou.

A garota segurou a adaga entre os dedos tirou sua capa e me mostrou.

— Se não quer se machucar, não passe, nem que seja de leve, por sua pele. Ela é afiada e corta de tudo. — Assenti com a cabeça. — E se você for pego com isso por algum policial que não seja nenhum dos meus, você não pode falar onde conseguiu isso. De jeito nenhum, você pode falar que foi comigo, tudo bem? — Assenti levemente com a cabeça.

Parece que a pequena mentira não era a maioria das coisas que eu pensava. Ela era diferente, não era uma burra igual uma porta.

— Você tem que me responder, Ashtray! — Me tirou do meu tase.

— Sim, sim. Eu entendi, não posso dizer a ninguém que comprei isso com você. — Ela me entregou a adaga e eu a guardei dentro do meu macacão.

— Tudo bem. Vai querer mais alguma coisa? — Perguntou pegando um baseado colocando-o na boca acendendo. Neguei com a cabeça. Ela me ofereceu o baseado e eu neguei novamente. — Não é como se eu fosse te drogar com a erva que também estou fumando, garoto abusado. — Revirou os olhos murmurando como se fosse óbvio.

Eu peguei o baseado da garota levando aos lábios, fechando os olhos enquanto sugava lentamente, sentindo o calor suave do fumo encher meus pulmões. O ar carregado de fumaça densa se espalhou assim que expirei-o para fora, enchendo o lugar com uma fumaça acinzentada. Lie estava sorrindo com os olhos levemente vermelhos.

— Te matou? Sente que vai desmaiar novamente? — Riu irônica puxando o baseado das minhas mãos.

— Você é insuportável, pequena mentira. — Seus olhos brilharam enquanto tentava esconder os sentimentos revirando os olhos.

O que tanto você esconde através deles, diabinha?

— Acho melhor você sair daqui, antes do toque de recolher. Ou vai ter que dormir com a pequena mentira, insuportável. — Ela avisou antes de da uma última tragada no baseado. A garota me entregou e fez sinal para que eu saísse se virando e andando até a cama. — Da próxima vê se avisa que tá chegando antes de me assustar assim parecendo uma assombração. — Revirei os olhos mostrando o dedo do meio.

Eu sai da sua cela indo diretamente para a minha. Jason estava deitado na cama de cima com o livro sobre o rosto, ele estava apagado. Havia dormindo, enquanto lia.

Esse cara era legal na mesma medida na qual ele era insuportável também.

[...]

Parece que a pequena mentira não aceita mais o nome👀👀

Dealers - 𝐀𝐬𝐡𝐭𝐫𝐚𝐲Onde histórias criam vida. Descubra agora