CAPÍTULO

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ALICENT HIGHTOWER

Alicent estava cética. Ela sabia que os Veralyon não acreditavam nos Sete, sua fé estava naquele que se dominava deus dos mares e dos ventos, o que portava o ouro na mão esquerda e a justiça na direita. E mesmo assim, ali estava ela, inclinada sobre um altar levantado em homenagem à  Mãe. Foi uma surpresa muito bem vinda e acalmou seu coração angustiado e repleto de fúria.

Aquele Septo havia sido seu refúgio desde que o Meistre a expulsou dos aposentados de Aemond após seu surto, oh, ela definitivamente faria Sor Criston arrancar a cabeça daquele homem asqueroso depois que sua criança se recuperar. Seu doce menino, a beta ainda se contorcia em dor ao lembrar da imagem agoniante de seu único filho omega repleto de sangue e pálido. Aquela era uma imagem que nenhuma mãe deveria ter.

— É índole, não é mesmo ? — a voz rouca, porém firme, ressoou como um canto sutil de tristeza atrás de Alicent. A beta virou a cabeça de leve, vendo a Princesa Rhaenys com a postura rígida, observando-a  — Como corremos em direção aos deuses em busca de algum alívio para nossa dor.

Alicent engoliu em seco, acenando com a cabeça enquanto via a Rainha que nunca foi se aproximar em passos leves, o vestido preto de veludo parecia pesado no corpo emagrecido e o véu transparente da mesma cor parecia está causando certa repulsa na mulher. A beta queria ser corajosa o suficiente para estender as mãos é tocar em Rhaenys, dar algum alívio para a mulher que mesmo após perder os únicos filhos, ainda mostrava força e vitalidade.

Alicent sempre admirou a Targaryen, em seus sonhos mais cruéis ela se imaginava como a montadora de Meleys, ela se via empunhando uma espada de aço e protegendo sua casa de saqueadores e maldosos de sangue. Ela almejava ter a mesma força que Rhaenys.

— Corlys levantou o altar depois que tivemos uma criança natimorta — a revelação foi um choque que Alicent consegui esconder bem de sua expressão, ela nunca soube antes que a princesa havia perdido uma criança — Sabe, uma vez eu e Viserys fomos ver uma bruxa, ela previa o futuro.

Alicent grunhiu em ceticismo, ela nunca acreditou nas artes ocultas. Seu próprio pai, que apesar de não ser tão devoto aos deuses, abominava qualquer coisa que não fosse relacionado aos sete. Rhaenys riu de leve, acendendo duas velas pálidas antes de cantar uma pequena frase em vareliano.

— Não somos muito diferentes uma da outra, Alicent Hightower — Rhaenys disse, ambas as mãos unidas e a cabeça inclinada para baixo. Ela não olhava diretamente para Alicent e parecia que não o faria — Nos duas somos mães que foram feridas pelo mesmo punhal. A diferença é que seus filhos ainda estão em seus braços.

A beta inclinou a cabeça e contraiu os lábios em um sorriso forçado, seus filhos estavam ali por mera misericórdia dos deuses. O próprio Meistre foi claro em dizer que não poderia fazer muito por Aemond, ainda mais depois da infecção que o menino adquiriu, sua criança era frágil. Um omega recém apresentado que não tinha muita força e estava passando por seu primeiro cio, tamanha a agonia que seu menino corajoso estava passando por causa de sangue Strong. Por causa dela.

— Por quanto tempo ? — Alicent disse, a raiva parecia estar querendo ressurgir em seu interior — Por quanto tempo terei os meus filhos antes que ela se sente ao trono e decida que apenas o questionamento severo não será o suficiente?

Rhaenys a olhou inexpressivamente antes de erguer uma de suas sobrancelhas pálidas e perguntar com leveza.

— Você ainda a deixará sentar no trono ?

𝐁𝐄 𝐎𝐔𝐑𝐒 - 𝐓𝐇𝐄 𝐇𝐎𝐔𝐒𝐄 𝐎𝐅 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐑𝐀𝐆𝐎𝐍Onde histórias criam vida. Descubra agora