Se eu permanecesse calado
Ainda teria me notado?
E se eu não estivesse sozinho
Seu olhar teria desviado?
Você deveria saber
Não provamos do fruto
Se o colhemos cedo demais
E eu deveria saber
Porque sempre houveram sinais
Se eu não tivesse chorado
Ainda teria se aproximado?
E se eu não tivesse dito “sim”
Você ainda teria tentado?
E se minha tristeza era tão ofensiva
Por que então não afastou
Ao invés de abraçar
Só para apunhalar
Com sarcasmo afiado, o meu pesar
Que você insistia em culpar?
Você conhece todas as maneiras
De me fazer pedir desculpa
Nunca satisfeito
Sempre algo que o insulta
Os outros garotos que você viu partir
Sabem como me fez sentir
Porque você os escondeu
Mas só agora
Vejo claramente
Como você me encolheu
Você vive outras vidas
Tentando compensar tempo perdido
Velho demais para os brinquedos do parquinho
Você pode estar de pé
Na frente de pessoas como eu
Mas a verdade é que você nunca cresceu
Você me viu
Como o sonho da sua adolescência tardia
E eu me tornei seu maior erro
Uma prova da sua ética frágil
E mente sombria
Você, melhor do que eu
Deveria saber
Que os números apontam as disparidades
E eu deveria saber desde o início
Que você sempre seria uma autoridade
Talvez você não pensasse
Talvez não imaginasse
Quanta dor aos dezessete
Eu poderia trazer
Quanto arrependimento
Ou que em algum momento
Eu escreveria sobre você
Mas você deveria saber
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lucas
PoetryEscrevi estes poemas entre os dezesseis e dezoito anos (idade atual). Eles são um resumo da minha vida e de quem eu sou até agora. Vão desde uma adolescência melancólica e repleta de ansiedade até a confusão e o desespero de alguém que acabou de se...
