Megan Jane Scott
៚Olivia é minha melhor amiga, e a única que já tive. Nos conhecemos no dia primeiro de abril, e me lembro perfeitamente. Olivia, uma criança muito sorridente, com um cabelo enorme e talento para fazer as pessoas se contagiarem com seu sorriso, veio até mim no meio da nossa aula de ciências, no quarto ano. Depois daquele dia, começamos a sentar juntas no recreio e a conversar sobre barbies e vários assuntos diversos durante as aulas.
Eu era meio que a esquisita da escola, sabe? Ninguém estava interessado em saber do que eu gostava ou o que eu fazia quando não estava na escola. Olivia, desde o momento em que me notou, se importou em saber sobre meus gostos e muito mais. Dava para ver em seus olhos que não estava só forçando intimidade ou coisa do tipo.
Olivia é a garota que eu mais amo no mundo todo e eu faria de tudo para vê-la feliz, e tenho certeza que o que sinto por ela é a mesma coisa que ela sente por mim. E quando se é melhor amiga de uma pessoa, você faz coisas como essa: Sair do conforto de seu dormitório, ir até uma farmácia, comprar uma pílula do dia seguinte porque sua amiga não tem dinheiro para uma e ir até a arena onde ela treina. Melhores amigas socorrem uma à outra quando não se tem mais ninguém, porque elas confiam uma na outra e não a julgam pelos seus erros. Mas que merda foi essa?
— Não acredito que você transou sem camisinha com Drake Laurince. Ele é tipo, nossa, o cara mais babaca do campus. — cruzo meus braços, andando de um lado para o outro enquanto tento digerir tudo que ela acabou de me explicar.
Chamar para sair? Beijar Drake? É absurdo atrás de absurdo.
— É Lawrence, não Laurince. E achei que o cara mais babaca para você fosse o Vince. — Reviro meus olhos só pela pronúncia desse nome. Olívia, desanimada, passa os dedos cobertos pelo tecido da luva pela lâmina dos patins, tirando alguns resquícios de gelo. — E não me culpe por isso, ok? Sei que fui estúpida e sem responsabilidade alguma.
Suspiro, colocando um pouco do meu cabelo atrás da orelha. Fico triste por ela achar que estou a julgando pelo que fez, não é pela parte de transar sem camisinha, até porque sei que esqueceu no momento e poderia acontecer com qualquer um. É pela parte de ter sido com Drake. Ele pega varias meninas do campus, é um idiota completo e ja até foi preso pelo menos duas vezes na vida. A escolha com quem fazer que foi errada.
— Não estou te julgando. — me abaixo na frente dela, acariciando seu joelho. Olívia se encolhe um pouco mais, sua franja fazendo uma cortina que barra minha visão de seus olhos. Parece mais triste do que quando cheguei. — É só que… o Drake?
— Eu sei, eu sei, mas eu gosto dele, o que posso fazer? — Olivia se levanta e segura minha mão que estava em seu joelho, me puxando para cima. O movimento é leve e suave. — Só aconteceu. Não vou deixar acontecer de novo, pode ter certeza.
Sei que vai, mas dessa vez não sem camisinha. Olivia só erra uma vez com uma coisa, depois nunca mais. Ela sempre foi assim e é uma das coisas que eu mais admiro em sua personalidade, além do fato dela ser super carinhosa, extrovertida e compreensível.
Sorrio para ela, tentando passar tranquilidade, então me inclino para abraçá-la. Não acho que Olivia vá engravidar, tenho certeza de que ela também não, mas o medo é de que ele possa ter passado alguma doença para ela. Nunca se sabe, não é? Eles começaram a sair faz mais ou menos um mês, acho que ainda não tocaram nesse assunto. Mas Drake é um jogador de hóquei, com certeza tem que fazer esses testes. Me afasto de Olivia, sacudindo levemente a cabeça. Não posso pensar essas coisas, mesmo que Drake seja um idiota. Não acho que ele esconderia algo importante assim dela.
Espero ao lado de Olívia enquanto ela tira os patins e o guarda em sua bolsa, em seguida nós duas nos levantamos e começamos a andar até a saída. Temos a má sorte de encontrar Vince entrando com os colegas de time pela porta dupla. E, adivinhem, Drake logo atrás dele.
— Oi. — Lawrence dá um aceno escondido com a mão para Olívia, que só sorri e retribui o gesto. É um lance escondido? Interessante.
O perfume masculino misturado com cheiro de chuva chama minha atenção. Ergo a cabeça levemente em direção a Vince, que fecha ainda mais a cara. Babaca.
— Meg.
— Vince.
E é assim que passamos apressados um pelo outro, o mais rápido possível para ter o menor contato possível. Felizmente, ninguém saiu batendo o pé hoje.
Assim que saímos da arena, o vento gelado que passa sobre nós me faz estremecer. Nem percebi que o tempo estava mudando quando saí de casa, por sorte minha mãe me convenceu a levar um casaco. Liguei para ela mais cedo, mas não conversamos sobre muita coisa porque precisava vir apressada encontrar Liv.
— Merda, tá chovendo.
Olho para cima, algumas gotas de chuva caindo sobre a minha testa. Que ótimo.
— Eu não trouxe guarda chuva. — É um hábito horrível meu: sempre esquecer o guarda chuva quando realmente chove.
— Nem eu, mas um pouco de chuva não faz mal.
Olivia começa a correr em direção ao meu carro, coloco o meu capuz e ando apressadamente atrás dela. Percebo que não estou sentindo muitas gotas de chuva, e o vento não está mais tão forte. Diminuo a velocidade. A chuva só deve piorar mais tarde.
Sinto meu bolso vibrar enquanto estamos cada vez mais próximas da vaga onde estacionei. Não tenho tempo para ver nenhuma mensagem, muito menos atender uma ligação. Preciso dirigir o mais rápido possível até o Rosie, onde trabalho.
— Essa belezura ainda existe? Pensei que estivesse parado de vez. — Olivia solta uma risada enquanto analisa o meu carro velho.
— Nunca. — solto uma risadinha. — O mecânico disse que ainda tinha salvação.
— Que sorte.
— Pois é.
Olho para meu pulso direito onde fica o meu relógio preto. Marca 16:10, preciso correr se quiser chegar a tempo no trabalho.
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O Empate
RomanceMegan, uma mulher que sempre foi decidida sobre o futuro que quer para sua vida e sobre as decisões que sempre teve de tomar, se vê totalmente perdida ao chegar a um nível de estresse esmagador. Com as contas da mãe em suas costas, os deveres da f...