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Megan Jane Scott

O estacionamento está vazio, com apenas três vagas ocupadas: uma com meu carro e as outras duas com vans enormes. Olivia joga sua bolsa no banco de trás, e o carro range. Quando me sento, ele range novamente.

— Você precisa economizar para um carro novo, Jane. — Só ela e minha mãe me chamam de Jane; é meu segundo nome, e acho fofo. Não me incomodo quando elas usam.

— Pois é, eu sei. — Murmurei, fechando a porta com força. — Mas ele ainda aguenta o trampo, tá? — Confiro se está tudo dentro do carro antes de arrancar. Ele range e faz um som terrível antes de finalmente começar a andar.

O caminho de volta ao campus é tranquilo. A chuva aumenta, e é como se fosse música para meus ouvidos. Amo o som da chuva desde que era criança.

O silêncio dentro do carro é tão bom e confortável que acabo me esquecendo de que Olivia ainda está aqui, até ela suspirar ao meu lado. Conhecendo minha amiga como a conheço, ainda deve estar pensando no que aconteceu, provavelmente se culpando.

— Tudo bem? — Dou uma rápida olhada em sua direção. — Você sabe que a culpa não foi só sua, né? — Tento lembrá-la.

Uma coisa negativa sobre Olivia: ela se culpa 90% das vezes por tudo que aconteceu, mesmo que cinquenta por cento da culpa seja da outra pessoa.

— Sim. Só preciso de um tempo sozinha quando chegarmos ao dormitório, colocar a cabeça no lugar e pensar no que fazer.

Estendo minha mão para um carinho leve em sua mão, que é retribuído com um sorriso cansado e outro carinho na palma da minha mão. Volto a dirigir quando o sinal fica verde e não toco mais no assunto.

— Eu vou trabalhar hoje, então você vai ter bastante tempo para ficar sozinha. — Digo, relutante. Sei que Liv vai brigar comigo, mas o que posso fazer? Preciso de dinheiro e isso não cai do céu.

Não contei ainda a novidade para ela, mas é assim que acontece entre nós: se temos algo a dizer, simplesmente dizemos, sem rodeios. Deve ser por isso que nossa amizade continua tão forte — nada de segredos.

— Ah, não, Jane. — Sua voz tem um tom rígido, e sei que ela só está se preocupando comigo. Minha mãe também adotou esse tom quando falei com ela, semana passada, sobre estar pensando em voltar a trabalhar.

— Eu sei, eu sei o que você vai dizer, ok? — Me adianto. Olivia suspira pesadamente. — Eu preciso trabalhar. Não posso ficar parada.

— E você também precisa estudar, não pode ficar parada quanto a isso. Você lembra como era quando você trabalhava? Acúmulo de trabalhos...

— Eu sei, tudo bem? Mas agora é menos tempo. Eu vou me acostumar e conseguir conciliar tudo. Confia.

O silêncio que se instala no carro começa a me incomodar. Olho para Olivia quando o sinal fica vermelho; ela parece desconfiada. Depois de alguns segundos, nós duas começamos a rir. Olho para a frente novamente, parando de rir aos poucos. O sinal fica verde, e percebo que estamos quase chegando.

Nem mesmo eu sei se confio em mim. Comecei a trabalhar no primeiro ano da faculdade. No início, era fácil: estudava das oito às três, fazia trabalhos e outros afazeres à tarde, e trabalhava das cinco à meia-noite. Às vezes, o café não era o bastante para me ajudar a ficar acordada na aula, então sempre tinha algum chiclete ou energético na bolsa. Tenho certeza de que não é muito saudável.

O motivo pelo qual comecei a trabalhar, para início de conversa, foi para ajudar minha mãe. O aluguel ficou cada vez mais caro nos últimos anos, e minha mãe não consegue se manter sozinha. Voltar a trabalhar ou não não é uma escolha que eu tenha muita opção, e ficaria mais do que feliz em ajudar minha mãe, mesmo que isso me faça ficar exausta 50% do tempo.

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