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Megan Jane Scott

Encaro o teto do meu quarto enquanto faço uma lista mental do que planejei para hoje:

1- Acordar uma hora mais cedo.
2- Tomar café da manhã.
3- Ir às aulas.
4- Me exercitar.
5- Aprender uma receita nova.
6- Estudar.
7- Comer.
8- Dormir.

Vendo agora, não me parece nada agradável. A única coisa que quero fazer é me enterrar na cama, desmaiar de sono, e não acordar mais. Mas, no momento em que fecho meus olhos para tentar dormir mais um pouco, ouço a porta ao lado bater com força contra a parede, fazendo um som terrivelmente alto.

Levanto num pulo, quase que no automático. Abro a porta do meu quarto com o cuidado que Olívia não teve com a dela, e espero que tenha um bom motivo para a marca que provavelmente vai ficar na parede.

Assim que entro no banheiro, vejo uma cena terrível: Olivia segura o próprio cabelo, e eu me aproximo para ajudá-la. Acaricio suas costas enquanto ela coloca para fora tudo que comeu na noite anterior.

— Um pano, por favor — pediu, com a voz fraca. Volto em um segundo, segurando um pano úmido e um copo d'água. Não sei do que mais ela pode precisar, então apenas me sento ao seu lado, acariciando suas costas enquanto seguro seu cabelo.

Depois de algum tempo, Olivia consegue ficar mais de cinco minutos sem vomitar. Levanto com cuidado, segurando o pano sujo com apenas dois dedos.

— Vou colocar isso para lavar e pegar outro. Tem certeza de que não sabe o que te fez mal? — pergunto, franzindo o cenho, tentando lembrar de algo ruim que ela possa ter comido na noite passada. Não me lembro de nada, e Olivia e eu quase sempre comemos a mesma coisa.

Liv levanta a cabeça com cuidado, me olhando com uma expressão nada boa. Não faço ideia do que esteja pensando, mas parece se lembrar de algo nada agradável.

— Talvez eu esteja grávida.

O pensamento é tão absurdo que sou obrigada a rir.

Olivia se senta na minha cama enquanto eu ando de um lado para o outro, pensando nas possibilidades. É possível? Sim, não é? Nem sempre a pílula do dia seguinte é eficaz. Mas pode ser só uma gripe, um mal-estar que não tem nada a ver com gravidez. Olho para o meu relógio em cima da mesinha, perto da minha cama — ainda falta uma hora para o horário em que costumo acordar.

— É possível, Megan — Olivia suspira. — Acho que já aceitei.

— Não é essa a questão — digo, sentando ao seu lado e a envolvendo num abraço carinhoso. — É como ele vai reagir se você realmente estiver grávida. — Sinto quando seus ombros ficam tensos, aumentando minha preocupação. Olivia não demonstrou relutância em relação a Drake, exceto agora.

— Drake disse que quer ter uma família, mas não tão cedo — ela suspira novamente, fechando os olhos e encostando a cabeça no meu ombro. — Me odeio por não ter sido mais cuidadosa.

— Não diga isso — repreendo. Foi um erro, mas aconteceu, e Olivia não deveria se culpar. Os dois tiveram responsabilidade. — A culpa não foi só sua; Drake também não se lembrou. Não se esqueça disso, tudo bem? — Aperto levemente seu ombro, e ela apenas concorda com a cabeça, segurando minha mão junto à sua.

Ficamos assim, em silêncio e abraçadas até às sete da manhã, quando nos sentimos obrigadas a nos levantar e nos arrumar para a aula.

Posso mandar minha lista para o inferno, porque tenho certeza de que nem metade do que planejei será feito.

— Vou pedir para Drake comprar um teste. O que você acha?

Enquanto pego minhas coisas, penso alguns segundos antes de responder. Apesar de Drake também estar envolvido, será uma boa ideia contar a ele que Olivia suspeita de uma gravidez? Não o conheço o suficiente para prever sua reação e, depois do que aconteceu no restaurante, não sei como ele pode reagir. Homens são horríveis.

— Jane?

— Ah, sim, desculpe. Ele deveria comprar para você. Mas acha que é uma boa ideia contar que suspeita de uma gravidez?

— Não acho que teria problema. Confio nele. — Liv, distraída, gira as chaves da minha lata velha no dedo indicador. — Ainda não me sinto bem.

Dá para perceber. Olivia geralmente fala muito, sorri demais e está sempre saltitando por aí. Agora parece uma pessoa totalmente exausta. Mas o que poderíamos esperar? Ela vomitou tanto há quase duas horas.

— Teve algum outro sintoma? — pergunto enquanto pego as chaves de sua mão e abro a porta do nosso dormitório, que já estava destrancada.

— Sim. Meus seios estão mais sensíveis, mas até então pensei que não fosse nada. Isso acontece quando estamos perto de menstruar.

— Verdade.

— Mas quando me levantei e percebi que ia vomitar… — Liv fecha a porta atrás de nós e me segue pelos corredores até estarmos descendo as escadas. — As coisas fizeram sentido, sabe?

— Talvez você ainda possa menstruar este mês, mesmo que esteja quase no final, e não seja nada, mas ter uma confirmação seria melhor. Peça o teste.

— Vou pedir, obrigada. — Ela sorri, apesar de cansada, é radiante como costuma ser. Essa é a Olívia que conheço.

Caminhando pelo campus, confiro minhas mensagens. Algumas de Olivia, três da minha operadora e... Dez da minha mãe. Rapidamente, disco o número dela no aplicativo de contatos e inicio uma ligação. Depois de chamar umas três vezes, minha mãe atende, mas não diz nada, o que só aumenta minha preocupação. Sua respiração alta e pesada do outro lado da chamada parece indicar que está irritada, mas não consigo imaginar o motivo.

— Mãe? Está tudo bem? — Pergunto, segurando o telefone entre minha bochecha e o ombro direito enquanto abro o portão do prédio. — Mãe? — chamo novamente, mas só recebo silêncio em resposta. Meu coração dispara, e sinto o peso da culpa por não ter respondido mais cedo. — Se está brava, só me diga — começo a subir os degraus.

— Não... eu estava um pouco preocupada. Você acabou de sair da sua última aula, não é?

Porra, ela está muito brava. Dá para perceber pelo tom de voz; mamãe não costuma ser assim comigo. Franzo o cenho, mordendo o lábio inferior enquanto tento pensar em algo que possa ter feito de errado. Não me lembro de nada.

— Fiz algo de errado? A senhora parece brava.

Então, direta como sempre, minha mãe revela o motivo:

— Você não me mandou merda de dinheiro nenhum, Megan.

Assustada com seu tom rude, paro de andar abruptamente. Encaro a porta do meu dormitório, sentindo uma onda de vergonha tomando conta do meu corpo. Vergonha? Vergonha de quê? Não deveria me sentir assim, mas é o que sinto, como se uma febre consumisse todo o meu corpo.

— Eu...

— Não quero desculpas, não preciso disso. Eu te criei por anos, e é assim que me trata? Esquece de pagar o aluguel? — Sua risada é cruel, e de repente, não reconheço a minha mãe de dois dias atrás. — Vou ser despejada.

— O quê? — pergunto, indignada. Como assim despejada? Voltei a trabalhar como uma vagabunda para mandar tudo o que ganho para ela. — Como assim? O aluguel deveria estar em dia. Recebo mês que vem e mando o dinheiro do próximo mês, porque já mandei o deste. Você não pagou? Lembra que te dei todo o meu dinheiro guardado para o caso de não conseguir voltar ao trabalho de garçonete? Como você…

— Ah, meu Deus! Fique quieta, Megan, não consigo pensar com você tagarelando. — Imediatamente fecho a minha boca.

Ela deve ter gastado todo o dinheiro em besteira, penso. Não, retiro o pensamento. Minha mãe nunca faria isso, nunca desperdiçaria o dinheiro que mando para o aluguel. Ela sabe o quanto sempre foi difícil equilibrar meus estudos e trabalho. Minha mãe não é assim, não é como meu pai.

— Mãe? Preciso de uma explicação — murmuro.

— E sabe do que eu preciso? De dinheiro, Megan. E não tenho nada na minha conta. É bom resolver isso antes que eu esteja na rua.

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