peter pan

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Peter Pan estava encostado em uma árvore antiga da Floresta Encantada, com os olhos fixos em algo à sua frente

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Peter Pan estava encostado em uma árvore antiga da Floresta Encantada, com os olhos fixos em algo à sua frente. Seu semblante, sempre carregado de uma mistura de travessura e mistério, suavizou-se por um breve instante ao avistar Lia caminhando lentamente em sua direção.

Ela tinha aquele olhar determinado que ele conhecia tão bem. Lia nunca foi como os outros. Ao contrário dos garotos perdidos que o seguiam sem questionar, ela sempre fazia Peter parar e refletir. Não que ele fosse admitir isso em voz alta.

"Você sumiu por horas, Peter," Lia disse, cruzando os braços e o encarando de forma desafiadora.

Peter arqueou uma sobrancelha, um sorriso meio torto se formando em seus lábios. "Sentiu minha falta, então?" Ele sabia o efeito que suas palavras podiam ter sobre as pessoas, e gostava de brincar com isso. Mas com Lia, era sempre diferente. Ele não conseguia prever o que ela diria ou faria a seguir.

Ela bufou e se aproximou mais, seus passos leves e firmes. "Você nunca avisa quando some. Já deveria saber que não gosto de surpresas, especialmente quando envolvem você."

Peter riu de leve, jogando a cabeça para trás. "Ah, mas a vida seria tão chata sem surpresas, Lia. Você precisa aprender a se divertir um pouco mais." Ele esticou a mão para ela, convidando-a a se sentar ao seu lado.

Lia hesitou por um momento, mas aceitou o convite, sentando-se ao lado de Peter. Eles ficaram em silêncio por alguns minutos, apenas ouvindo os sons da floresta ao redor. Era sempre assim entre eles: uma combinação estranha de tensões e silêncios confortáveis. Peter gostava disso, gostava de como Lia parecia entender a dualidade entre caos e calmaria que existia dentro dele.

"Você sabe que um dia, tudo isso vai acabar, não sabe?" Lia falou de repente, sua voz suave, mas carregada de um peso que ele não esperava.

Peter olhou para ela, sem entender de imediato o que Lia estava tentando dizer. "O que vai acabar?"

"Neverland. Esse... esse seu jogo de manter todo mundo preso aqui. Isso não vai durar para sempre." Ela virou o rosto para encará-lo, seus olhos firmes encontrando os dele.

Por um momento, Peter sentiu-se vulnerável. A ideia de perder Neverland, de perder a sensação de poder e controle que tinha ali, era algo que ele preferia não pensar. Mas, mais do que isso, a ideia de perder Lia o atingiu de forma inesperada.

"Eu controlo o tempo, Lia. Aqui, nada precisa mudar, nada precisa acabar. É assim que eu gosto."

Lia sorriu, mas era um sorriso triste. "Nem tudo está sob seu controle, Peter. Não as pessoas. E não eu."

Peter ficou em silêncio, o peso das palavras dela pairando sobre ele. Lia sempre teve essa habilidade de quebrar suas barreiras, de fazê-lo questionar coisas que ele nunca permitiria que ninguém mais questionasse.

Ele se aproximou dela, seus dedos deslizando pelo braço dela de forma suave, mas possessiva. "Você não vai me deixar, Lia," ele sussurrou, com uma confiança que parecia inabalável, mas Lia sabia que, no fundo, havia um toque de medo ali. "Eu não vou deixar."

Ela suspirou, inclinando-se para o lado dele, repousando a cabeça em seu ombro. "Não se trata de você deixar ou não, Peter. Às vezes, as coisas simplesmente acontecem. As pessoas mudam."

"Eu não mudo," ele disse rapidamente, quase como uma defesa automática. "Eu sou Peter Pan. Eu sou eterno."

Lia fechou os olhos por um momento, sentindo o calor do corpo dele contra o dela. Ela sabia que, por mais que Peter acreditasse nisso, havia algo profundamente humano nele, algo que ele escondia atrás da fachada de imortalidade e poder. "Talvez seja isso que me assusta."

Peter franziu a testa. "O que você quer dizer?"

"Você sempre vai ser o mesmo. Sempre vai querer ficar aqui, preso em Neverland, brincando de líder. Mas eu... eu não sei se quero isso para sempre, Peter."

Aquelas palavras perfuraram algo dentro dele, algo que ele não sabia que poderia ser atingido. A ideia de Lia indo embora, de escolher outra vida além de Neverland, era insuportável. "Você não quer ir embora. Eu sei que você não quer."

Ela abriu os olhos e o encarou. "Eu não quero agora. Mas um dia, talvez eu queira."

Peter apertou a mandíbula, o lado controlador dele começando a emergir. "Eu não vou deixar."

Lia riu suavemente, sem se mover do lugar. "Você não pode me forçar a ficar, Peter. Não com o coração."

Ele a olhou por um longo momento, sem saber o que dizer. Ela estava certa, é claro. Ele podia controlar muitas coisas em Neverland, mas os sentimentos de Lia... esses ele não conseguia dominar. E isso o aterrorizava.

Sem pensar, ele inclinou-se e a beijou. O beijo era intenso, cheio de urgência e um desejo quase desesperado de mantê-la ali, ao lado dele, para sempre. Lia correspondeu por um momento, sentindo a intensidade dos sentimentos dele, mas logo se afastou, colocando as mãos no peito dele.

"Peter," ela sussurrou, os lábios ainda próximos dos dele. "Você não pode me segurar assim."

Ele ficou em silêncio, observando-a, tentando decifrar o que viria a seguir.

Lia sorriu suavemente, tocando o rosto dele com delicadeza. "Eu não vou embora agora. Mas eu preciso que você entenda que um dia, talvez... talvez eu tenha que partir."

Peter desviou o olhar, incapaz de encarar a realidade que ela estava lhe impondo. "Eu nunca vou te deixar partir, Lia. Nunca."

Ela não disse mais nada, apenas o abraçou, sentindo o calor do corpo dele contra o seu. Por mais que soubesse que Peter era complexo, às vezes um tanto sombrio, ela o amava. E isso era suficiente, por enquanto.

O sol começou a se pôr no horizonte, tingindo a floresta com um tom dourado suave. Eles ficaram ali, em silêncio, abraçados, cada um perdido em seus próprios pensamentos. Lia sabia que o futuro era incerto, mas naquele momento, estar com Peter era o que importava.

Peter, por outro lado, só conseguia pensar em como manter Lia em Neverland para sempre, mesmo sabendo, lá no fundo, que o tempo eventualmente mudaria as coisas – até mesmo para alguém como ele.

Mas ele não ia desistir. Não ia perder. Afinal, ele era Peter Pan. E Peter Pan nunca perde.

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