1 - Acordando

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É minha primeira fic, sejam bonzinhos comigo. Depois de muito tempo de hiatos, eu finalmente estou reescrevendo.

🐱 Yoon

Eu me mexo na cama, sinto cada músculo reclamar. Cogito voltar a dormir, mas talvez, esteja dolorido justamente por estar dormindo demais. Acontece com frequência. Meus olhos estão inchados, lutando contra a ideia de abrir, como se fosse uma tarefa muito difícil. Ainda de olhos fechados, sento na beirada da cama. Minhas pálpebras ficam avermelhadas, indicando que deve haver uma janela ali.

Levanto e sigo em direção a luz, aguardando meus olhos admitirem que precisarão abrir e meu cérebro que terá que acordar. Ele e meu lobo competem pra ver quem demora mais pra aceitar que não vamos voltar a dormir. Nenhum dos dois parece ter pressa.

Fico debruçado na janela, até que meus olhos se dão por vencidos e posso admirar a paisagem enquanto aguardo a cabeça funcionar. A vista do quarto tem um belo gramado com alguns pontos floridos. Não sinto o cheiro direito, o que significa que mais do que sonolento, Nun está completamente apagado.

Um gato aparece no peitoril da janela, saltando com a leveza e a indiferença que apenas felinos conseguem ter. Ele parece me analisar, cheira minhas mãos e se deita fazendo um ronronar gostoso.
Lá fora, no gramado e em uma calçada distante, vejo pessoas passeando com roupa de hospital. O pensamento vem como um tiro: onde diabos eu estou?

É estranho. Um momento atrás, tudo parecia fazer sentido, mas agora que reparo no ambiente, percebo que estou em um hospital e não tenho ideia de como cheguei aqui. Tento lembrar do dia anterior. O que eu fiz para estar aqui?

A primeira lembrança que surge é de um prédio em chamas, muita fumaça e gritos. Um prédio de quatro andares e um corredor com vários apartamentos. O fogo já havia tomado o terceiro andar e estava se alastrando para o quarto. Lembro de descer com uma criança nos braços e chamar a maca para outras pessoas que ainda estavam lá dentro.

"Bom dia, Dory, assistiu muito procurando Nemo pelo visto."

Reviro os olhos para Nun, logo unindo as sobrancelhas tentando me lembrar do que veio depois. A imagem da mãe da garota me agradecendo surge em minha mente. Ela me visitou várias vezes depois, sempre levando algo, como forma de agradecimento.

"Saudades daquele bolo... Ninguém mais no mundo faz um bolo de tangerina como aquele"

"Você podia me ajudar né? Já entendi que não foi nesse incêndio..."

Nun suspira dramaticamente. "Nossa, sua cabeça tá mais lerda que o normal. Não foi em incêndio nenhum."

Então eu me toco, realmente não foi em um incêndio. Pelo menos não como bombeiro. Coloco a mão no ombro e lembro o quanto tinha machucado e como foi difícil largar o corpo de bombeiros... mas era necessário.

Eu estava me encaminhando como produtor e letrista. A música sempre foi um amor para mim, um hobby pelo qual eu nutria enorme paixão e decidi tentar seguir de forma profissional. Estava mais focado no rap, mas foi como letrista que tive boas oportunidades.

Solto um sorriso, lembrando de como estava feliz com essa escolha. A música era muito especial para mim, de um jeito que nada mais conseguia ser.

"Desculpa te tirar do seu momento Puff AmiYumi, mas você precisa lembrar de como meteu a gente aqui" - Nun interrompe com a voz numa falsa seriedade.

Preso dentro de mimOnde histórias criam vida. Descubra agora