— Aceita um café?
O garoto sorriu sem mostrar os dentes, com um último impulso de energia, assentiu, tomando a xícara quente das mãos da enfermeira chefe, por pouco não derramando o líquido. Suas mãos estavam trêmulas, assim como suas pálpebras, lutando para permanecerem firmes. O aroma forte do café revigorava boa parte de seu corpo, mas não era suficiente para afastar absolutamente todo o cansaço de um plantão agitado.
A mulher riu ao notar o desespero silencioso, retribuindo em um sorriso reconfortante, ao mesmo tempo, preocupada. Sabia que essa rotina movimentada era extremante comum entre profissionais da saúde, mas sentia o garoto passar um "pouco" do ponto, na maioria das vezes. Ele precisava de um tempo para se recompor.
— Vá descansar, eu cuido do resto, ok? — pediu gentilmente, vendo-o lutar contra o sono. Levou uma de suas mãos aos cabelos escuros e sedosos do (nem tão) pequeno garotinho de um metro e oitenta, depositando leves afagos, em forma de consolo e aconchego. Vê-lo era como ter a presença de seu filho, que há muitos anos não a visitava. Portanto, seu carinho e compreensão sempre foram incondicionais. Não atoa, fora promovida à chefe dos enfermeiros da ala infantil há mais de cinco anos atrás, sempre fazendo o possível e impossível para coordenar da melhor forma toda a equipe, preocupando-se não apenas com o bem-estar dos pacientes, como também de todos os funcionários. — Vamos, Hanbin, ande!
Por alguns segundos, o enfermeiro permaneceu estático, seus olhos quase se fechando junto ao embalo de seu corpo fragilizado. Ao sentir o toque sutil em seu ombro direito, um arrepio percorreu por toda a extensão de seus braços, obrigando-o a despertar pelo breve susto inofensivo. Sua sensibilidade era facilmente atacada quando sonolento.
— Hm? — resmungou, desnorteado. Logo sentiu seus músculos serem puxados contra sua vontade entre os corredores vazios do hospital, seguindo um caminho que nem pôde se dar o trabalho de processar. Quando se deu conta, já estava sob as mantas finas e brancas, deitado na parte debaixo da beliche da sala de repouso dos funcionários. — Sra. Lee? — murmurou, a voz baixa quase engolida pelo silêncio.
Nenhuma resposta.
O silêncio da sala pesava, e Hanbin sentiu os últimos vestígios de energia esvaírem-se. Cedeu ao sono sem mais resistência, permitindo que o corpo finalmente repousasse após um dia que parecia não ter fim. Dias como aquele, em que a linha entre cuidar e desmoronar se tornava fina demais, deixavam-no fragilizado. Em algum ponto entre o sono e a vigília, seus pensamentos começaram a se apagar, substituídos pelo cansaço físico e mental que era parte de sua rotina.
Foi então que ele ouviu.
Uma melodia suave, quase imperceptível no início, cortou o silêncio. O som de um violino, distante e abafado, alcançou seus ouvidos como um sopro de alívio. Hanbin não sabia de onde vinha aquele som, nem sequer tinha forças para abrir os olhos e tentar descobrir. Mas algo naquela melodia o tocava profundamente, como se estivesse sintonizada com a exaustão de sua alma, trazendo-lhe um conforto inesperado. A música parecia envolvê-lo, carregando suas preocupações para longe, permitindo-lhe descansar de uma maneira que não fazia há muito tempo.
Por um breve momento, tudo ao seu redor sumiu — os corredores movimentados, os sons de máquinas e os murmúrios do hospital. Restava apenas a música, que o embalava em um refúgio silencioso. E, pela primeira vez naquele dia, Hanbin sentiu-se verdadeiramente em paz.
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I Melody You [HAOBIN]
Fiksi PenggemarSung Hanbin é um dedicado enfermeiro da ala infantil do Hospital Universitário de Seul, onde, todos os dias, enfrenta desafios que testam sua força emocional. Por sorte, encontra um alívio nas serenas melodias do misterioso violinista, cuja visita q...