⋅ ✦ ⋅ 𝒑𝒓𝒐𝒍𝒐𝒈𝒖𝒆 ⋅ ✦ ⋅

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— Aceita um café?

O garoto sorriu sem mostrar os dentes, com um último impulso de energia, assentiu, tomando a xícara quente das mãos da enfermeira chefe, por pouco não derramando o líquido. Suas mãos estavam trêmulas, assim como suas pálpebras, lutando para permanecerem firmes. O aroma forte do café revigorava boa parte de seu corpo, mas não era suficiente para afastar absolutamente todo o cansaço de um plantão agitado.

A mulher riu ao notar o desespero silencioso, retribuindo em um sorriso reconfortante, ao mesmo tempo, preocupada. Sabia que essa rotina movimentada era extremante comum entre profissionais da saúde, mas sentia o garoto passar um "pouco" do ponto, na maioria das vezes. Ele precisava de um tempo para se recompor.

— Vá descansar, eu cuido do resto, ok? — pediu gentilmente, vendo-o lutar contra o sono. Levou uma de suas mãos aos cabelos escuros e sedosos do (nem tão) pequeno garotinho de um metro e oitenta, depositando leves afagos, em forma de consolo e aconchego. Vê-lo era como ter a presença de seu filho, que há muitos anos não a visitava. Portanto, seu carinho e compreensão sempre foram incondicionais. Não atoa, fora promovida à chefe dos enfermeiros da ala infantil há mais de cinco anos atrás, sempre fazendo o possível e impossível para coordenar da melhor forma toda a equipe, preocupando-se não apenas com o bem-estar dos pacientes, como também de todos os funcionários. — Vamos, Hanbin, ande!

Por alguns segundos, o enfermeiro permaneceu estático, seus olhos quase se fechando junto ao embalo de seu corpo fragilizado. Ao sentir o toque sutil em seu ombro direito, um arrepio percorreu por toda a extensão de seus braços, obrigando-o a despertar pelo breve susto inofensivo. Sua sensibilidade era facilmente atacada quando sonolento.

— Hm? — resmungou, desnorteado. Logo sentiu seus músculos serem puxados contra sua vontade entre os corredores vazios do hospital, seguindo um caminho que nem pôde se dar o trabalho de processar. Quando se deu conta, já estava sob as mantas finas e brancas, deitado na parte debaixo da beliche da sala de repouso dos funcionários. — Sra. Lee? — murmurou, a voz baixa quase engolida pelo silêncio.

Nenhuma resposta.

O silêncio da sala pesava, e Hanbin sentiu os últimos vestígios de energia esvaírem-se. Cedeu ao sono sem mais resistência, permitindo que o corpo finalmente repousasse após um dia que parecia não ter fim. Dias como aquele, em que a linha entre cuidar e desmoronar se tornava fina demais, deixavam-no fragilizado. Em algum ponto entre o sono e a vigília, seus pensamentos começaram a se apagar, substituídos pelo cansaço físico e mental que era parte de sua rotina.

Foi então que ele ouviu.

Uma melodia suave, quase imperceptível no início, cortou o silêncio. O som de um violino, distante e abafado, alcançou seus ouvidos como um sopro de alívio. Hanbin não sabia de onde vinha aquele som, nem sequer tinha forças para abrir os olhos e tentar descobrir. Mas algo naquela melodia o tocava profundamente, como se estivesse sintonizada com a exaustão de sua alma, trazendo-lhe um conforto inesperado. A música parecia envolvê-lo, carregando suas preocupações para longe, permitindo-lhe descansar de uma maneira que não fazia há muito tempo.

Por um breve momento, tudo ao seu redor sumiu — os corredores movimentados, os sons de máquinas e os murmúrios do hospital. Restava apenas a música, que o embalava em um refúgio silencioso. E, pela primeira vez naquele dia, Hanbin sentiu-se verdadeiramente em paz.

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⏰ Última atualização: Oct 23 ⏰

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I Melody You [HAOBIN]Onde histórias criam vida. Descubra agora