A visão de Leo começa a vacilar,indo e vindo. O zumbido em seus ouvidos estava ficando mais alto.A dor em sua cintura, o local onde sua mão estava fazendo pressão para estancar -ou pelo menos tentar- o sangue, o corte doía e ardia para um caralho. O garoto precisou se escorar em uma das árvores para que não caísse. Leo precisou respirar fundo para criar coragem para voltar a caminhar em direção ao bunker 9.
Demorou um pouco e foi complicado juntar forças para abrir a porta do bunker, o mesmo já estava fraco e usar o próprio poder o esgotava mais e nem sempre ele conseguia utilizá-lo,mas por sorte conseguiu.
Leo se apoiou na mesa mais próxima a porta. Sua vista vacilou novamente, e o zumbido cessou e seu ouvido parecia estar debaixo d'água, parecia estar com um tampão.
O garoto leva a mão até seu cinto e tenta sacar algumas ataduras, tirando e colocando do as em cima da mesa. A mão percorreu a mesa atrás da caixa de primeiro socorros que ele havia deixado ali da última vez que esteve lá, assim que a encontrou puxou para perto e a abriu, sacando um vidrinho que ele pedia aos deuses para ser álcool. A visão falhou mais uma vez e Leo teve que parar o que estava fazendo e tentando controlar a visão.
Assim que a visão "estabilizou",Leo puxou os suspensórios e começa a abrir os botões da camisa branca já manchadas de sangue. Som de passos são escutados, fazendo o mestiço levantar a cabeça e procurar o dono do som,mas não vê ninguém, apenas sua visão falhando novamente. Leo leva a mão para tirar a camiseta e escuta leve batidas na mesa, batidas repetitivas, que leva um tempo para o mesmo compreender que se tratava de um código morse e conseguir descifra-lo, "¿estás bien mi hijo?". o filho de Hefesto leva o olhar para a mesa procurando de onde vinha o som, assim encontrando as mãos e um pedaço do braço sujo de graxa. Os dedos voltaram a tocar a mesa fazendo o mesmo código "¿estás bien mi hijo?". Leo responde em codigo morse "si mama" e cria coragem para subir o olhar,onde encontra o rosto de sua mãe,cabelos cacheados presos em um coque mal feito,o rosto sujo de graxa, os olhos castanhos doces,a habitual jardineira surrada e suja de graxa e a camiseta verde já desbotada.
-¿mama?
Mais uma vez as batidas são escutadas, desta vez formando outra frase "¿necesita de ayuda?".
-No,mira cómo aprendí a cuidarme
Leo leva a mão para poder tirar a camiseta para poder mostrar a mãe como ele cuida da ferida,mas sua vista falha novamente,indo e vindo, sua mãe fica loira e está próxima demais de si,mas uma vez a vista vacila desta vez demorando para voltar, assim sentindo seu corpo se desequilibrar e dar uma leve tombada mas braços o segura, sua vista volta mas logo apaga de novo,desta vez sem voltar.
Leo viu sua mãe, sentiu seus braços o envolvendo em um abraço doce,confortável e nostálgico O carinho em seus cabelos, os dedos mexendo em seus cachinhos. O garoto não queria sair dali,queria que aquilo fosse real e não apenas uma ilusão pelo fato de estar prestes a morrer. O garoto se sentiu tão bem naquele abraço,tão nostálgico. Era como se nada do acontecimento de quando tinha 8 anos tivesse acontecido, ou era como se ele voltasse a ter anos e tivesse caído e ralado o joelho.
Em um certo momento Leo foi puxado daquele conforto que o braços da mãe o dava.Em um baque acordou,os olhos abrindo e demorando para a vista se acostumar com o escuro, assim que se acostumou o garoto tenta olhar em volta para ver se descobria onde estava,pois não parecia estar no bunker 9, e estava deitado em um cama macia, estava confortável,mas a dor em sua cintura novamente se fez presente, o fazendo soltar um leve resmungo,logo sentindo um aperto em sua mão.
Movendo os olhos depois de se acostumar com o escuro,ele pode notar Piper sentada em uma poltrona e Jason sentado em uma cadeira perto de sua cama,com a cabeça deitada perto de seu braço enquanto segurava sua mão,ambos dormiam. Um sorriso bobo aparece nos lábios,mas logo um sentimento de culpa tomou conta de si, ele havia se escondido no bunker 9 especificamente para não preocupar seus amigos,ele achou que saberia cuidar de si e do ferimento,mas aparentemente falhou.
Leo sente um aperto mais forte em sua mão,logo descendo o olhar e vendo os olhos azuis de Jason o encarava,parecia aliviado pelo amigo ter acordado,um carinho é depositado em sua mão. Os olhos nunca se desviando,Jason parece ter medo de desviar o olhar e quando voltar Leo não está mais ali ou ainda estar desacordado, o filho de Hefesto compreende e não desvia o olhar, o contato dos dois só foi quebrado quando o cansaço tomou conta e Hypnos o puxou para o mundo dos sonhos,Leo sendo o primeiro e Jason logo depois, mas o contato entre as mãos não foi quebrado.